– ENQUANTO ISSO, GOVERNO CHAMA ÍNDIOS ATACADOS DE “SUPOSTOS INDÍGENAS”

 – Grupo de indígenas Gamelas foi atacado por pistoleiros na tarde desse domingo (30), no povoado de Bahias, município de Viana (MA); segundo dados parciais do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), ao menos cinco foram atingidos com arma de fogo, estando internados em estado grave no hospital Socorrão 2, em São Luís, sendo que dois tiveram também as mãos decepadas; chega a 13 o número de feridos a golpes de facão e pauladas. Não há, até o momento, a confirmação de mortes; de acordo com os indígenas, os fazendeiros e pistoleiros promoveram um churrasco e atacaram os Gamela logo na sequência, quando estavam bêbados. Enquanto isso, o ministro da Justiça Osmar Serraglio, que é investigado pela Operação Carne Fraca, disse que a pasta “está averiguando o ocorrido envolvendo pequenos agricultores e supostos indígenas”

Brasil de Fato – Um grupo de indígenas Gamelas foi atacado por pistoleiros na tarde deste domingo (30), no povoado de Bahias, município de Viana (MA). Segundo dados parciais do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), ao menos cinco foram atingidos com arma de fogo, estando internados em estado grave no hospital Socorrão 2, em São Luís, sendo que dois tiveram também as mãos decepadas. Chega a 13 o número de feridos a golpes de facão e pauladas. Não há, até o momento, a confirmação de mortes.

Entre os indígenas internados está a liderança Kum’Tum Gamela, ex-padre e ex-coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no estado, que vem sendo ameaçado de morte há tempos.

Na última sexta-feira (28), os indígenas retomaram uma área próxima à aldeia Cajueiro Piraí, localizada no interior do território tradicional reivindicado pelos Gamela, que é utilizada para a criação de gado e búfalos. A ação foi parte da Greve Geral e em sincronia com o 14o Acampamento Terra Livre (ATL), que ocorria em Brasília.

De acordo com os indígenas, os fazendeiros e pistoleiros promoveram um ataque em seguida, de forma premeditada. Em entrevista ao CIMI, um indígena afirmou que os pistoleiros realizaram um churrasco e atacaram os Gamela logo na sequência, quando estavam bêbados. Os indígenas tentavam se retirar da área retomada quando sofreram as investidas.

Os indígenas não são aceitos como tais pela população local, que divulgou em grupos de Whatsapp um texto na última sexta-feira marcando a reunião que premeditou o ataque e caracterizando os Gamela como ladrões e invasores de propriedade.

O envolvimento do Deputado Federal Aluísio Guimarães Mendes Filho (PTN/MA) também foi denunciado pelos Gamela, devido a uma entrevista concedida por ele a uma rádio local, logo após a retomada do território, se referindo aos indígenas de forma racista e incitando à violência. Aluísio foi assessor presidencial de José Sarney e Secretário de Segurança Pública na última gestão do governo de Roseana Sarney.

A participação da Polícia Militar, que segundo os Gamela já estava no local e não interveio, também foi denunciado. Uma série de áudios, acessados pelo CIMI e encaminhados às autoridades públicas, mostram os policiais afirmando que não iriam intervir no ataque.

O conflito também é relacionado ao movimento de “corta de arame” protagonizado pelos Gamela, que diz respeito à destruição das cercas levantadas pelos fazendeiros. No momento, os indígenas se encontram dispersos na mata e têm dificuldade em acessar hospitais, sob risco de novos ataques.

Nos últimos anos o povo indígena Gamelas tem sido sistematicamente perseguido por pistoleiros, fazendeiros e autoridades locais. Em 2015, um ataque a tiros foi realizado contra uma área retomada por eles. Em agosto de 2016 três homens armados invadiram outra área e ameaçaram os indígenas.

 

SERRAGLIO CHAMA ÍNDIOS ATACADOS DE “SUPOSTOS INDÍGENAS”

 O Ministério da Justiça divulgou nota informando que irá apurar o ataque feito por pistoleiros no Maranhão que deixou ao menos 13 indígenas do povo gamela feridos, três deles em estado grave, sendo que alguns tiveram as mãos decepadas a golpes de facão. Por meio de nota, o ministro da Justiça Osmar Serraglio, que é investigado pela Operação Carne Fraca da Polícia Federal, disse que a pasta “está averiguando o ocorrido envolvendo pequenos agricultores e supostos indígenas”. Pouco depois, o texto publicado no site do ministério suprimiu a palavra “supostos”.

Ainda de acordo com o Ministério, uma equipe da Polícia Federal foi deslocada para a região para “evitar mais conflitos”. A área reivindicada pelos indígenas do povo Gamela nunca foi demarcada pela Fundação Nacional do Índio (Funai). A tribo já havia sido alvo de outros dois ataques, em 2015 e 2016.

Em março deste ano, o governo Michel Temer deu início ao desmonte da Funai promovendo cortes direcionaos, principalmente, na CGLIC (coordenação-geral de licenciamento), por onde passam todos os processos de licenciamento de obras em terras indígenas visando avaliar o impacto das obras privadas ou governamentais em relação aos povos indígenas, especialmente na área da Amazônia Legal.

No último dia 28, o ministro da Justiça Osmar Serraglio disse que nem sequer sabia da exoneração do atual presidente do órgão, Antônio Fernandes Toninho Costa, e deu uma declaração explícita sobre o fisiologismo de interesses que domina o governo Michel Temer. “Não estou sabendo de demissão. Vi pela imprensa que ele seria demitido. Na verdade, a Funai é do PSC, do André Moura”, afirmou.

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