Doze municípios norte-mineiros, entre eles Montes Claros, precisam intensificar a busca ativa por moradores tanto da área urbana quanto rural para vacinação contra a febre amarela. Um novo alerta foi dado nesta semana pela Superintendência Regional de Saúde (SRS) após a força-tarefa da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) finalizar os trabalhos para investigação da ocorrência da doença em primatas não humanos no Norte de Minas.

Durante 12 dias, técnicos das Superintendências Regionais de Saúde (SRS) de Montes Claros e de Varginha, da Gerência Regional de Saúde (GRS) de Januária e da Fundação Ezequiel Dias (Funed) percorreram as zonas rurais de localidades limítrofes dos municípios de Ubaí e Icaraí de Minas onde, em agosto, foi constatada a morte de macacos vítimas da febre amarela.

Também ocorreram epizootias em Luislândia e no distrito de Serra das Araras, no município de Chapada Gaúcha.

Mosquitos do gênero Sabethes, vetor da febre amarela, e vísceras de macacos encontrados mortos em Jequitaí, Coração de Jesus e em São João do Pacuí durante a varredura foram enviados para análise no laboratório da Funed, em Belo Horizonte.

“A prioridade da SES-MG é investigar a ocorrência de febre amarela no meio silvestre do Norte de Minas e, desta forma, os resultados dos exames tendem a sair com rapidez”, ressalta Bartolomeu Teixeira Lopes, referência técnica da Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica da SRS Montes Claros.

EM CAMPO – Técnicos capturam mosquitos transmissores da febre amarela

PROTEÇÃO
O reforço para que os municípios vacinem quem ainda não recebeu a dose contra a doença foi feito às 54 secretarias municipais de saúde que compõem a área de atuação da SRS.

Mas a superintendência pediu mais atenção aos seguintes locais: Bocaiuva, Capitão Enéas, Claro dos Poções, Francisco Sá, Glaucilândia, Juramento, Lagoa dos Patos, Mirabela, Montes Claros, São João da Lagoa, Coração de Jesus e São João do Pacuí.

A coordenadora de Vigilância em Saúde da SRS, Agna Soares da Silva Menezes, ressalta que os municípios precisam fazer a busca ativa de casa em casa nas comunidades rurais. Já na sede dos municípios, as secretarias devem manter o funcionamento de pontos fixos para a vacinação das pessoas ainda não imunizadas contra a doença.

“Nos municípios limítrofes de onde foram encontrados macacos mortos o trabalho de vacinação da população deve ser intensificado”, destaca a coordenadora.

Vigilância deve ser de todos
Aliado ao trabalho nas zonas rurais, os técnicos realizaram reuniões com gestores municipais de saúde e com agentes de controle de endemias visando repassar orientações sobre a importância da investigação e notificação dos casos suspeitos de febre amarela, tanto em macacos como em pessoas.

Também foi destacada a necessidade de mobilização da população para auxílio nas ações de vigilância ambiental.

A febre amarela é uma doença febril aguda, de evolução rápida e de gravidade variável. Possui elevada letalidade nas formas mais graves. É transmitida por mosquitos e pernilongos infectados e não há transmissão de uma pessoa para outra.

É uma doença de notificação compulsória imediata, ou seja, todo caso suspeito (tanto morte de macacos, quanto casos humanos com sintomas compatíveis) deve ser rapidamente comunicado aos gestores de saúde dos municípios em até 24 horas após a suspeita inicial.

Em seguida, os serviços estaduais de saúde devem notificar ao Ministério da Saúde os eventos de febre amarela suspeitos.

CARACTERÍSTICAS
No ciclo silvestre, os macacos são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus. Já no ciclo urbano o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica e a transmissão da febre amarela ocorre a partir de vetores infectados, entre eles o mosquito Aedes aegypti, também transmissor da dengue, febre chikungunya e zika.

COBERTURA
Entre 2007 e este ano, os 86 municípios que compõem a macrorregião Norte aplicaram 1.593.454 doses de vacinas contra a febre amarela. Os municípios integram as áreas de atuação da SRS Montes Claros e as GRS de Januária e Pirapora.

O levantamento realizado pela SES-MG aponta que dos 54 municípios que integram a jurisdição da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros, 30 estão com percentual de cobertura entre 95% a 100% da população, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde.

Outros 24 municípios estão com percentuais de cobertura variando de 67,15% a 94,13% da população, precisando ampliar a vacinação contra a doença.

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