Um dos principais jornais dos Estados Unidos destacou a comoção pela morte da vereadora e o mito da democracia racial no Brasil

Um dos principais jornais nos Estados Unidos, o jornal The Washington Post dedicou sua capa desta terça-feira 20 à política e ativista Marielle Franco, morta sumariamente na noite de quarta-feira 14 no Rio de Janeiro, cidade onde construía sua trajetória pessoal e política.

O jornal afirma que se o caso pretendia “silenciar uma política negra que se elevou rapidamente e que denunciava policiais corruptos, o aparente assassinato de Franco fez o contrário. Nos últimos dias, a maior nação da América Latina observou com admiração uma figura pouco conhecida fora do Rio, transformada agora em símbolo global da opressão racial.”

A grande repercussão do caso internacionalmente, com homenagens e protestos em Londres, Paris, Munique, Estocolmo e Lisboa, além de um grande ato Nova York, e uma vigília marcada para esta terça-feira em Madri, chamou atenção pelo movimento feito dentro das redes. Segundo o Post, milhares de pessoas que nunca haviam ouviram uma linha sobre Marielle tomaram emprestado do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) a hashtag #SayHerName, usada para mulheres negras vítimas da violência e brutalidade policial.

O mito de que no Brasil vivesse uma democracia racial, onde a convivência e direitos entre brancos e negros está pacificamente, foi o ponto de maior destaque da reportagem. O jornal afirma que a comoção à morte da ativista por brancos em condições sociais favorecidas orbita na lógica de Marielle é vítima de uma país em crise, em especial de segurança.

Mas, segunda abordagem do Post “ativistas negros e de esquerda chamam essa atitude como parte do problema. Eles dizem que isso reflete um sistema de crenças que finge que a raça não está relacionada com a violência desproporcional sofrida pelos brasileiros de cor – especialmente nas mãos da justiça.”

O jornal encerra afirmando que “políticos homens e brancos no Brasil também procuraram levar os policiais corruptos à justiça. Mas Franco foi alvo, insistem seus defensores, porque tirar a vida de uma mulher negra é menos arriscado no Brasil, especialmente em um estado onde apenas 1 em cada 10 casos de homicídio são elucidados.”

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