Trabalhadores que tinham carteira assinada e com curso superior viram camelôs
 Há décadas a gente ouve a classe média reclamando dos camelôs nas calçadas.

Desde o velhissimo chororô dos comerciantes – “eles não pagam imposto” – até as senhoras que reclamam de estarem estorvando a passagem.

Contra eles, nunca falta polícia: o famoso rapa, com seus bastões e caminhonetes, arrastando as pobres bugigangas que lhes garantem a sobrevivência.

Daiane Costa, em O Globo, mostra que a crise e o receituário neoliberal atiraram, em 2 anos, mais 200 mil brasileiros para esta condição de vendedores de rua.

50 mil em São Paulo, 40 mil na Bahia, quase 25 mil no Rio de Janeiro.

Gente de todas as profissões e, até, de todos os graus de instrução – às vezes, até curso superior – que têm como traço em comum a impossibilidade de conseguir um trabalho regularizado.

Formada em Administração, Marianne Silva, 26, trabalhou por cinco anos no setor administrativo de uma fabricante de doces. Há três, ela vende quentinhas na rua.
— Eu e muitos colegas fomos demitidos juntos. Na época, minha mãe já vendia comida na rua e estava cansada. Como não consegui mais emprego, resolvi ajudá-la e aqui fiquei — conta a jovem.

Aliás, nem mesmo regularizarem-se como ambulantes 95% deles conseguem.

Ficam à espera de que os guardinhas não passem, ou se contentem com as “mordidas” de 10 ou 20 reais e os deixem trabalhar.

Ou ficar atentos às cordinhas de seu “paraquedas”, a lona com barbantes que se fecham com a mercadoria dentro na hora de correr

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