DIPLOMACIA – Novo ministro das Relações Exteriores também condenou bloqueio contra Cuba e avisou que a política será multilateral

O Ministro das Relações Exteriores do Peru, Héctor Béjar anunciou que o país se retira do chamado Grupo de Lima, criado em 2017 para promover ações contra o governo venezuelano na Organização do Estados Americanos (OEA).

“Faremos uma política conjunta e multilateral. Os sócios do Grupo de Lima mudaram sua política. Conversaremos com os membros sobre seus pontos de vista”, declarou o chanceler.

Além do Peru, os governos da Argentina, Bolívia e México também já se desligaram do grupo, que corre o risco de ser extinto, já que conta com oito membros e perdeu sua sede simbólica, a capital peruana Lima.

Em 2019, o Grupo de Lima foi um dos promotores da aplicação do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR) contra a Venezuela, por considerar o país uma “ameaça regional”.

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Béjar se reuniu com o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, no dia 30 de julho, para discutir relações bilaterais e políticas sobre migração. O Peru abriga cerca de 1,2 milhão de venezuelanos, segundo a Agência de Refugiados da ONU (Acnur).

Após o encontro, o ministro peruano foi questionado sobre a posição do governo em relação à administração de Nicolás Maduro.

“Não vou opinar sobre a Venezuela. Meu dever como chanceler é melhorar as relações com a Venezuela, assim como com todos os países da região e do mundo”, declarou.

Fim dos bloqueios

Além disso, destacou que o governo peruano se soma às nações que exigem o fim do bloqueio econômico contra o povo cubano e venezuelano. Em março deste ano, o Conselho de Direitos Humanos da ONU já havia aprovado uma resolução que condena a aplicação de medidas coercitivas unilaterais. Somente o Conselho da União Europeia sanciona uma lista de 33 países, enquanto os Estados Unidos penalizam 34 nações.

O chanceler recém empossado também disse que irá suspender o pedido de saída do Peru da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que ao contrário voltarão a fortalecer o bloco, assim como irão retornar à Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac).

Ex-guerrilheiro

Héctor Béjar tem 85 anos, é advogado, sociólogo, e foi professor da Universidade Mayor de San Marcos. Na sua juventude participou do Exército de Liberação Nacional do Peru e do Movimento Esquerda Revolucionária (MIR – siglas em espanhol). Foi preso por quatro anos pela atuação como guerrilheiro. A inspiração para a luta armada veio dos anos em que acompanhou de perto o início da revolução cubana, ao lado dos líderes Fidel Castro e Ernesto Che Guevara.

Em 2018, durante as eleições que garantiram o segundo mandato a Maduro, Héctor Béjar havia se manifestado em defesa do direito dos venezuelanos de “decidirem pelo seu próprio destino”.

Via Brasil de Fato

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