A Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) vive um processo de enfraquecimento e precarização, ao longo dos anos, para ser entregue à iniciativa privada. A denúncia de desmonte da universidade está sendo uma tônica da categoria em greve há 3 três meses. E foi tema de uma roda de debates, no final da tarde de quarta-feira 25, coordenada pelos professores Ildenilson Meireles e Márcia Bicalho. 

Ao se aprofundar nessa questão, o movimento ganha um caráter muito mais abrangente, não se restringindo à reivindicação por salários e plano de carreira. A paralisação atual cobra do governo do Estado o cumprimento do acordo judicial feito em 2016, que pôs fim à greve de 4 meses naquele ano.
“Precisamos repensar a universidade. O que ocorre na Unimontes segue a mesma tendência do resto do país, que é de desmonte de tudo que é público”, disse Meireles. De acordo com ele, setores considerados estratégicos, como a Rádio Universitária, a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento e Pesquisa (Fadenor), a Comissão Técnica de Concursos da Universidade (Cotec) e a Imprensa Universitária estão sendo privatizados.
Segundo os debatedores, a Rádio, por exemplo, que é uma conquista dos professores, não serve à comunidade universitária, estando a serviço da reitoria. Assim, os professores não conseguem utilizar esse canal para divulgar seus trabalhos de pesquisa, eventos e outros assuntos de interesse geral da comunidade. “Estão nos privando de acesso aos bens públicos. A emissora serve tão somente para a divulgação de cunho ideológico deles e até, pasmem, para o estímulo do ensino privado”, denunciaram.
De acordo com os relatos, até para fazer um processo seletivo é preciso pagar à Cotec. Ildenilson Meireles denunciou, ainda, que os prédios estão sem manutenção porque a universidade não paga aos fornecedores, comprometendo o funcionamento de diversos cursos. Por isso, há situações em que salas de aula do Centro de Ciências Humanas (CCH) estão às escuras, com buracos no chão e até faltando quadros. Em outros locais, portas estão empenadas, ar-condicionados e computadores funcionam de forma precária, por falta de empresa para fazer os reparos. “A situação da Unimontes é de `insuportabilidade´”, disse Meireles, para quem os problemas estão tão escancarados que não há mais como esconder.

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