Relembre a trajetória do novo técnico interino da seleção, que dividirá a função com o comando do Fluminense, clube que o  projetou como atleta e treinador


Na noite da última terça-feira (4) a CBF finalmente colocou fim à novela sobre quem será o novo técnico da seleção brasileira e anunciou Fernando Diniz, do Fluminense, como interino. Que esperaria cerca de um ano para a chegada do tarimbadíssimo Carlo Ancelotti, italiano hoje no Real Madrid, já estava decidido. Mas a entidade máxima do futebol brasileiro vinha sendo cobrada justamente sobre o desempenho da seleção nesse meio tempo – sobretudo após as recentes derrotas para Marrocos e Senegal.

É verdade que se por um lado o anúncio de Diniz acalma a imensa maioria dos críticos, que apontavam para a inédita total falta de planejamento da entidade em relação à próxima Copa do Mundo, por outro, também divide os mesmos críticos.
Se há aqueles que reconhecem em Diniz um importante talento entre os treinadores brasileiros da atualidade, que inova com saídas de jogo completamente fora dos padrões e situações de jogo em que as posições dos atletas perdem a centralidade; há também aqueles que, embasados pelos números da sua carreira e da dificuldade que apresentou, até aqui, em construir trabalhos bem sucedidos, duvidem do seu desempenho à frente da seleção.

Nascido em 27 de março de 1974, em Patos de Minas (MG), além de técnico do Fluminense e da seleção brasileira, Diniz é também psicólogo, formado pela Universidade São Marcos, localizada em Paulínia, no interior de São Paulo. Confira a seguir sua carreira como atleta e, posteriormente, como treinador.
Carreira como jogador
Entre 1993 e 1996, Diniz teve os seus primeiros anos como jogador profissional atuando pelo Juventus da Mooca, em São Paulo. Em seguida se transferiu para o Guarani, que acabava de vender seu trio de sucesso composto Amoroso, Djalminha e Luisão. No segundo semestre foi contratado pelo Palmeiras, mesmo destino de dois dos atletas bugrinos supracitados. Em um alviverde que vivia um semestre pouco inspirado, logo após um inesquecível primeiro semestre, Diniz não brilhou muito. Sua passagem ficou marcada por uma situação inusitada. O atacante estava concentrado, já no vestiário, para uma partida contra o Atlético-MG, mas foi retirado do jogo para servir como mesário nas eleições municipais daquele ano.

Em 1997 trocou o Palmeiras pelo seu principal rival, o Corinthians, onde foi campeão Paulista (97) e Brasileiro (98). Apesar dos títulos, Diniz não foi titular, mas uma importante peça que saía do banco de reservas. Após uma rápida passagem pelo Paraná Clube em 1999, chegou ao Fluminense em 2000, onde finalmente teve uma excelente passagem.
Em um contexto de retomada da grandeza do tricolor carioca, que anos antes havia se envolvido em rebaixamentos e polêmicas sobre viradas de mesa, foi o atacante de um time que marcou o retorno do clube entre os principais do Brasil. Apesar das dificuldades e da escassez de títulos em 2000 e 2001, Diniz finalmente foi campeão carioca em 2002, como um dos destaques da equipe. Curiosamente é o mesmo clube e o mesmo título que 21 anos depois o consagraram como treinador.

Assim como havia feito em São Paulo, trocou o Flu pelo rival Flamengo no segundo semestre de 2003. Mas sua curta passagem foi marcada por lesões e pela dificuldade em repetir os bons tempos no Tricolor. Em 2004 Diniz passou por Juventude e Cruzeiro, onde foi campeão mineiro. Em 2005 jogou pelo Santos e entre 2006 e 2007 atuou pelo Paulista de Jundiaí e pelo Santo André. No ano seguinte, o último de sua carreira, jogou o campeonato paulista pelo Juventus da Mooca no primeiro semestre e pendurou as chuteiras meses depois atuando pelo Gama, do Distrito Federal.
Carreira como treinador
Mal pendurou as chuteiras, Diniz começou sua carreira como treinador no ano seguinte, em 2009, onde se destacou no comando do pequeno Votoraty, da cidade de Votorantim, no interior de São Paulo. Foi campeão do Campeonato Paulista da Série A3 e da Copa Paulista com o clube. No ano seguinte, em 2010, foi bicampeão da Copa Paulista, dessa vez no comando do Paulista de Jundiaí.

Em 2011, cheio de prestígio no futebol do interior paulista, foi para um dos maiores clubes da região: o Botafogo de Ribeirão Preto. Mas a passagem durou pouco, apenas quatro jogos. Ele teve ainda três passagens pelo Audax, além de passagens por Atlético Sorocaba, Guaratinguetá, Oeste e Paraná Clube, antes de retornar ao Audax em 2015 e, no ano seguinte, surpreender o futebol paulista chegando à final do estadual. Naquele momento, algumas características hoje observadas nos seus clubes e que já era marcam do seu trabalho desde o Votoraty, começam a fazer sucesso, como as saídas de bola e as trocas de passe características, além da ausência de posições em determinadas situações de jogo.

Depois da bela campanha com o Audax no Paulistão 2016, Diniz passou o segundo semestre de 2017 no Guarani e então foi para o Athlético Paranaense em 2018, onde acabou demitido antes da temporada acabar. Em 2019, sua primeira passagem pelo Fluminense não foi nada brilhante. Acabou demitido em agosto, deixando seu time na zona de rebaixamento.
Um mês depois foi para o São Paulo, que vivia péssima fase. Arrumou a casa e no ano seguinte, em 2020, disputou o título do Brasileirão contra Internacional e Flamengo, tendo ficado de fora da disputa apenas nas últimas rodadas. Entre 2021 e 2022 teve passagens discretas por Santos e Vasco da Gama até que em abril de 2022 foi anunciado pelo Fluminense.

Ainda na temporada 2022, levou o Flu ao terceiro lugar do Campeonato Brasileiro e consequentemente à Copa Libertadores da América desse ano. No primeiro semestre de 2023, após vencer a Taça Guanabara, referente ao primeiro turno do Campeonato Carioca, mediu forças contra o poderoso Flamengo nas finais. E depois de perder por 2 a 0 no jogo de ida, o Fluminense de Diniz protagonizou uma verdadeira apresentação de gala no jogo da volta, e virou a disputa, goleando o forte rival por 4 a 1.

Atualmente o Fluminense está em sexto lugar no Campeonato Brasileiro, a 12 pontos do líder Botafogo e a 10 do Goiás, o primeiro clube da zona de rebaixamento. Na Copa do Brasil acabou eliminado pelo rival Flamengo, em revanche das finais do estadual e, pela Copa Libertadores da América, enfrentará o Argentinos Jrs nas oitavas de final.

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