Um dos maiores problemas contemporâneos e que aflige todas as gerações não é mais a ignorância, mas sim a “ignorância aprendida” que é, em sua essência, uma ignorância perversa que assume a forma de conhecimento adquirido por fontes supostamente confiáveis.

 A ignorância aprendida acaba por resultar em um novo tipo de ignorante, o “ignorante erudito”.

Uma mistura heterogênea de conceitos deturpados, meias verdades, fatos inventados, dados manipulados… e tudo isso cuidadosamente controlado por gigantescos meios de comunicação privados que desejam cumprir com uma missão: gerar um exército de “ignorantes eruditos”, geralmente recrutados das camadas altas e médias de nossa sociedade e que servem como tropa de choque dos interesses do grande capital.

Esse exército de “ignorantes eruditos” consegue ver vantagens na destruição da previdência pública, dos direitos sociais e na falência da democracia e do Estado de Direito.

Consegue ver o mundo de maneira distorcida e desequilibrada… Chega a acreditar que países que sofrem as mais flagrantes agressões dos países centrais, como Cuba e Venezuela, são nossos inimigos… enquanto países como EUA e Alemanha, que realizam diariamente um processo de pilhagem de nossas riquezas, são vistos como nossos “aliados estratégicos”.

O “ignorante erudito” não está somente em um nível inferior do que aquele que se encontra no estado da simples ignorância. Ele está enraizado em um duro e sujo universo de mentira e manipulação, fazendo com que a sua própria libertação se torne em uma missão muito mais difícil, quando não, impossível.

Mas esse fenômeno não é inédito, embora hoje traja novas roupagens e porte armas mais sofisticadas. A ele o combate sempre se deu por três frentes: a contrainformação, o debate crítico e a sátira.

Hoje temos também a missão de criarmos mecanismos eficazes de sabotagem e boicote aos meios de comunicação formadores desse exército.

Um bom começo seria nos recusarmos explicitamente a não mais se valer desses meios para qualquer tipo de pronunciamento.

Para além das redes sociais, ocupar as ruas é também um dever fundamental. E nas ruas a verdade há sempre de prevalecer.

A verdade é um conhecido e temido animal… ela é rebelde, não aceita ficar presa e tão pouco é possível de ser domada. Ela é a mãe de todas as insurreições e o primeiro passo de todas as revoluções.

* Carlos D’Incao é historiador e professor
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