“Quem se espanta com a presença do suposto assassino da Marielle morando tão perto de um presidente da República vai se espantar ainda mais com a revelação de que as armas — sobre as quais nunca mais se ouviu falar — tinham chegado para a milícia da zona, via Sedex, e foram recebidas pelo porteiro do condomínio”, diz o colunista Luis Fernando Verissimo

Em artigo publicado nesta quinta-feira, o escritor Luis Fernando Verissimo ironiza a proximidade e a promiscuidade de Jair Bolsonaro com as milícias e o mundo do crime. “No mesmo condomínio da Barra, no Rio, onde mora o presidente da República quando não está em Brasília, mora um filho do presidente, mora um dos suspeitos de ter matado a Marielle (preso, no momento), mora o dono até agora não identificado da casa onde encontraram todas aquelas armas, moram os Três Porquinhos pobres e o Lobo Mau, que, compreensivelmente, não se falam quando se cruzam na área social do condomínio, moram Cinderela e suas irmãs invejosas, que também não podem se enxergar, e uma lista de condôminos inimagináveis que só agora começa a ser conhecida. A lista é enorme e cheia de surpresas”, diz ele.

“No estranho condomínio, Batman e o Coringa são quase vizinhos. Quem se espanta com a presença do suposto assassino da Marielle morando tão perto de um presidente da República vai se espantar ainda mais com a revelação de que as armas — sobre as quais nunca mais se ouviu falar — tinham chegado para a milícia da zona, via Sedex, e foram recebidas pelo porteiro do condomínio. Mais tarde, o porteiro diria que vira o tamanho dos pacotes e as pontas de ferro aparecendo e concluíra que eram patinetes”, aponta ainda o escritor.

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