Mas para Bolsonaro, nada é tão ruim que não possa piorar

A gasolina passou a ser vendida acima dos R$ 7,00 em Montes Claros, deste a última segunda-feira (01). O problema é que o álcool não é uma alternativa válida. O preço do litro do etanol passou dos R$ 5.

Quando candidato, o atual presidente garantia combustível barato nas bombas e reclamava dos R$ 2,69 por litro na gestão de petista. Agora, com o produto ultrapassando os R$ 7, a culpa é de todo mundo, menos dele
Durante o mês de abril de 2016, que culminou com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o preço médio da gasolina nos postos brasileiros era de R$ 2,69. Não foram poucos os casos de brasileiros indignados nas bombas de combustíveis que gravavam vídeos esculhambando com a chefe do Executivo federal, clamando por seu impedimento para que o preço do produto recusasse.

Recentemente, o ainda presidente participou de um evento para comemorar 1.000 dias de governo e falou sobre a alta no preço da gasolina e do dólar. De acordo com o presidente “nada é tão ruim que não possa piorar”.

“Alguém acha que eu não queria a gasolina R$ 4? Ou menos. Que o dólar tivesse a R$ 4 ou menos? Não é maldade da nossa parte. É uma realidade. E tem aquele ditado: ‘Nada está tão ruim que não possa piorar”’, escreveu.

Bolsonaro ainda citou uma passagem bíblica para ilustrar o momento do país. “Nada temeis, nem mesmo a morte, a não ser a morte eterna.”
O preço médio da gasolina subiu pela oitava semana nos postos de combustíveis do Brasil e permanece acima da marca por R$ 6 por litro. O levantamento foi feito pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Sonho e promessas com Bolsonaro
O então candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro encheu a mente de seu eleitorado com sonhos em relação ao preço dos combustíveis. Ele chegou a utilizar material de campanha que prometia o litro da gasolina a R$ 2,50. Num evento em outubro de 2018, no auge da disputa eleitoral, Bolsonaro disse o seguinte a líderes políticos que o apoiavam, durante um ato de campanha no Rio:

“Se cada litro de gasolina que você paga aqui no Rio de Janeiro, você bota R$1,60 a partir do ICMS (…) O que nós pretendemos fazer, junto com a equipe econômica, é buscar de fato a independência do petróleo. Sabemos a dificuldade que a empresa (Petrobras) tem de explorar, porque é uma empresa que foi quebrada pelo PT. Mas temos que buscar uma maneira, já que temos uma estatal que pratica o monopólio, de tirar o combustível e colocar o combustível na bomba dos postos do Brasil com preço compatível com a realidade brasileira.”

Realidade com Bolsonaro
O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, explicou em entrevista à Fórum, no final de setembro, como é formado o preço dos combustíveis no país e desmistificou as teorias de Jair Bolsonaro que atribuem culpa a vários atores, exceto a ele mesmo.

“O verdadeiro culpado pelos sucessivos reajustes dos combustíveis é a política de preço de paridade de importação (PPI), adotada pela gestão da Petrobrás, que se baseia nas cotações internacionais do petróleo, na variação do dólar e nos custos de importação, sem levar em conta que o Brasil produz internamente cerca de 90% do petróleo que consome”, afirmou Bacelar

O preço médio na gasolina no Brasil já bateu vários recordes em 2021 e atualmente é o maior da história: R$ 6,36 em média. Há postos de quatro estados cobrando mais de R$ 7 no litro do combustível. Os dados são da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O aumento, só de janeiro a julho deste ano, no primeiro semestre, foi de 27,51%, muito acima da inflação, que ficou em 4,76% naquele período.

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