Como forma de premiar pessoas negras que tenham se destacado por suas ações e serviços relevantes no combate ao racismo e na promoção da igualdade racial em Montes Claros, o Conselho Municipal da Igualdade Racial, em parceria com a Prefeitura de Montes Claros, através da Coordenadoria de Igualdade Racial da Secretaria de Desenvolvimento Social, homenageará 12 personalidades com a comenda Joaquim Nagô.

A entrega das medalhas acontecerá na próxima quarta-feira, 29, no auditório da Câmara Municipal de Montes Claros, em comemoração ao Dia Municipal Joaquim Nagô de Combate à Discriminação Racial, que é celebrado em 30 de Maio, data instituída oficialmente pela lei no 5.572, de 23 de Junho de 2023, que faz referência à morte de Joaquim Nagô, escravo que foi enforcado em praça pública no Arraial das Formigas (atual Montes Claros), por um crime que não cometeu.
“O Dia Municipal Joaquim Nagô de Combate à Discriminação Racial é importante para relembrarmos as fases perversas do racismo no nosso município, e, consequentemente, lutarmos para que a discriminação racial, que perdura até os dias de hoje, seja totalmente erradicada”, comentou o presidente do Conselho Municipal de Igualdade Racial e responsável pela Coordenadoria Municipal de Igualdade Racial, José Gomes Filho.
Os homenageados com a Medalha Joaquim Nagô serão:

Silvana Dias Oliveira, professora da educação básica de Montes Claros
Hilário Bispo da Fonseca, representante do Movimento Negro
Auricélio Anselmo da Silva, advogado representante da 11° Subseção da OAB/MG
Irmã Judite Gomes de Jesus, representante da Igreja Católica
Pastor Eduardo Correia Neves, representante da Igreja Evangélica
Pai Adriano Barbosa, representante do Candomblé – Santos (Tatetu Dilukaia)
Micaela Guimarães Miguel, representante da Juventude
Eli-Isabel Rodrigues Santana, representante do movimento social
Mestre Sidney Alves da Silva, representante dos capoeiristas
Josilene Dali Ramos, representante da polícia penal
Beatriz Aparecida Souza Ferreira, representante das mulheres negras
Fábio Ferraz, representante dos servidores públicos municipal de Montes Claros

História
Joaquim Nagô, ou Joaquim Africano, foi um jovem escravo natural de Nagô, África. Ele foi acusado sem qualquer prova, “por ouvir dizer”, de assassinar, a 22 de abril de 1835, Joaquim Antunes Ferreira (ou d’Oliveira), em São José do Gorutuba. Joaquim Nagô negou sistematicamente a autoria, mas foi a júri popular, sendo condenado à forca,
pena cumprida em 26 de março de 1836, nas cercanias do atual Café Galo, onde foi montado o patíbulo.
Durante a execução, a corda se partiu duas vezes, sendo preciso o carrasco se utilizar de um forte laço de couro ensebado, buscado em sua casa. Impressionados com as quebras seguidas da corda, o público pediu clemência para o condenado, em vão. Anos depois, em Diamantina, um tropeiro agonizante confessou a autoria do crime atribuído a
Joaquim Nagô.
Em 1941, em virtude do serviço de pavimentação na rua Governador Valadares, o prefeito à época, Antônio Teixeira de Carvalho, mandou desenterrar os restos dos troncos da forca, que ficava precisamente em frente ao atual prédio de número 66. Após a abolição da pena de morte, o patíbulo foi serrado e seus tocos se espalharam pelo chão, ficando enterrados com o passar do tempo.
Ato contínuo, Teixeira de Carvalho determinou que os tocos fossem guardados na Prefeitura, com a finalidade de fazerem parte do futuro Museu Municipal de Montes Claros. Segundo o historiador Hermes de Paula, Joaquim Nagô foi o primeiro condenado executado no local.

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