Para 99 mil mineiros, a saga para conseguir um emprego formal no mercado de trabalho, no último ano, continua amarga.

O mesmo cenário assombra, pelo mesmo período, 1,7 milhão de brasileiros. É o que aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No total, 1,1 milhão de mineiros estão desempregados, o que representa 8,8% dos 12,5 milhões de brasileiros a procura de uma oportunidade para trabalhar e quase 20% dos desempregados da região Sudeste.

Apesar da taxa de desocupação ser a 3ª mais alta desde 2012, em relação ao mesmo trimestre de 2018 houve aumento do total de pessoas trabalhando por conta própria, ao passo que os números de empregados do setor privado, com ou sem carteira assinada, e de empregadores não apresentaram variações significativas no período. “A taxa de desocupação em Minas Gerais no 3º trimestre, de 9,9%, manteve-se abaixo da apresentada pelo Brasil, de 11,8%. Analisando as unidades da federação, observa-se que apenas São Paulo apresentou redução significativa em relação ao trimestre anterior, passando de 12,8% no 2º trimestre para 12,0% no 3º trimestre”, pontua Gustavo Fontes, analista da Coordenação Estadual da PNAD Contínua, em Minas.

Segundo Fontes, em relação ao mesmo trimestre de 2018, apenas Sergipe, Alagoas e São Paulo apresentaram queda do índice de desocupação, ao passo que Goiás e Mato Grosso apresentaram aumento. No 3º trimestre, as taxas de desocupação mais elevadas foram estimadas para a Bahia (16,8%), Amapá (16,7%) e Pernambuco (15,8%), enquanto as mais baixas foram observadas em Santa Catarina (5,8%) e Mato Grosso do Sul (7,5%).

Na questão de volume de postos de trabalho, os setores que mais empregaram foram o comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (1,8 mi pessoas ocupadas), administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (1,6 mi), indústria geral (1,4 mi) e agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (1,2 mi). Em relação ao 2º trimestre, a indústria geral apresentou uma expansão de 6,4% do total de ocupados, enquanto a agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura teve queda de 5,3%.

A procura por emprego faz parte da rotina de Luana Carvalho, 25, há cerca de 1 ano e 6 meses. Formada em administração, ela não conseguiu entrar no mercado após a conclusão de um estágio na área. “É muito frustrante porque você cria uma expectativa, investe dinheiro e tempo nos estudos, e o retorno é só porta na cara”, lamenta. Para cobrir seus gastos e ajudar nas despesas da casa, Luana ajuda a mãe na confecção de roupas, num cômodo com duas máquinas de costuras da própria casa.

Laurinda Carvalho, 53, mãe de Luana e costureira por vocação, desistiu de procurar uma vaga formal no mercado de trabalho desde que perdeu o emprego, em 2016. “Trabalhava como doméstica em uma casa no bairro Funcionários, mas fui demitida porque minha patroa na época também tinha sido mandada embora e eles precisavam cortar as despesas. Foi triste, trabalhei na casa deles mais de 5 anos”, conta.

Desalentada após 2 anos tentando firmar em uma nova oportunidade, a mãe decidiu transformar o hobby de costurar em forma de sustento. “Aprendi costura com a minha mãe. O rendimento não é tão bom, mas é mais certo”, acrescenta.

Desalentados

Assim como Laurinda, 397 mil pessoas, no 3º trimestre deste ano, estavam desalentadas (pessoas que desistiram de procurar emprego) em Minas Gerais, o que representa 6,3% da população do estado. No Brasil, o número de desalentados foi de 4,7 milhões de pessoas no terceiro trimestre. Os maiores contingentes estavam na Bahia (781 mil) e no Maranhão (592 mil) e os menores em Roraima (17 mil) e Amapá (19 mil).

O percentual de pessoas desalentadas foi de 4,2%. Os maiores percentuais estavam no Maranhão (18,3%) e Alagoas (16,5%) e os menores em Santa Catarina (1,1%), Rio Grande do Sul (1,3%) e Distrito Federal (1,3%).

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