No último domingo (26), o governador de Minas, Romeu Zema, sobrevoou regiões mineiras afetadas pela chuva em companhia do ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, e concedeu entrevista coletiva à imprensa depois do voo. Na entrevista, o governador lamentou os óbitos, analisou o problema das ocupações em áreas de risco, mas cometeu um deslize ao atribuir a responsabilidade de algumas mortes pela não obediência às orientações dos órgãos governamentais.

Zema chegou a afirmar que a ocupação de áreas de risco por residências tem relação com um contexto social mais amplo que envolve falta de recursos para moradia. Nesse sentido, ele afirmou que discutiu com o ministro Canuto a necessidade de reativação de programas habitacionais, mas que o problema da moradia não será solucionado rapidamente e deve demorar décadas para ser solucionado.

Entretanto, ao final da entrevista, o governador afirmou que muitas das vidas perdidas na última semana aconteceram porque as orientações dos Bombeiros e da Defesa Civil não foram obedecidas pela população. Segundo ele, uma família que perdeu quatro pessoas teria sido orientada a deixar a casa, saído, porém voltado antes do período de chuvas terminar.

Embora o governador quisesse chamar atenção para a necessidade de priorizar o trabalho com famílias como a mencionada, a fala dele revela certo despreparo ou inocência para lidar com a população que vive em áreas de risco. Como ele mesmo pontuou no início da entrevista, grande parte das pessoas que vive em áreas de risco e está mais exposta às consequências das graves chuvas não possui recursos e seus únicos bens estão em suas residências.

Por mais que, diante de um cenário de ameaça à vida, os que olham de fora pensem prioritariamente em preservá-la, para algumas pessoas que tem pouco, os bens podem representar parte fundamental da vida. Além disso, é necessário pensar na relação afetiva das pessoas com suas residências e a vontade de se sentirem seguros debaixo do teto que construíram.

No último boletim divulgado às 18h desta segunda-feira (27), a Defesa Civil de Minas Gerais contabilizava 18.111 afetados pelas chuvas, dos quais 14.609 estão desalojados e 3.386 desabrigados. O número de mortos, até o momento, é 47 e quatro pessoas estão desaparecidas, uma em Conselheiro Lafaiete e três em Luisburgo.

Via Os Inconfidentes

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