O Programa Jovem no Campo está capacitando adolescentes da cidade de Ubaí para atuação na olericultura, área da horticultura que abrange a produção de hortaliças. Dividido por módulos, o primeiro contato dos alunos foi com o levantamento dos canteiros e viveiros que receberão as primeiras mudas, instalados na área externa de uma escola estadual da cidade.
Com a capacitação, os jovens poderão aprender todos os processos de produção de hortaliças, até a fase de comercialização dos produtos. “No próximo mês, vamos retornar com o controle de pragas e doenças, e integração dos manejos. Depois vamos abordar colheita e pós-colheita, explicando sobre processo de avaliação para o ponto de colheita, seleção e higienização dos alimentos. Por fim, a parte do empreendedorismo, para estes jovens conseguirem comercializar seus produtos”, explicou o instrutor Ronny Alex Araújo.
O programa, desenvolvido pelo Sistema FAEMG/SENAR/INAES, visa contribuir com a inserção do jovem no mercado de trabalho rural, com foco nas oportunidades locais e regionais. “A preocupação com os jovens que tem vocação com o meio rural é uma prioridade, fomentando conhecimentos e geração de renda para os jovens e seus familiares”, destaca o gerente regional em Montes Claros, Dirceu Martins.
Mirtes Viviane Pereira da Silva mora na Comunidade Rural de Veloslândia. Recém-formada no ensino médio e no primeiro ano de um curso técnico em administração, ela vê na atividade uma oportunidade de renda extra e também a chance de iniciar uma carreira profissional sem precisar sair de Ubaí.
“O programa tem sido muito bom, especialmente para nós jovens, porque aqui na comunidade não temos muitas opções de trabalho. Temos a chance de nos estabilizarmos aqui na zona rural, e o curso vai ajudar muito. Tenho uma pequena horta em casa, para consumo familiar. Já cheguei a vender, mas agora quero aproveitar para trabalhar de fato com isso, expandir mais”.
Com os irmãos trabalhando em Uberlândia, a jovem, de 18 anos, mora com o pai, que está impossibilitado de trabalhar. É Mirtes quem cuida da maior parte das finanças da casa, se dividindo entre pequenos serviços e o trabalho como manicure, sem ter um valor fixo no fim do mês. Ela espera tirar o máximo de aprendizado do Programa Jovem no Campo para crescer profissionalmente. “Aprendi muitas coisas. Já mexo e tenho plantio de hortaliças. Agora é aprender a fazer de uma maneira mais correta. Espero que me dê uma estabilidade e segurança maior”.
Jovens produtores
O espírito empreendedor de Mirtes é o que o programa espera alcançar. Para isso é preciso um trabalho pontual com os jovens, para que eles vejam na atividade rural um meio de melhorar a qualidade de vida, como explica Ronny Alex.
“Não é fácil, é desafiador atuar com os adolescentes, mas eles têm potencial e estão sempre motivados. Ter o jovem no campo é muito importante, porque a mão de obra qualificada está cada vez mais escassa. Quando pego uma turma como essa, de jovens, com a aluna mais velha tendo somente 24 anos, me deixa com os olhos brilhando. Eles não precisam, e não devem trabalhar só como os pais trabalhavam. Precisam agregar novos conhecimentos. E o nosso trabalho é mostrar que é possível ter retorno e tornar a atividade sustentável, e com isso eles vão melhorar a qualidade de vida, empreender e também ajudar os pais”.
Ainda no ensino médio, Deivid Marques da Fonseca, de 17 anos, almeja trabalhar com alimentação no futuro. Ele viu no curso de olericultura uma oportunidade de ter um primeiro contato com técnicas para plantio e manejo das hortaliças. “Procurei o curso para ajudar minha mãe, que planta alguns alimentos e quer começar a vender, e também para ser uma base para o meu futuro. Vejo como uma boa oportunidade para os jovens atuarem no campo, já que a maioria precisa sair da cidade para conseguir emprego fora”.
- Ricardo Guimarães é jornalista e assessor de comunicação do escritório regional do Senar