Antônio Alvimar disse aos professores, durante ato de protesto, que categoria pode ter que devolver o que já recebeu
Professores que recebiam o adicional por dedicação exclusiva (DE) na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) foram comunicados do corte por e-mail, na noite de ontem (terça-feira). O comunicado da reitoria causou indignação na categoria, que na manhã desta quarta-feira realizou um ato de protesto contra a medida e em contraposição às atividades programadas pela universidade em alusão ao Dia do Servidor Público.
Enquanto o reitor Antônio Alvimar participava da inauguração de um espaço literário, em frente à Secretaria-Geral, manifestantes ligaram o carro de som e, munidos com faixas, gritaram contra o corte. Ele pediu a palavra, o que foi permitido pelo comando do movimento, mas acabou acirrando os ânimos ao reforçar a necessidade da medida para atendimento à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que limita gastos.
Segundo ele, a DE é uma concessão política feita pelo ex-governador Fernando Pimentel, não acatada pelo atual, Romeu Zema. O reitor defendeu o corte, alegando cumprimento da lei, e provocou os professores ao dizer que há o risco deles terem que devolver o que já foi recebido. Os manifestantes cobraram dele uma posição política em defesa da universidade e contra os cortes, por meio de nota oficial, mas Alvimar desconversou.
A fala reforçou o temor de que os professores, que já recebem o menor salário entre as universidades públicas do país, podem ter seus salários reduzidos ao vencimento básico, pois a jornada estendida e o transporte aos campi também foram retirados. No entendimento da categoria, as medidas restritivas podem dar sequência e aprofundar a fuga de doutores na Unimontes.
Para a presidente da Associação dos Docentes da Unimontes (Adunimontes), Ana Paula Thé, o corte nas DE´s é o princípio da privatização, pleito de Zema, defensor ferrenho do estado mínimo. Por isso, segundo ela, o Estado não se desvinculou ainda da LRF, embora já pudesse ter feito isso. “Nós vamos continuar lutando por uma universidade pública, gratuita e de qualidade”, reiterou.
Após a inauguração estava previsto um “momento de espiritualidade” na quadra do Centro Esportivo, mas a atividade foi cancelada devido à manifestação. O vice-presidente da Adunimontes, Rafael Baioni, já questionara o fato de a reitoria convidar os professores para um evento espiritual imediatamente após eles dormirem indignados com o comunicado do corte.
A medida é considerada um ato de má-fé do reitor, considerando que a DE foi instituída pelo Conselho Universitário (Consu). “É uma necessidade para que os professores possam se dedicar ao ensino, pesquisa e extensão”, disse Ana Thé. A categoria também questiona a justificativa oficial de cumprimento da LRF, informando que há grande número de funcionários comissionados ligados diretamente ao reitor, 55 apenas no campus de Montes Claros.
O professor Ildenílson Meireles disse que a posição do reitor é de servidão voluntária e lembrou que a retirada do adicional não é determinação do governo, mas orientação, acatada sem questionamentos por parte da reitoria. “Isso é servilismo”, acusou. A Adunimontes convocou para amanhã, 31, às 10h30, em frente à reitoria, assembleia para definir ações
Via Waldo Ferreira – Assessoria de Comunicação da Adunimontes