– Não, Aécio. Entraram pela porta dos fundos e vão ficar no puxadinho –
 O ainda senador Aécio Neves, na convenção do PSDB, saiu-se com esta frase, que serve de título à matéria do Estadão: “Vamos sair do governo pela porta da frente, como entramos“.

Por Fernando Brito – Tijolaço

Eu tinha acabado de escrever sobre a morte do escritor Moniz Bandeira , relembrado seu amigo Leonel Brizola e não pude deixar de sentir certa tristeza por saber que ninguém vai reagir a isto dizendo umas verdades como as que o velho gaúcho diria.

Ninguém vai falar:

“Não, Aécio, tu não entraste no Governo pela porta da frente, entrastes pela porta dos fundos do golpe”.

Não te finjas de leão, porque o que tu és é um rato, um rato que roeu a democracia brasileira quando não aceitou tua derrota e, no minuto seguinte, em lugar de se curvar à vontade do povo brasileiro, fostes tramar para derrubar o governo.

Mas nem entrar pela porta dos fundos tu conseguirias, pois o porteiro que a te abriu foi Eduardo Cunha.

Foste tu que ajudastes a pôr em marcha a máquina de moer a política e as reputações e acabou sendo tragado por ela, embora, em matéria de reputação, tivesses pouco a ser moído.

Ainda assim, o que restou de ti fede tanto que teus amigos famosos dos salões e das noitadas – Hucks, Dórias, Ronaldinhos e assemelhados – sumiram, apagaram as fotos a teu lado e não querem teu nome lhes marcando as testas.

Tu não vais sair do governo deixando nada para trás, senão este odor, mas vai levar indicações, cargos e tudo o mais que puderes tirar de Temer como tiraste do tal Batista, dizendo que mataria até seu primo para não ser delatado.

Até aos teus apunhalas, como fizeste com o Tasso, que há quinze dias salvou seu mandato inútil.

Sairás pela porta dos fundos, a mesma por onde entrou, sais como um rato que abandona o navio do golpe, não pela porta da frente.

Porque a porta da frente chama-se democracia e só se abre para os que têm o voto e a confiança do povo.

Mas, como disse certa vez o próprio Brizola, o Congresso é um “clube amável, com vossa excelência pra cá, vossa excelência pra lá”. Não haverá um que lhe aponte o dedo e diga:

Vossa Excelência, na política, é um rato

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