É lúcida a entrevista do senador Randolfe Rodrigues a Guilherme Amado, no Metrópoles (íntegra, aqui), embora o título que lhe foi dada (“Bolsonaro vencerá se Lula não for mais plural”) não transmita exatamente o que diz o parlamentar da Rede.

“Se a esquerda, os progressistas, os democratas, os republicanos e os liberais não se esquecerem dos rancores que os dividiram no passado e não compreenderem que têm um papel imediato em combater essa estratégia, Bolsonaro vai ser reeleito.”

Esta é a expressão exata e, aliás, correta.

Da qual o próprio Randolfe é exemplo, quando os diálogos da Vaza Jato o fizeram rever seu apoio a Curitiba e reaproximar-se de Lula, que o recebeu sem rancores políticos.

A diferença está no fato de que, embora Lula esteja fazendo gestos de abertura – e não podia haver maior deles que trazer Geraldo Alckmin para o lugar de vice em sua chapa – é preciso que o centro e a centro-direita assumam também sua capacidade de reagirem a ideia de que a consequência de não apoiando o ex-presidente, há risco significativo de que o atual presidente possa vencer.

A rigor, é este o teor da entrevista de Randolfe que, claro, não deixa de defender que Lula dialogue com todo o espectro político, mas diz também que o ex-presidente “está consciente disso”:

“Quando Lula foi eleito [em 2002], eu era da esquerda do PT, e ele me mostrou como é fazer um governo desta natureza, conversando com todos os setores, fazendo as composições necessárias”.

Não é a Lula, mas ao PT, que o senador pede abertura para “compreender que o Lula não é patrimônio partidário, não pertence ao PT”.

Randolfe acerta na mosca ao deixar claro que, para ele, a eleição está irreversivelmente polarizada e que é preciso entende-la assim, sem desvios personalistas e até mesmo de divergências ideológicas naturais no campo democrático:

“É chegado o momento de ser chamada a responsabilidade de todos, de todos. O PT tem que ter consciência do que está se passando, e as lideranças políticas, inclusive mais experientes que eu, devem entender que não há espaço para segundo turno nesta eleição. O segundo turno é no primeiro. O Moro entendeu isso claramente, e já fez o movimento de retorno para onde ele veio. Ele é produto do bolsonarismo, nunca esteve comprometido com o campo democrático, e voltou para o lugar dele”.

Via Tijolaço

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