– Resistência popular definiu vitória na Venezuela –
  O Partido Socialista Unido da Venezuela venceu pelo menos 90 por cento das 335 prefeituras disputadas nas eleições municipais neste domingo (10). A informação foi divulgada pelo presidente Nicolás Maduro.
De acordo com as últimas informações divulgadas pelo Conselho Eleitoral Nacional, os socialistas venceram 41 das 42 prefeituras contados até o final da noite. O PSUV ganhou ainda em 22 das 23 capitais venezuelanas. Partido chavista ganhou também o governo do estado de Zulia que tinha ficado pendente na eleição de 15 de outubro. Assim, o PSUV leva 19 dos 23 estados do país.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse, no entanto, que os resultados durante a noite mostrariam que seu governo ganharia em mais de 300 municípios disputados.
A escolha dos prefeitos para os 335 municípios da Venezuela é a última eleição nacional prevista antes da corrida presidencial do próximo ano, na qual Maduro deverá buscar a reeleição apesar da sua alta impopularidade.
As eleições municipais no país foram marcadas pelo boicote de três dos quatro maiores partidos da oposição, que afirmam que o sistema eleitoral da Venezuela não é confiável.
*Com informações da Sputnik Brasil

 – Resistência popular definiu vitória na Venezuela –

Dezoito anos depois da entrada de Hugo Chávez em Miraflores, a espetacular vitória do chavismo nas eleições municipais deste domingo mostra que a Venezuela resiste e luta. “Querem nos obrigar a trair a Revolução pela fome mas não vão conseguir”, me disse, em tom de promessa solene, a servidora Esmeralda Vasquez, 61 anos, duas filhas, duas netas, moradora no Sucre, município popular de 600 moradores nos arredores de Caracas. “Amo Chávez, apoio Maduro”, diz ela, depois de contar, em tom divertido, que há retratos de Chávez em cada aposento de sua casa, inclusive no banheiro.
Enfrentando uma guerra econômica que lembra a barbárie da Guerra Fria, que produziu o boicote econômico que sacrifica a população de Cuba desde 1962, e alimentou a queda de Salvador Allende no Chile, em 1973, a população da Venezuela tomou o caminho das urnas com a consciência de quem dá um passo para a História. Contrariando uma sequência de derrotas populares ocorridas nos países vizinhos, em três eleições consecutivas – para a Constituinte, para os governos de Estado, para os prefeitos –os venezuelanos asseguraram um fôlego indispensável ao governo Maduro, que terá uma eleição presidencial para enfrentar em 2018.

Numa disputa que jamais teria condições de vencer, seja pelo desgaste de lideranças comprometidas com o ambiente de baderna e violência criado no país, seja pela identificação óbvia dos interesses por trás da guerra econômica que sacrifica a maioria, os principais líderes da oposição preferiram escapar de uma derrota desmoralizadora por uma estratégia já assumida outras vezes – fugir das urnas. Ficaram longe da disputa e sequer pediram, abertamente, voto para aliados e afilhados políticos. Seus partidos se apresentaram de forma dividida, com dois, três e até quatro candidatos em várias cidades, numa demonstração de fraqueza que contém uma mensagem reveladora e preocupante, do ponto de vista da democracia. Sugere que, incapazes de disputar o poder pelo voto, pretendem cultivar a postura nefasta que aponta para a retomada, cedo ou tarde, da violência e da sabotagem que marcava país até a vitória de Maduro na Constituinte.
Numa amostra dessa situação, na quarta-feira da semana passada, cinco dias antes do pleito, o dólar era vendido a 3 000 bolívares no câmbio oficial – e 70 000 no paralelo. No dia seguinte, o preço havia saltado para 120 000 bolívares. Na sexta-feira, num desses sintomas preocupantes de colapso, a população fazia fila de dobrar o quarteirão no centro de Caracas para sacar dinheiro em caixas eletrônicas.
Não se trata, é evidente, de um problema de natureza econômico, mas essencialmente político. Através de manobras escancaradas e fora de qualquer controle oficial, o que se tenta é impedir as autoridades venezuelanas de exercer uma das tarefas legítimas e essenciais do Estado – defender a moeda do país, ponto essencial para a definição da riqueza de toda nação independente. A sabotagem terminou em fiasco eleitoral vergonhoso mas deixou um retrato político claro.
“Apesar da imensa pressão contra nossa economia, exportações e empregos, nossos adversários não foram capazes de separar a liderança da Revolução de sua base histórica de apoio e isso permite encarar o futuro” afirma Luís Figueroa ao 247, referindo-se a cidadãos e cidadãs como a Esmeralda Vasquez do parágrafo acima. Quadro histórico do partido chavista (PSUV), em 2015 Figueroa foi escolhido por Nicolas Maduro como principal liderança civil de um dos diversos organismos de nome autoexplicativo (“Estado Maior de Luta contra a Guerra Econômica”) criados como parte do esforço permanente para enfrentar a ações de sabotagem e manipulação de preços. Na semana passada, era candidato a prefeito em La Plaza, onde se localiza a cidade de Guarenas, uma referência política e histórica. Origem da insurreição de 1989, que deu origem ao “Caracazo”, luta popular que inspirou a tentativa de golpe militar de Hugo Chávez em 1992 e a abriu caminho para a primeira vitória presidencial, em 1998. 

Informação de Paulo Moreira Leite, Brasil 247 e Sputnik Brasil

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