Nunca antes no período pós-ditadura se viu um acontecimento político tão estúpido como a eleição de Bolsonaro.  Primeiro, um golpe covarde sem base legal. Depois, uma prisão de um líder com o maior prestigio internacional que o Brasil já teve. Um presidente que mesmo tendo que depender de apoio de urubus, conseguiu reduzir a desigualdade social, o desemprego e levar desenvolvimento para regiões mais pobres nunca contempladas antes, como o Nordeste, o Norte de Minas, os vales do Jequitinhonha e Mucuri.
Lula elevou nossas divisas para um patamar extraordinário, reduziu a dívida externa e deixou um vultuoso valor de reservas, que está sendo torrado. Com a redução da pobreza e do desemprego houve uma expansão de consumo. Por consequência o comércio e a indústria foram beneficiados e a economia deslanchou.
Essas ações desagradaram o mercado financeiro e o capital especulativo, setores sustentados pela mídia, que passou a massacrar continuamente o governo comandado pelo PT. E uma mentira repetida muitas vezes acaba virando verdade na mente dos que menos raciocinam. Criou fúria também numa classe média elitizada, odiosa e egoísta, para quem não interessava redução da pobreza. Ela vestiu-se de pato amarelo e foi para a rua depor uma presidente eleita democraticamente e que não cometeu nenhum crime de responsabilidade. Pedaladas fiscais sempre existiram antes dela, sem que nenhum dos governantes que as praticaram fosse incomodado pelo Congresso ou STF. E continuam sendo praticadas pós-golpe.
Com a revolta do Aécio, que não aceitou o resultado das urnas; a debandada dos deputados e senadores urubus, a desonestidade do Temer (o interesse de ser presidente sem voto), a fúria do Eduardo Cunha, que não teve o apoio dos parlamentes do PT para salvá-lo do processo no Conselho de Etica; e a covardia do Judiciário, ou seja um acordão “com o Judiciário, com tudo”, nas palavras de Jucá, consumou-se o golpe.
A elite acabou cooptando pobres, justamente os beneficiados com diversos programas sociais do governo – enumerar aqui ficaria muito extensivo -, que foram na onda. Conheço várias pessoas que passaram no vestibular, inclusive para Medicina, graças ao Prouni, que odeiam o PT. Incluem-se aí a Escola Sem Fronteiras e demais programas sociais.
Todos esses adversários – sistema financeiro, capital improdutivo e especulativo, oligopólios, elite, furiosos e inconsequentes, incluindo aqui um grupo de pastores evangélicos gananciosos e interesseiros e uma pequena parcela do catolicismo – embalaram a campanha do pior candidato de todos os tempos. Sem nenhuma proposta consistente e sem passado, apesar de há 27 anos na política.
Foi uma campanha toda embasada, sem reservas, na maldade. Liberação de armas, volta da ditadura, fechamento do Congresso, fim da democracia…
Uma facada muito duvidosa e pouco provável tirou o então candidato do debate que poderia desmascará-lo. Uma enxurrada de fake news promovida pelos filhos milicianos, financiados por empresários, consolidou sua vitória.
Mesmo depois de provada a incapacidade governamental de Bolsonaro, um louco sem medidas, surgem os urubus do Centrão, que sempre viveram do fisiologismo e novamente estão ávidos por cargos e vantagens. Como sabemos, eles não se importam com as consequências para o pais. O importante é mamar enquanto puderem.
Fico com pena de muitas pessoas de coração bom e sem maldade não terem procurado conhecer seu passado e feito uma leitura correta de suas propostas cruéis. Com boa-fé, embarcaram na onda.

* Manoel Gusmão é contador e colaborador do Em Cima da Notícia

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