– No centro do mais recente acidente com contaminação de produtos, a Backer é uma das principais marcas mineiras de cerveja artesanal. A única cervejaria de médio a grande porte desse segmento que não foi vendida para uma grande multinacional, agora enfrenta uma crise de imagem sem precedentes depois da descoberta de dois lotes de cerveja contaminados que causaram adoecimento de oito homens e a morte de um e da interdição de sua fábrica pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento na tarde dessa sexta-feira (10).
Dona do rótulo Belorizontina, criado em homenagem à capital mineira, a Backer recebeu a notícia nessa quinta-feira de que dois lotes da cerveja estariam contaminados com a substância tóxica dietilenogicol e teriam causado os males nas nove pessoas. Diante desse cenário, a empresa comunicou que está colaborando com as investigações, que a substância não é utilizada em sua fábrica e que retiraria os dois lotes adulterados de circulação.
Apesar da atitude colaborativa, o fato é que a Backer tem uma grande crise de imagem para gerenciar e parece ainda não estar conseguindo lidar com ela da melhor forma. De acordo com o publicitário Paulo Vasconcelos, as ações de comunicação da empresa ainda se mostram muito acanhadas para uma marca de tal porte e até incompetentes nesse momento de crise.
Segundo ele, em uma situação como essa, a melhor forma de a marca não perder a confiança dos consumidores é estar sempre à frente das autoridades no quesito informar ao público sobre o que está se passando, sendo a primeira a oferecer explicações sobre o ocorrido.
No início da semana, já corriam boatos de que a cerveja poderia ter sido a causa do que estava sendo chamado de ‘doença misteriosa do Buritis’. Mesmo assim, a Backer optou por aguardar o fim da coletiva de imprensa da Polícia Civil anunciando a contaminação para se posicionar e dizer que não utilizava dietilenoglicol em sua produção.
Na opinião de Paulo Vasconcelos, as próximas 72 horas serão desafiadoras para a cervejaria mineira e decisivas para a relação de confiança com o público. A lição que esse lamentável acidente com a Backer mostra, para ele, é que empresas do ramo artesanal que crescem e se tornam de médio e grande porte não devem e não podem continuar com práticas de comunicação ‘artesanais’.
As cervejas Backer são comercializadas em 17 estados e premiadas internacionalmente. A marca, que nasceu na capital no ano de 1999, quando as cervejas artesanais ainda não eram tão populares, possui um pátio cervejeiro com capacidade para produzir mensalmente 300 mil litros de cerveja.