Somente nos primeiros quatro meses de 2024, o Corpo de Bombeiros realizou 5.142 salvamentos
Por Vitor Fórneas

Em BH, os animais silvestres resgatados permanecem em área específica para cuidados, longe do público
Foto: Suziane Brugnara / PBH

Quarenta e dois animais silvestres são resgatados diariamente em Minas Gerais. Somente nos primeiros quatro meses de 2024, o Corpo de Bombeiros realizou 5.142 salvamentos. A ida dos animais para os centros urbanos pode ser explicada, segundo veterinários e militares, pelo desmatamento e ocupação de áreas rurais por moradias.
Março foi o mês com mais resgates de animais silvestres até o momento: 1.364 — veja a relação completa abaixo. O trabalho é realizado pelos bombeiros, após a corporação ser acionada, conforme explica o sargento Allan Azevedo, da assessoria de comunicação do Corpo de Bombeiros.
“A corporação atua em duas situações. A primeira é quando o animal silvestre oferece risco às pessoas, ou quando ele é que está em risco (se foi atingido por linha de cerol ou atacado por outro animal). Os militares vão até o local com equipamentos específicos para captura. Isso varia de acordo com o animal a ser resgatado”, afirma.
Uma das ferramentas utilizadas pelos agentes ao atender um chamado com onça, por exemplo, é o cambão. “Trata-se de um bastão com corda na ponta e que nos possibilita ajustar o tamanho do laço para alcançá-la. Quando é uma cobra temos que utilizar o capturador de serpentes. As técnicas variam”, aponta o sargento dos bombeiros.
Após o resgate, a equipe dos bombeiros analisa o estado de saúde do animal. “Tem casos em que ele só não não conseguia sair do local em que estava, mas está ótimo. Quando isso acontece, levamos o animal silvestre até a área de mata e o deixamos em um local onde irá conseguir se alimentar e proteger”.
Em alguns casos, por sua vez, os animais precisam ser encaminhados para atendimento especializado. “Um dos locais é o Centro de Triagem de Animais Silvestres ou, então, alguma clínica veterinária parceira. Passado o período de recuperação, o animal é levado para a natureza”, conta o sargento Azevedo.
É o que aconteceu com uma onça parda, que estava em recuperação do Zoológico de Belo Horizonte após ser atropelada, e iniciou o seu processo de retorno à natureza. O felino chegou ao espaço na capital mineira em fevereiro deste ano depois de ter sido resgatado pelo Corpo de Bombeiros próximo a uma rodovia em Campos Altos, na região do Alto Paranaíba. O animal, que é nativo do Brasil e das Américas, faz parte de uma espécie ameaçada de extinção.

Explicação
O grande volume de resgates de animais silvestres pode ser explicado, segundo a veterinária Marcela Ortiz, pela busca de alimentação. “Está faltando alimento na natureza para os animais. Isso acontece pois estamos invadindo as reservas, as áreas de mata. Logo, eles vêm para a área urbana”, afirma a doutora em zoologia.
A saída dos animais silvestres do habitat natural é, conforme explica Marcela, mais uma fase do processo de extinção. “A primeira é a perda do território. Isso faz com que eles busquem grandes cidades, ou fiquem em áreas marginais e depois acabem morrendo. É assim que as espécies são extintas”.
O sargento Azevedo destaca, por sua vez, que as construções próximas aos centros rurais ajudam a explicar o fenômeno. “Os animais vão ficando sem lugar e vão procurar alimentos e locais para se abrigar. Outro ponto que colabora é o incêndio florestal que deteriora a mata, além de provocar desmatamento”.
A recomendação, ao avistar algum animal silvestre, é acionar o Corpo de Bombeiros pelo 193. “Jamais tente fazer a captura, pois pode acontecer algum acidente”, recomenda o sargento Azevedo.

Balanço
Dados de captura de animais silvestre
Janeiro – 1.296
Fevereiro – 1.338
Março – 1.364
Abril – 1.144
Fonte – Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

4 × cinco =