Atleta corre o risco de receber pena máxima pela manifestação política, o que inclui suspensão por seis jogos e pagamento de multa no valor de R$ 100 mil

A atleta de vôlei de praia Carolina Salgado Collett Solberg será julgada nesta terça-feira (13) pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Voleibol (STJD) por ter gritado “Fora Bolsonaro” em entrevista. Solberg corre o risco de receber pena máxima pela manifestação política, que pode chegar a seis jogos de suspensão mais pagamento de multa no valor de R$ 100 mil. Cabe recurso em caso de condenação, já que o julgamento ocorre em primeira instância.

Carol começou a jogar vôlei na praia ainda criança, aos 9 anos. Na época, ela frequentava a escola da mãe, a ex-jogadora Maria Isabel Barroso Salgado, que já se manifestou várias vezes contra o atual governo. Aos 11 anos, a atleta entrou para o time do Flamengo e, em 2002, jogou na seleção infanto-juvenil e foi campeã sul-americana.

Em 2003, ela passou a jogar com a irmã Maria Clara. Ao lado dela e com a mãe como técnica, foi vice-campeã do Circuito Mundial em 2013. As irmãs Salgado também foram vice-campeãs brasileiras das temporadas 2007 e 2014/2015. Em 2017, Carol foi eleita a melhor jogadora do Circuito Brasileiro.

A denúncia contra Solberg no STJD cita dois artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). O 191 se refere a “deixar de cumprir, ou dificultar o cumprimento de regulamento, geral ou especial, de competição” e o 258 a “assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva não tipificada pelas demais regras deste Código”.

O protesto da atleta aconteceu em 20 de setembro, após ela e Talita Antunes terem conquistado medalha de bronze na primeira etapa do Circuito Brasileiro do ano, em Saquarema. Por causa da manifestação, feita durante entrevista ao SporTV, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro passaram a ameaçá-la nas redes sociais. A própria Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) chegou a publicar comunicado registrando seu “repúdio à utilização dos eventos para realização de quaisquer manifestações de cunho político (…) atos como esse denigrem a imagem do esporte”.

Com a repercussão do caso, Carol lembrou que durante a Liga Mundial de Vôlei, em 2018, Wallace e Maurício Souza posaram para foto da seleção masculina fazendo o número 17 com os dedos durante a campanha de Jair Bolsonaro à presidência. Na ocasião, a CBV se manifestou contra, mas não agiu por respeito a liberdade de expressão.

Diversos atletas e movimentos sociais apoiaram a manifestação política de Carol Solberg. O comentarista da Rede Globo, Walter Casahgrande Jr, assim como o jornalista Juca Kfouri, foram alguns dos que prestaram solidariedade a ela e pediram respeito ao direito do atleta em se expressar politicamente.

Via Revista Fórum

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