– A ascensão do conservadorismo no Brasil está trazendo à tona antigos preconceitos e estimulando diversos tipos de violências contra as mulheres. Uma prova disso é a escalada no número de feminicídios nos últimos anos.
Um levantamento realizado pelo portal de notícias G1 e pela GloboNews revelou que os casos de feminicídio no estado de São Paulo cresceram cinco vezes entre 2015 e 2019, de 38 para 154. As ocorrências no período de janeiro a novembro do ano passado representaram um recorde desde a publicação da lei que instituiu penalidades mais graves para os autores desse tipo de crime, em 2015.
Em Minas, a contagem, que começou em 2016, foi de 142 casos naquele ano. Em 2018, o número já havia subido para 160 e, só no primeiro semestre de 2019, a estimativa é de que o número de casos tenha crescido 300% proporcionalmente ao ano anterior.
Nesse mesmo período em que houve esse salto no número assassinatos de mulheres motivados pelo fator gênero, também assistimos à deposição da única presidente mulher que o Brasil teve até então. num processo marcado por diversos ataques à figura de Dilma Rousseff enquanto mulher.
Apesar de o número de mulheres na Câmara ter crescido 5% nas últimas eleições, o fato é que a imagem de mulher independente, forte e no poder, representada por figuras como a de Dilma, tem perdido espaço na disputa contra a imagem de mulher submissa e agindo nos bastidores, divulgada por figuras como Damares Alves e Michelle Bolsonaro. O ódio contra a figura da mulher independente e autônoma tem levado à busca pelo apagamento de mulheres que a representam.
Seja de forma pública e política, como no caso de Dilma, ou de forma privada e doméstica, como no caso dos feminicídios, existe uma tentativa conservadora de silenciar as mulheres e destitui-las de sua autonomia social e política.