Durante evento na Fiemg, Bolsonaro mostrou apoio ao atual governador de Minas Gerais (Reprodução/FIEMG/YouTube)
Por Orion Teixeira
A visita de Bolsonaro a Minas, na quinta (28), demonstrou a desorientação do atual momento de sua pré-candidatura à reeleição ao cargo de presidente da República. No mesmo dia, um dos maiores institutos do país divulgou pesquisa em que ele estaria perdendo a eleição no 1º turno. Segundo o Datafolha, o maior rival dele, o ex-presidente Lula (PT) ampliou a vantagem entre eles, com diferença de 21pontos percentuais, capaz de dispensar segunda votação.
Outro dado, menos científico e mais político, é o fato de Bolsonaro insistir e apelar ao governador mineiro, Romeu Zema (Novo) para que lhe estenda a mão na campanha. Ao lado de Zema, Bolsonaro agarrou o braço dele, já que a mão não lhe foi dada, e disse que “não se mexe em time que está ganhando”.
Reafirmou, pela segunda vez em solo mineiro, de maneira explícita o apoio à pré-candidatura do governador, deixando seu candidato Carlos Viana(PL) no constrangimento do isolamento. No dia 30 de abril, fez o mesmo em Uberaba, na abertura da Expozebu, afirmando que Zema era exemplo de político e de governador.
Governador continua em cima do muro
Em ambos eventos, Zema reagiu de maneira protocolar e sem pedir votos para Bolsonaro. Em entrevista, justificou-se dizendo que seu partido, o Novo, tem candidato próprio a presidente, que é o empresário paulista Felipe D’ávila. Ou seja, o governador continua em cima do muro diante da polarização Lula e Bolsonaro enquanto lidera as pesquisas em Minas. Nas mesmas sondagens, Lula está liderando as pesquisas por aqui também. Dessa vez, é Zema não quer mexer em time que está ganhando, já que o eleitor mineiro, especialmente do interior (a maioria), está o escolhendo para governador e Lula para presidente. Pragmatismo oportunista e eleitoreiro comum na política tradicional da qual o partido Novo dizia ser avesso.
A leitura política que vai ficar, no entanto, é que ele e Bolsonaro estão juntos, embora Zema diga o contrário. Vai ficar carimbada a identidade entre eles, que será explorada por Kalil e os rivais. Viana, por outro lado, não compareceu ao evento empresarial bolsonarista em que o presidente recorreu a Zema. Disse que não foi não foi convidado. No outro evento, em que compareceu no mesmo dia, em Coronel Fabriciano (Vale do Aço), para inauguração de moradia popular, Viana foi; Zema não. Nem por isso, Bolsonaro pediu votos para o pré-candidato de seu partido.
Tudo somado, está ficando claro que a futura candidatura de Viana seria mais um fake News de Bolsonaro para pressionar Zema. Como disse, pragmático, o governador mineiro governador não deu demonstrações de socorrê-lo.
* Jornalista