José Múcio deverá encerrar sua atuação no governo com discrição, assim como discretamente foi essencial para remover os militares da política brasileira após quatro anos de protagonismo sob Jair Bolsonaro. Essa conquista, embora subestimada, representa um feito significativo para Lula e para o país.

Diante da possível saída de José Múcio Monteiro do Ministério da Defesa, o governo Lula cogita colocar o vice-presidente Geraldo Alckmin para comandar as Forças Armadas – Foto: José Cruz/Agência Brasil

No entanto, o governo enfrenta desafios internos. Se a militância petista não moderar suas tensões e a Casa Civil, liderada por Rui Costa, não adotar uma postura mais conciliadora, outro impacto poderá surgir: a possível saída de Ricardo Lewandowski, um ministro que não depende do cargo. A saída de Múcio, alguém que não precisava ficar, deve servir de alerta para o Palácio do Planalto.
Enquanto isso, uma decisão controversa do Superior Tribunal Militar (STM) reacendeu o debate sobre a Justiça Militar no Brasil. Por 8 votos a 6, o tribunal reduziu de 28 para quase 4 anos as penas de oito militares responsáveis por disparar 257 tiros contra o carro do músico Evaldo Rosa, em 2019. Evaldo morreu, seu sogro ficou ferido e Luciano Macedo, um catador que tentou ajudar, também perdeu a vida.
Além da redução das penas, que agora serão cumpridas em regime aberto, a decisão escancarou a desigualdade no sistema. O STM, composto majoritariamente por militares, reforça o argumento do ex-premiê francês Georges Clemenceau: “A Justiça Militar está para a Justiça assim como a música militar está para a música”.
Diante desse cenário, permanece a desconfiança. Caso réus de investigações sobre o golpe sejam julgados pela Justiça Militar, o resultado já parece traçado: os culpados serão inocentados e Lula, paradoxalmente, acusado por vencer a eleição. (* Com Novo Jornal)

Geraldo Alckmin ganha força para ocupar lugar de Múcio no comando das Forças Armadas: Implodido por vídeo da Marinha, ministro da Defesa deseja deixar o governo

Alckmin teria a serenidade e autoridade necessárias para o cargo

Diante da possível saída de José Múcio Monteiro do Ministério da Defesa, o governo Lula cogita colocar o vice-presidente Geraldo Alckmin para comandar as Forças Armadas. As informações são da colunista da Folha de São Paulo, Mônica Bérgamo, divulgadas nesta quinta-feira, 19 de dezembro.
Alckmin comanda atualmente o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e teria a serenidade e autoridade necessárias para o cargo, além de contar com a confiança de Lula.
Múcio teria ventilado que sua missão de apaziguar a relação do presidente com as Forças Armadas já teria sido cumprida e deve ter uma conversa com Lula nos próximos dias para decidir sobre sua permanência no governo. O ministro só teria aceitado o cargo em nome da sua lealdade ao petista.
Entretanto, interlocutores dele e do presidente deixam claro que a verdadeira gota d’água para Múcio foi o vídeo da Marinha publicado no dia 1º de dezembro nas redes sociais ironizando os supostos benefícios de militares em plena discussão do acordo da inclusão das Forças Armadas no pacote de corte de gastos da equipe econômica liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Tanto Haddad quanto Lula teriam ficado muito irritados com a repercussão do vídeo e foram para cima de Múcio, que alegou desconhecer a campanha publicitária. O episódio pôs fim à autonomia que os militares tinham para criar campanhas sem precisar do aval do ministro da Defesa e ainda quase causou a demissão do Comandante da Força Naval, Marcos Sampaio Olsen. O Almirante de Esquadra segue na corda bamba.
Outras consequências foram o estremecimento da relação da cúpula dos militares com o governo, que já estava bem melhor em relação ao início de 2022, e a desistência de Lula de só adotar a idade mínima de 55 anos pra transferência pra reserva remunerada em 2043. Com a irritação do presidente, venceu a proposta da Fazenda de adotar completamente a regra já em 2032

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