Helena Chagas, agora à tarde, pergunta, em bom artido no site Os Divergentes, quando é que Jair Bolsonaro vai parar de brigar, com todos, em tudo, todo o tempo, e começar a governar.
Com todo o respeito, Helena, isso não é pergunta que se faça.
Porque Bolsonaro não governa e nem vai governar hora alguma, ao menos se entendermos governo como algo que dá rumo ao país.
A pergunta que cabe é quando o Brasil vai se desgovernar completamente com Jair Bolsonaro na presidência.
E o impedimento de Bolsonaro para governar é intransponível, porque é ele mesmo.
Incapaz, grosseiro, rasteiro, mergulhado no mundo pequeno dos ódios e sem nenhuma visão de país que não seja a das afirmações abstratas de grandeza.
Bolsonaro desocupa-se, para tuitar abobrinhas, de cuidar de um país que está mergulhado numa longa e profunda crise e, três anos depois do impeachment, só o que tem a dizer sobre ela são menções ao regime “comunista e corrupto” em que fabula termos vivido.
Helena, aí, tem razão em imaginar que “mesmo os bolsonaristas um dia comecem a enjoar da pauta ideológica ou de costumes quando perceberem que ela não vem acompanhada de medidas efetivas para resolver os problemas do país”.
Mas sinto, cara e lúcida colega: isso vai demorar.
Para manter-se no poder, como fez para vencer as eleições, Bolsonaro não precisa de projetos ou programas, basta-lhe insuflar o clima de ódio e contar com o apoio das armas, policiais e militares, para falar em nome da ordem e da repressão.
Ah, sim, e agradar o mercado, vendendo empresas, riquezas e queimando direitos sociais.
Isso não é governar, é desgovernar, deixar que a sociedade se organize pela lei da selva.
A elite, inclusive a econômica e a estatal, sabe dessa incapacidade. Mas quer Bolsonaro lá como um personagem de festinha infantil figurando para a plateia que temos, enfim, um governo.
Embora já não o tenhamos e, pelo visto, não o teremos, enquanto ele estiver lá.