O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, confessou em entrevista à Revista Veja que os três poderes entraram em conluio para impedir que Lula fosse solto, que Flávio Bolsonaro fosse investigado e que seu pai, o presidente Bolsonaro, sofresse um processo de impeachment. Tudo isso entre abril e maio deste ano.
A Revista Veja aponta que mais de trinta reuniões foram realizadas entre Bolsonaro, Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre, Dias Toffoli e militares. Tudo para colocar panos quentes; manter Lula preso; barrar as investigações contra a família Bolsonaro; segurar os ataques contra o STF e aprovar a “reforma” da Previdência.
– É um grande acordo nacional, “com o Supremo, com tudo”. Para ferrar o povo.
Não se trata de teoria da conspiração. É o próprio Dias Toffoli que está dizendo. Cabe a pergunta: por que agora? Será que o acordo está rompido?
Dias Toffoli, confirmou que o Brasil esteve à beira de uma crise institucional entre os meses de abril e maio e disse que atuou para tentar acalmar a situação. Os setores político e empresarial estavam muito insatisfeitos com o presidente Jair Bolsonaro. Um grupo de parlamentares resolveu tirar da gaveta um projeto que previa a implantação do parlamentarismo. Empresários do setor industrial discutiam a possibilidade de um impeachment do presidente.
Um dos generais próximos ao chefe do Planalto consultou um ministro do STF para saber se estaria correta a sua interpretação da Constituição segundo a qual o Exército, em caso de necessidade, poderia usar tropas para garantir “a lei e a ordem”. A informação é de Veja.
Quando o clima esquentou, Bolsonaro, Toffoli, o deputado Rodrigo Maia (DME-RJ), presidente da Câmara, e o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado, além de autoridades militares, se reuniram separadamente mais de três dezenas de vezes e fizeram o chamado Pacto dos Três Poderes. Entre os itens da pauta estava io adiamento da sessão em que a corte julgaria a legalidade das prisões em segunda instância, o que poderia resultar na libertação do ex-presidente Lula.
Bolsonaro é o presidente mais impopular em começo de mandato desde a remodecratização, de acordo com um levantamento Datafolha. “Para 33%, o presidente faz um trabalho ótimo ou bom. Para 31%, regular, e para outros 33%, ruim ou péssimo. Com variações mínimas, é o mesmo cenário que se desenhou três meses atrás, no mais recente levantamento do instituto”, aponta a reportagem da Folha de S.Paulo.
“Aos seis meses na cadeira, Collor tinha uma aprovação igual à de Bolsonaro (34%), mas 20% de rejeição. Todos os outros presidentes em primeiro mandato desde então se deram melhor”, aponta ainda o texto.
Além das dificuldades de articulação, a falta de proposta para a retomada do crescimento econômico é outro ponto fraco do governo. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o País tem cerca de 13 milhões de desempregados (taxa de 12%) e as estimativas oficiais de crescimento do PIB para 2019 estão abaixo de 1%.