– Governador reiterou cortes e culpou gestão anterior pela falta de dinheiro –
A visita do governador Romeu Zema ao Norte de Minas semana passada foi marcada por evasivas. Nada de novo (embora NOVO seja seu partido), nem recurso algum foi anunciado. Sobre a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), cuja comunidade acadêmica vive a angústia de ver serviços comprometidos devido aos cortes impostos pelo governador, ele não acendeu nenhuma luz, nem no final do túnel.
A Unimontes sofre com as restrições de 20% na folha e de 10% no custeio para este ano. Na inútil vinda do mandatário a Montes Claros, onde se reuniu com o reitor Antônio Alvimar – não no campus, como que a simbolizar o descaso dele para com a universidade, mas na sede da 11ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp) -, nenhum anúncio que desse algum alento a professores, estudantes e servidores. Ao contrário, repetiu sistematicamente o mantra de que a culpa pela crise é do governo anterior.
Por isso, reiterou, a instituição também vai ter que “pagar o pato”, pois, alegou, há outras prioridades. Sobre o Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF), que tem o atendimento à população comprometido e equipamentos subutilizados por falta de pessoal – e ao qual o Estado deve R$ 3 milhões de repasses atrasados -, Zema se limitou a dizer que outros hospitais vivem o mesmo problema.
A Associação dos Docentes da Unimontes (Adunimontes) divulgou nota lamentando a postura do governador em relação à universidade. Para a entidade, a decisão de fazer os cortes foi fria e precipitada, representando o encolhimento da instituição. “A medida do governador reflete a importância que ele atribui à educação e ao Norte de Minas, como também um modelo de gestão que tende a aumentar as desigualdades regionais no estado”, diz a nota.
A Adunimontes denuncia a carência acentuada de infraestrutura em todos os campi, inclusive na sede em Montes Claros. “Nesse cenário, os cortes acarretarão o cancelamento de atividades e serviços, além de alterar profundamente a dinâmica de todas as atividades da universidade”, continua. A entidade considera que a decisão de cancelar o transporte de professores, sobre a qual Zema desconversou quando esteve na cidade, foi “arbitrária e repentina”, deixando centenas de alunos sem aula.
“Perguntamos ao governador qual será a real contribuição dos cortes da Unimontes para o caixa, uma vez que representamos apenas cerca de 038% da folha do Estado e damos, como retorno, desenvolvimento econômico e educacional decisivos às regiões que mais necessitam. Perguntamos ainda como o governador pretende amparar o Norte, Noroeste e Vale do Jequitinhonha após retirar dessas regiões um quinhão de suas oportunidades de desenvolvimento”, indaga a Adunimontes.
Segundo a entidade, a Unimontes, hoje, desenvolve mais de 200 projetos de pesquisas que pensam, discutem e propõem soluções para problemas da região. A universidade está em 14 cidades, atende cerca de 12 mil alunos, oferece mais de 40 cursos de graduação e 22 de pós-graduação, além de prestar assistência médica, odontológica, jurídica, agroecológica e pedagógica gratuita a milhares de cidadãos por meio de mais de 160 projetos de extensão.
De acordo com a nota, “a lógica de se considerar a educação pública uma atividade alienável ou como uma fonte de despesas tem conduzido o país e região a índices de precariedade educacional de reversão cada vez mais difícil. A educação é um modo de investimento social cujo retorno é incalculável”.
“A Adunimontes se posiciona absolutamente contrária aos cortes impostos pelo governo e antecipa que não assistirá passivamente ao desmonte, à precarização e ao abandono da Unimontes. Ao longo dos anos, esta instituição cresceu e se consolidou por meio de muitos percursos de luta que objetivaram, sempre, fortalecer e preservar a Unimontes como uma agência de produção e difusão de conhecimento que transforma o Norte de Minas. Encolhimento, não!”, finaliza.