Atlético e Cruzeiro estabelecem clássicos até o fim de 2025 com torcidas únicas

Acordo entrará em vigor no próximo sábado (3), na Arena MRV, com a presença exclusiva de torcedores atleticanos. Atlético e Cruzeiro firmaram acordo com o Ministério Público para que todos os clássicos aconteçam apenas com torcedores do clube mandante até o fim de 2025, em todas as competições que as equipes estiverem disputando. O trato já entra em vigor a partir deste sábado (3), às 19h30, em duelo na Arena MRV, válido pela terceira rodada do Campeonato Mineiro. Presidente da Associação do Atlético, Sérgio Coelho confirmou a O Tempo Sports que o acordo só poderá ser rescindido antes do prazo inicialmente previsto caso haja consenso entre os clubes. A reportagem também solicitou ao Cruzeiro a confirmação do acordo, mas, até a publicação desta matéria, o clube celeste ainda não havia se pronunciado oficialmente. No último clássico, que marcou a estreia da Arena MRV em duelos entre Atlético x Cruzeiro, a partida ficou marcada por uma série de incidentes envolvendo a torcida visitante. O Atlético não disponiblizou papel higiênico nos banheiros e retirou as portas que dão privacidade a quem usa o vaso sanitário na área destina aos torcedores do Cruzeiro. Também foi proibido a venda de bebida alcoólica no setor visitante. Houve também reclamação por parte do Atlético, que relatou que os prejuízos causados pela torcida cruzeirense chegou a R$ 150 mil, contando com 285 cadeiras quebradas, 11 catracas do setor visitante danificadas, entre outros equipamentos.

AMELINA CHAVES, DOUTORA HONORIS CAUSA – Por Wagner Rocha*

A escritora Amelina Chaves, falecida na semana passada aos 92 anos de idade, deixa um legado literário que merece ser estudado e pesquisado. Sem dúvida, trata-se de uma das mais significativas expoentes da escrita feminina produzida no norte de Minas Gerais. Em 2019, como membro docente, tomei a iniciativa de apresentar ao Conselho Universitário da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes -, proposta de concessão do título de Doutora Honoris Causa a essa aguerrida escritora. O Regimento Geral da Unimontes estabelece que o referido título – considerado o mais expressivo reconhecimento universitário – pode ser concedido apenas a personalidades que tenham se destacado e contribuído para o desenvolvimento da sociedade. Isto, levando-se em consideração a atuação nos mais diversos campos como a ciência, a literatura, a arte de um modo geral, a educação, a cultura, a política, a promoção da paz e outras formas de intervenção social. Assim, devido à relevância literária, educacional e cultural do conjunto da obra de Amelina Chaves, o Conselho Universitário aprovou, por unanimidade, a minha iniciativa. Muito emocionada, Amelina em seu pronunciamento durante a solenidade de outorga do título, ocorrida aos 16 de outubro de 2019, sintetizou com humildade o seu sentimento naquela ocasião: “a minha alma está de joelhos”. Ao longo da sua vida dedicou-se incansavelmente ao ofício de representar, através da arte da palavra, aspectos consideráveis da condição humana, sobretudo associados ao homem do sertão e aos valores culturais da região norte-mineira, proporcionando assim uma maior compreensão da história do nosso povo. Autora de mais de trinta livros, Amelina Chaves ousou escrever explorando variados gêneros literários (romance, conto, poesia, biografia, literatura infantil…). Dentre às suas publicações, destacam-se: “Diário de um marginal”, “Jagunços e coronéis”, “Andarilho do São Francisco”, “Os olhos da noite”, “Livro Proibido”, “O câncer da vingança”, “O rancho da lua”, “Poemas da solidão”, “O flagelado”, “Folclore, quitutes e amor: contos e receitas de comidas típicas regionais”, “Príapo de Ébano”, este último indicado para o PAES/Unimontes (3ª etapa)/2019. Merecedores de destaque também são os seguintes livros biográficos de sua autoria: “Hermes de Paula: passado e presente”, “O eclético Darcy Ribeiro”, “Téo Azevedo: catrumano 70”, “João Chaves: eterna lembrança”. E ainda as obras infantis “Ventania, um cachorrinho sonhador” e “O menino que sonhava com as estrelas”. Vale lembrar que Amelina Chaves, nascida na vila do Sapé em 1931 – então localidade de Francisco Sá e, posteriormente, de Capitão Enéas -, mesmo diante das dificuldades impostas pela vida, conseguiu conciliar a dedicação à sua numerosa família com as atividades literárias. A escritora pertenceu à Academia Montes-clarense de Letras, à Academia Feminina de Letras de Montes Claros, ao Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros e à Associação dos Poetas e Repentistas do Norte de Minas, tendo sido a sua primeira presidenta. Além disso, fez parte de importantes mobilizações voltadas para a defesa das artes e das letras. Ainda na mocidade, atuou como professora na alfabetização de crianças, jovens e adultos. Amelina Chaves desenvolveu um notável talento para a criação literária desde cedo. Os personagens das suas narrativas eram construídos com muito engenho e sensibilidade. Temas de extrema importância foram aludidos por ela. Transgressora, soube dar voz às mulheres silenciadas pela concepção patriarcal da sociedade, rompendo tabus, decantando o desejo, o amor e a paixão, através das marcas libertárias da sua literatura. Li com atenção grande parte dos escritos de Amelina e, de modo especial, considero “O andarilho de São Francisco” um enredo primoroso. (*) Escritor, poeta e professor da Unimontes.

Mortes violentas da população LGBTQIA+ disparam mais de 60% em Minas

As mortes violentas de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais aumentaram 66% em Minas. Foram 30 assassinatos e suicídios de pessoas LGBTQIA+ em 2023, contra 18 no ano anterior. Especialistas afirmam que os números são alarmantes e evidenciam a urgência de ações e políticas públicas efetivas para enfrentar o problema. O dado é do Grupo Gay da Bahia (GGB), ONG LGBT mais antiga da América Latina, fundada na década de 1980. No Brasil, foram 257 vidas perdidas no ano passado. O país é o campeão mundial de mortes de forma violenta. O relatório foi feito com base em notícias, pesquisas e informações obtidas com parentes das vítimas. O levantamento mostra que, pela primeira vez em 40 anos, o Sudeste assumiu a primeira posição, com 100 casos registrados. Outra estatística preocupante é que Minas subiu no ranking nacional. O Estado passou do quarto lugar em 2020 para o segundo em 2023. Apenas em Belo Horizonte foram 4 mortes. Continue lendo depois da publicidade Outra estatística preocupante é que Minas subiu no ranking nacional. O estado passou do quarto lugar em 2020 para o segundo em 2023 “Infelizmente, tais dados evidenciam que, diferentemente do que se propala e que todos aspiramos, maior escolaridade e melhor qualidade material de vida regional (IDH) não têm funcionado como antídotos à violência letal homotransfóbica”, afirma o coordenador do Centro de Documentação do Grupo Dignidade de Curitiba, Alberto Schmitz. Para o antropólogo, professor da Universidade Federal da Bahia e fundador do Grupo Gay da Bahia, Luiz Mott, ainda não há uma explicação sociológica evidente sobre o crescimento dos registros violentos nos estados do Sudeste. No entanto, ele explica que, em termos absolutos, a distribuição dos assassinatos de LGBTQI-A+ em 2023 por estados demonstrou equivalência proporcional entre as quatro unidades mais populosas da federação (SP, MG, RJ, BA) e o respectivo número de mortes violentas desse grupo. Leia também Montes Claros terá roda de conversa sobre direitos das pessoas trans Políticas públicas Para a ONG, os números alarmantes reforçam a necessidade de ações, a começar pela contabilização oficial dos óbitos. “O Grupo Gay da Bahia sempre reivindicou que o poder público se encarregasse das estatísticas de ódio em relação a LGBT, negros e indígenas. Mas, infelizmente, nem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) incluiu os LGBTs no censo de forma sistemática e universal, e muito menos as delegacias e secretarias de Segurança Pública”, analisa Mott. O antropólogo reforça que o poder público precisa garantir a segurança da população LGBT. “É um dado grave, reflexo da homofobia e homotransfobia institucional e estrutural”. Segundo o Grupo Gay da Bahia, do total de mortes 2023, as autoridades policiais conseguiram elucidar os autores de apenas 77. “Esse quadro reflete a falta de monitoramento efetivo da violência homotransfóbica pelo Estado brasileiro, resultando inevitavelmente na subnotificação, representando apenas a ponta visível de um iceberg de ódio e derramamento de sangue”.