– Custeio e folha serão encolhidos. Professor já está arcando com transporte, que universidade assumia – 

Dez por cento do valor destinado ao custeio da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) em 2018 sofrerão cortes do governo ultraliberal do governador Romeu Zema.
Somada aos 20% de corte na folha, também determinado pelo atual mandatário do Estado, a medida simplesmente ameaça inviabilizar o funcionamento da Universidade.
A sanha restritiva de Zema em serviços essenciais – desconsiderados como tal por ele – cai como uma bomba num orçamento já deficitário (veja números abaixo).
Para se ter ideia do prejuízo, a Unimontes dispôs ano passado de R$ 68 milhões para seu custeio. Desses, pouco mais de R$ 42 milhões (62%) destinados à operacionalização do Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF).
A unidade atende 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e será duramente afetada pela medida, tornando ainda mais precária a assistência à saúde dos que mais precisam.
Restaram menos de R$ 26 milhões (38%) para o custeio dos demais segmentos da universidade, incluindo toda a estrutura do campus (Montes Claros) e campi distribuídos no Norte de Minas.
Defensor do estado mínimo, que vira as costas para o ensino público e deixa que os exploradores do ensino privado façam a festa, Zema vê nas estruturas da Unimontes, da Universidade de Minas Gerais (Uemg) e nos professores um grande entrave ao seu projeto de desmantelamento de um estado que deveria ser voltado para o povo.
Os cortes já atingiram o transporte dos professores, que a partir de agora terão que arcar do próprio bolso com as despesas de deslocamento para os municípios de Janaúba, Januária, São Francisco, Pirapora e Salinas.
Ao promover esses cortes, comprometendo o futuro de milhares de alunos e professores, bem como os projetos de pesquisa (veja abaixo), Zema trata a universidade como se estivesse atrás do balcão de suas lojas.
Ignora que o dinheiro que administra não é seu, mas sim da população, devendo retornar a esta em forma, sobretudo, de serviço público de qualidade, notadamente na formação dos cidadãos.
“O objetivo parece ser quebrar a Unimontes”, desabafou o presidente da associação dos Docentes da Unimontes (Adunimontes), Afrânio Farias de Melo Júnior.
A representação da categoria tem feito uma série de mobilizações na sociedade e na esfera política para tentar barrar as medidas, alvos de preocupação de toda a comunidade universitária.
DCE – O Diretório Central dos Estudantes divulgou nota criticando o que chamou de “desmonte da Unimontes”, que atinge a assistência estudantil e as bolsas de iniciação científica.
“A medida é mais uma irresponsabilidade de Zema, uma demonstração de total indiferença para com a pesquisa e a produção de conhecimento na universidade, promovendo o sucateamento do ensino superior. Com isso, ele ignora totalmente a condição socioeconômica dos bolsistas selecionados por processo seletivo”, diz a nota.
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O TAMANHO DO DRAMA
Custeio/2018
R$ 68.130.884,00
HUCF: R$ 42.405.883,00 (62%)
Unimontes: R$ 25.725,051,00 (38%)
11.781 alunos nos cursos de graduação
445 alunos no pós lato sensu
705 alunos no pós stricto sensu
Mais de 2 mil bolsistas
351 doutores/471 mestres/294 especialistas
11 mestrados acadêmicos
7 mestrados profissionais
4 doutorados
11 acordos de cooperação com países e 27 universidades estrangeiras
296 projetos de pesquisas em andamento
160 projetos de extensão em andamento
540 mil procedimentos médico-hospitalares/ano

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