Nos últimos anos, agrotóxico já matou 120 pessoas e houve mais de 2.500 internações por intoxicação
A manchete do jornal O Norte, desta terça-feira, 7, destaca o avanço do uso de defensivos agrícolas em fazendas mineiras, que acontece em uma velocidade superior à registrada na média nacional.
O jornal da família Muniz, só não explicou que a ainda deputada Raquel Muniz foi uma das deputadas que votou a favor do PL do Veneno, que alivia o controle de agrotóxicos.

O projeto aprovado em comissão especial da Câmara, com votos de Raquel e de Zé Silva, prevê esconder o termo agrotóxico de produtos e dá mais poder para Ministério da Agricultura para deliberar sobre substâncias permitidas. (Leia aqui)
Das nove mortes registradas em Minas neste ano por intoxicação por agrotóxico, uma foi em São João da Ponte, no Norte de Minas.

Segue a matéria do O Norte

Veneno no campo matou 120 em 7 anos

 Desenvolvido para eliminar pragas nas lavouras, os agrotóxicos também têm provocado mortes em Minas. Nos últimos sete anos, 120 pessoas perderam a vida após contato direto ou indireto com a substância química. Entre 2012 e 2018 foram mais de 2.500 internações por intoxicação.

Os números da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) vão ao encontro de uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Conforme o estudo, o avanço do uso de defensivos agrícolas em fazendas mineiras acontece em uma velocidade superior à registrada na média nacional.

De acordo com a SES, a aplicação desses pesticidas aumenta a exposição da população. Geralmente, as intoxicações ocorrem por meio de inalação ou ingestão. Alimentos com resíduos dos produtos também apresentam risco.

Os efeitos no organismo variam de acordo com “o princípio ativo, a dose absorvida, a forma de exposição e as características individuais da pessoa exposta”, explica nota da pasta. Os mais vulneráveis são os trabalhadores do campo, mas crianças, gestantes, lactantes e idosos estão no grupo de risco.

“Os agrotóxicos são substâncias com o objetivo claro de destruir pragas. Acontece que, assim como atuam no sistema nervoso do inseto, fazem o mesmo com as pessoas”, diz o professor Marcus Vinicius Polignano, do Departamento de Medicina Preventiva Social da UFMG.

Segundo o médico, até mesmo o leite materno pode ser contaminado pelos defensivos agrícolas. Outras pesquisas vão além e associam casos de câncer ao contato com os defensivos.

CINTURÃO
Das nove mortes registradas em Minas neste ano por intoxicação por agrotóxico, uma foi em São João da Ponte, no Norte de Minas.

Para tentar mudar esse quadro, a Emater está implantando um projeto com agricultores na região que visa eliminar o uso de componentes químicos no cultivo – o Cinturão Verde.

Apesar de o órgão não ter um controle sobre o uso do agrotóxico nas lavouras, técnicos pontuam que no Norte de Minas os produtores rurais estão reduzindo o uso de produtos com substâncias venenosas, substituindo pelos naturais.

Dos 60 produtores rurais que compõem o Cinturão Verde, pelo menos 30 estão em processo de transição para conseguir o selo Sem Agrotóxico (SAT), que garante ao consumidor que as verduras e frutas não possuem venenos normalmente utilizados nas plantações.

Além disso, o produtor que possui o SAT tem assistência técnica do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) que coleta uma amostra e verifica em laboratório se o produto é isento de agrotóxicos.

“Estamos ensinando o homem do campo a produzir compostos naturais que podem ser usados para combater pragas. As caldas naturais são soluções alternativas para o manejo e controle de pragas e doenças, sem dizimar. Elas podem ser feitas de pimenta, sabão em pó, fumo, vinagre”, explica o extensionista da Emater José Carlos Dias.

Produto químico passa bem longe do cultivo de morangos – um dos produtos mais “acusados” de contaminação por agrotóxico – de José Simael Silva. Presidente da Associação dos Produtores de Hortifrutigranjeiros da Região do Pentáurea (Aspropen), que reúne cerca de 120 famílias, ele diz que esse é o diferencial na hora da comercialização.

“Usamos produtos com composições naturais, assim podemos vender na Ceanorte e feiras livres da cidade”.

Representantes dos produtores rurais negam os perigos para a população em geral. “Quem mais tem problema em relação ao uso de agroquímicos é o aplicador do produto, e não o consumidor. Por isso, a necessidade de equipamento de proteção individual, como máscara”, afirma o engenheiro agrônomo e analista de agronegócios da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Caio Coimbra.

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