– Procurador-geral da República diz que Lava Jato detém dados de 38 mil pessoas –

Augusto Aras afirmou que “ninguém sabe” como as informações foram colhidas; arquivo é muito maior do que o do MPF

Segundo Aras, o arquivo do grupo em Curitiba tem 350 terabytes, enquanto o sistema do MPF tem disponível apenas 40 terabytes – Isac Nobrega / Fotos Públicas
O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou que a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba tem os dados de 38 mil pessoas e funciona como uma “caixa de segredos”. Segundo ele, a operação tem mais dados armazenados do que todo o sistema do Ministério Público Federal.

Aras explica que o arquivo do grupo de procuradores de Curitiba tem 350 terabytes, enquanto o sistema do MPF tem disponível apenas 40 terabytes. “Curitiba tem 38 mil pessoas lá com seus dados depositados. Ninguém sabe como foram escolhidos, quais os critérios, e não se pode imaginar que uma unidade institucional se faça com segredos, com caixas de segredos. Nenhuma instituição”, afirmou.

A conversa foi feita nesta terça-feira (28), em transmissão do grupo de advogados Prerrogativas, que contou com a presença de nomes como Lenio Streck e Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.

O procurador-geral criticou a força-tarefa da operação situada em São Paulo. Aras disse que há uma metodologia de distribuição de processos “personalizada” em que os membros da Lava Jato escolhem os processos que querem.

“Os senhores devem ter lido a decisão do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), no que toca a força-tarefa de São Paulo, onde construiu-se uma metodologia de distribuição personalizada, em que membros escolhem os processos que querem. Esse modelo não foi diferente de Curitiba ou do Rio de Janeiro”, acrescentou.

Aras disse que recentemente foram descobertos 50 mil documentos que estavam “invisíveis à corregedoria-geral” do MPF. “Não podemos aceitar que haja grupos que tenham processos sigilosos, encobertos por uma fatia do nosso sistema que só descobrimos agora, há menos de 15 dias”, finalizou.

PT exige CPI já para apurar por que Lava Jato detém dados de 38 mil pessoas

O Partido dos Trabalhadores (PT) quer investigar as suspeitas levantadas de que força-tarefa faz uso político de banco de dados de milhares de pessoas, incluindo juízes e parlamentares. Os indícios de abusos e falta de transparência do grupo dirigido por Deltan Dallagnon foram levantados por ninguém menos que o chefe do Ministério Público Federal, Augusto Aras. “É uma caixa de segredos”, alerta o procurador-geral da República (PGR).

O Partido dos Trabalhadores quer a instalação imediata de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar a atuação dos integrantes da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, depois que o procurador-geral da República, Augusto Aras, revelou que o grupo investigou 38 mil pessoas, incluindo parlamentares e juízes, sem qualquer tipo de justificativa. “A Câmara precisa instalar esta CPI para que o Brasil conheça a verdade sobre uma operação que tanto prejuízo causou ao Brasil”, defendeu a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR). A CPI foi solicitada pelo líder do PDT na Câmara, deputado André Figueiredo (CE) e tem o apoio da bancada do PT.

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