Morre Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, aos 89 anos

O líder da esquerda uruguaia travava uma batalha contra o câncer e morreu em casa Faleceu nesta terça-feira (13) o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, aos 89 anos. O líder da esquerda uruguaia trava uma batalha contra o câncer. Ele estava em tratamento paliativo, quando não há mais cura para a doença. Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, está enfrentando a fase terminal de um câncer de esôfago e sob cuidados paliativos, de acordo com a sua esposa, a ex-vice presidente Lucía Topolansky, em entrevista ao jornal uruguaio La Diaria. “Está em seu término”, afirmou ela. Lucía acrescentou que os médicos estão “tentando fazer com que isso aconteça da melhor forma possível” e que “este já é um final anunciado”. A esposa de Mujica também explicou por que o marido não foi votar nas eleições locais do último domingo (11). “Íamos fazer um esforço para ir votar, mas sair de carro era demais para ele e a médica recomendou que não fosse”, disse. “Estou com ele há mais de 40 anos e estarei com ele até o fim. Foi o que prometi. O que tentamos fazer é preservar a privacidade da nossa família, mas com um personagem como o Pepe, é meio impossível”, disse a mulher. Mujica anunciou o diagnóstico de câncer em abril de 2024. Já em janeiro deste ano, ele afirmou que a doença havia se espalhado para o fígado e que tinha decidido não continuar com o tratamento. “O câncer no esôfago está colonizando meu fígado. Não paro com nada. Por quê? Porque sou um ancião e porque tenho duas doenças crônicas”, afirmou o ex-presidente, com 89 anos. Ele disse, ainda, que não suportaria nem tratamentos bioquímicos nem cirurgias. “Meu corpo não aguenta”, disse. Em tom de despedida, fez um último pedido: “O que peço é que me deixem tranquilo. Que não me peçam mais entrevistas nem nada mais. Já terminou meu ciclo. Sinceramente, estou morrendo. E o guerreiro tem direito a seu descanso”. O mesmo pedido foi feito pelo atual presidente do Uruguai, Yamandú Orsi, considerado um “pupilo” de Mujica. Ele solicitou que deixassem o ex-presidente em paz e respeitassem seu momento. “Devemos todos contribuir para garantir que a dignidade seja a chave em todas as fases de nossas vidas. Não devemos enlouquecê-lo, devemos deixá-lo em paz”, disse Orsi. Últimos momentos na sua chácara Em janeiro, Mujica informou que planejava passar seus últimos dias na sua famosa chácara em Rincón del Cerro, onde vive com a esposa, Lucía Topolansky. “Eu vou morrer aqui. Ali fora há uma secoia grande. A Manuela (sua cadela) está enterrada lá. Estou fazendo os papéis para que também me enterrem ali”, declarou. Mesmo diante da gravidade da situação, Mujica destacou sentir orgulho pelo futuro político de seu país. Ele comemorou a vitória histórica de Yamandú Orsi nas últimas eleições e afirmou que isso o deixa “tranquilo e agradecido”. Despedida Emocionado, Mujica fez questão de se despedir de seus compatriotas. “Sou um velho no final da vida que quer se despedir de seus compatriotas e simpatizantes. É fácil ter respeito por quem pensa parecido, mas o fundamento da democracia é respeitar quem pensa diferente. Por isso, a primeira categoria são meus compatriotas, e deles me despeço. Dou um abraço a todos”. O ex-presidente também se despediu de seus companheiros de luta política: “Segundo, me despeço de meus companheiros e simpatizantes. A única coisa que quero agora é me despedir”.
Robert Francis Prevost é o novo papa da Igreja Católica e escolhe o nome de Leão XIV

Americano tem 69 anos e também possui nacionalidade peruana Papa Leão XIV é o novo líder mundial da Igreja Católica. O cardeal americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi escolhido nesta quinta-feira (08/05) como o 267º pontífice da história do catolicismo. O anúncio foi feito pelo Vaticano por volta das 14h15 de Brasília – 19h15 de Roma. Como ocorreu na eleição dos papas Francisco e Bento XVI, o Conclave deste ano levou dois dias para escolher o novo papa. Por volta das 13h05 – horário de Brasília – desta quinta-feira, uma coluna de fumaça branca foi expelida pela chaminé da Capela Sistina, confirmação de que os cardeais reunidos no templo chegaram a um consenso sobre quem será o novo líder da Igreja Católica. Em uma decisão surpreendente do Conclave, o Vaticano tem seu primeiro pontífice dos Estados Unidos na história. Ele será o líder de 1,4 bilhão de fiéis ao redor do mundo. A ascensão de Leão XIV desfaz a expectativa de que o Vaticano voltasse ao comando de um europeu, após Francisco se tornar o primeiro pontífice latino-americano. Mais especificamente, esperava-se o retorno de um italiano ao poder: o cardeal Pietro Parolin, influente número 2 da Santa Sé, era o favorito. Em seu pronunciamento, Prevost, que também tem nacionalidade peruana, fez em espanhol uma saudação à sua “querida diocese de Chiclayo”. “Permitam-me também uma palavra, uma saudação (…) de modo particular à minha querida diocese de Chiclayo, no Peru, onde um povo fiel acompanhou seu bispo, compartilhou sua fé”, destacou ele da sacada de São Pedro, no Vaticano. O religioso também agradeceu seu antecessor: “Obrigado, papa Francisco!”.
Papamóvel será transformado em unidade de saúde para crianças em Gaza

Desejo do próprio pontífice será providenciado pela Caritas Jerusalém O veículo utilizado pelo papa Francisco, popularmente conhecido como papamóvel, será transformado de forma que possa servir como uma unidade de saúde móvel para atender crianças na Faixa de Gaza. De acordo com o Vaticano, a adaptação foi um pedido feito pelo próprio pontífice. Em nota, a Santa Sé destacou que o legado de paz deixado por Francisco “continua a brilhar” em um mundo assolado por conflitos. “A proximidade que ele demonstrou aos mais vulneráveis durante sua missão terrena continua irradiando mesmo após sua morte”, completou. O 266º papa, e o primeiro das Américas, morreu no último dia 21 de abril. “Foi seu último desejo para um povo a quem demonstrou tanta solidariedade ao longo do seu pontificado, sobretudo ao longo dos últimos anos”, destacou o Vaticano. De acordo com o comunicado, o pedido foi feito já em meio aos últimos meses de vida de Francisco, que confiou a iniciativa à organização humanitária Caritas Jerusalém. “Em meio à guerra terrível, à infraestrutura em colapso, a um sistema de saúde mutilado e à falta de educação, as crianças são as primeiras a pagar o preço, com a fome, as infecções e outras doenças evitáveis colocando suas vidas em risco”, ressaltou a Santa Sé. “Papa Francisco costumava dizer: ‘Crianças não são números. São rostos. Nomes. Histórias. E cada uma delas é sagrada’ e, com este último presente, suas palavras se tornaram ações.” Ainda segundo o Vaticano, o papamóvel está sendo adaptado com equipamentos para diagnóstico, exame e tratamento – incluindo testes rápidos para infecções, instrumentos de diagnóstico, vacinas, kits de sutura e outros suprimentos considerados vitais para manter a saúde de crianças em zonas de conflito. A equipe que utilizará o veículo em Gaza será composta por médicos e paramédicos, “que alcançarão crianças aos cantos mais isolados de Gaza assim que o acesso humanitário à faixa for restabelecido”, concluiu o comunicado.
Trump fala em expulsar democratas do Congresso

Em nova investida, Trump pede que republicanos expulsem democratas por “crimes eleitorais”, enquanto rejeita rumores de novo impeachment O presidente Donald Trump sugeriu que os republicanos no Congresso deveriam expulsar os legisladores democratas em resposta a um movimento ainda incipiente de impeachment, que não foi endossado pela liderança do partido. Em uma longa publicação no Truth Social na noite de quinta-feira (1º), Trump escreveu: “Os democratas estão realmente fora de controle. Eles perderam tudo, especialmente a sanidade! Esses lunáticos da esquerda radical estão novamente obcecados com essa coisa de ‘impeachment’. Já conseguiram que dois congressistas sem relevância, totalmente desequilibrados, ficassem falando em ‘impeachment’ de DONALD J. TRUMP.” “Os republicanos deveriam começar a pensar em expulsá-los do Congresso por todos os crimes que cometeram, especialmente durante as eleições”, continuou Trump, chamando os democratas de “pessoas muito desonestas que não deixam nosso país se curar” e “verdadeiros lixos, que odeiam nosso país e tudo o que ele representa.” “Talvez devêssemos começar a jogar o mesmo jogo contra eles e expulsar os democratas pelos muitos crimes que cometeram”, acrescentou. Entre os democratas, não há consenso sobre a ideia de um terceiro impeachment contra Trump. Pete Aguilar, presidente do caucus democrata na Câmara, disse ao Semafor que o impeachment “não é um exercício que estamos dispostos a realizar”. Na semana passada, o líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, afirmou que o impeachment estava “muito distante para ser considerado uma opção viável no momento”. Não há evidências de que os democratas tenham cometido crimes contra Trump, como ele alegou em sua publicação, citando especificamente o senador Adam Schiff. No entanto, o ex-presidente deixou claro sua sede de vingança e, desde que retomou o poder, tem agido para concretizá-la, seja por meio de diretrizes nas redes sociais, seja usando o aparato do governo federal que agora controla. Em março, após meses de ameaças durante a campanha, Trump tentou anular os perdões concedidos a membros do Comitê do 6 de Janeiro, que ele havia apontado como alvos de possíveis processos. “Os ‘perdões’ que o Sonolento Joe Biden deu ao Comitê Não Selecionado de Bandidos Políticos, e muitos outros, são aqui declarados NULOS, INEXISTENTES E SEM EFEITO”, escreveu no Truth Social. Embora nenhum membro do Congresso tenha sido acusado pelo governo Trump, a Casa Branca parece estar se habituando a usar o sistema de justiça para retaliar rivais políticos. Na semana passada, o FBI fez questão de prender publicamente a juíza de Milwaukee Hannah Dugan, acusando-a de obstruir a prisão de um migrante indocumentado. O governo também abriu uma investigação contra Chris Krebs, ex-diretor da Agência de Segurança Cibernética, que em 2020 desmentiu as alegações falsas de fraude na eleição que Trump perdeu. A retaliação está apenas começando. Na quarta-feira, o “czar da fronteira” da Casa Branca, Tom Homan, foi questionado por um repórter sobre por que o governo não “prende os líderes” de cidades e estados santuário “por abrigar e proteger imigrantes ilegais, inclusive terroristas, da deportação”. A resposta de Homan só pode ser interpretada como uma ameaça: “Espere para ver o que está por vir.” Com informações de Rolling Stone*
O fiasco dos 100 dias de Trump é uma excelente notícia para o mundo

O colapso do líder da extrema-direita global irá afetar negativamente figuras como Jair Bolsonaro, Javier Milei e até mesmo Tarcísio de Freitas * Por Leonardo Attuch A queda abrupta e consistente da popularidade do presidente estadunidense Donald Trump nos primeiros 100 dias de seu segundo mandato é uma excelente notícia para o mundo. O fiasco trumpista comprova que a fórmula da extrema-direita global, baseada em ódio, xenofobia e ataques às instituições democráticas, está se esgotando. Segundo pesquisa divulgada neste domingo, apenas 39% aprovam a gestão Trump, enquanto 55% desaprovam e 5% não responderam. Trata-se da pior aprovação para um presidente norte-americano em início de mandato desde 1953. O desgaste, desta vez, é ainda mais acelerado do que no primeiro mandato. A maioria dos norte-americanos (73%) afirma que a economia dos EUA está em má situação, 53% dizem que ela piorou desde a posse de Trump para o segundo mandato, e 41% relatam deterioração em suas finanças pessoais. A guerra comercial contra a China, principal aposta de Trump na política externa, já mostrou ser um tiro pela culatra: 71% dos entrevistados apontam que as tarifas de importação impostas recentemente agravaram a inflação. Lançada por Trump de forma infantil e ao mesmo tempo prepotente, essa estratégia gerou apenas prejuízo, volatilidade nos mercados financeiros e, no fim, recuos humilhantes por parte do presidente, além de incerteza para os agentes econômicos. O colapso do líder da extrema-direita global irá afetar negativamente figuras como Jair Bolsonaro, Javier Milei e até mesmo Tarcísio de Freitas A queda abrupta e consistente da popularidade do presidente estadunidense Donald Trump nos primeiros 100 dias de seu segundo mandato é uma excelente notícia para o mundo. O fiasco trumpista comprova que a fórmula da extrema-direita global, baseada em ódio, xenofobia e ataques às instituições democráticas, está se esgotando. Segundo pesquisa divulgada neste domingo, apenas 39% aprovam a gestão Trump, enquanto 55% desaprovam e 5% não responderam. Trata-se da pior aprovação para um presidente norte-americano em início de mandato desde 1953. O desgaste, desta vez, é ainda mais acelerado do que no primeiro mandato. A maioria dos norte-americanos (73%) afirma que a economia dos EUA está em má situação, 53% dizem que ela piorou desde a posse de Trump para o segundo mandato, e 41% relatam deterioração em suas finanças pessoais. A guerra comercial contra a China, principal aposta de Trump na política externa, já mostrou ser um tiro pela culatra: 71% dos entrevistados apontam que as tarifas de importação impostas recentemente agravaram a inflação. Lançada por Trump de forma infantil e ao mesmo tempo prepotente, essa estratégia gerou apenas prejuízo, volatilidade nos mercados financeiros e, no fim, recuos humilhantes por parte do presidente, além de incerteza para os agentes econômicos. O colapso de Trump certamente irá repercutir para além das fronteiras dos Estados Unidos. Como o grande fiador da extrema-direita internacional, Trump emulou uma geração de políticos que agora também começa a afundar junto com ele. Na América Latina, o reflexo será inevitável. Experimentos grotescos como o de Javier Milei na Argentina, tendem a perder sustentação e ele dificilmente resistirá sem o “apadrinhamento” ideológico trumpista. No Brasil, os impactos também virão – e serão positivos. Jair Bolsonaro, que pretendia ser salvo da cadeia por Donald Trump, ficará sem padrinho. E Tarcísio de Freitas, o governador paulista que, numa demonstração de subserviência caricata, vestiu o boné do “Make America Great Again” no dia de sua posse, mais cedo ou mais tarde terá que se explicar. A boa notícia para o mundo é que o fracasso de Trump e de seus imitadores abre espaço para uma nova etapa histórica: o fortalecimento de um mundo multipolar, menos submisso a impulsos autoritários e mais comprometido com o diálogo, a cooperação e o respeito à soberania dos povos. A era do bullying, das bravatas estéreis e do nacionalismo raivoso perde força, abrindo caminho para uma reconstrução democrática baseada na inclusão, na diversidade e na paz. O fiasco de Trump, portanto, deve ser comemorado, pois abre uma janela de esperança para que o mundo possa, enfim, virar a página da extrema-direita grotesca que tanto atrasou o progresso da humanidade nos últimos anos. * Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247.
Mundo se despede do Papa Francisco em cerimônia histórica no Vaticano

Fiéis e líderes mundiais se reúnem na Praça de São Pedro para a última despedida do papa argentino, símbolo de acolhimento, justiça social e esperança para milhões. Após três dias de velório aberto, o Vaticano celebrou neste sábado (26) a Missa de Exéquias do papa Francisco, no átrio da Basílica de São Pedro. A cerimônia marca o início do Novendiali, período de nove dias de luto e oração pela memória do pontífice. O caixão de madeira e zinco, selado na noite anterior, foi posicionado diante do altar para a missa de corpo presente, acompanhada por cerca de 250 cardeais, bispos, padres e religiosos. Centenas de milhares de fiéis vindos de todo o mundo prestaram as últimas homenagens, em uma multidão que simbolizou a Igreja de Francisco: aberta a todos, como ele repetia. O coral da Capela Sistina embalou a celebração. “Diante dele, uma multidão, que deve chegar a centenas de milhares de pessoas, vindas de todas as origens geográficas, sociais, políticas e culturais, prestará suas últimas homenagens”, destacou a Santa Sé. Após os ritos solenes da Última Commendatio e Valedictio, o caixão foi conduzido pelas ruas de Roma até a Basílica de Santa Maria Maior, onde aconteceu o sepultamento. O percurso de quatro quilômetros refaz a caminhada espiritual que Francisco realizava para rezar diante do ícone da Virgem Salus Populi Romani. “Essa jornada permitirá que os fiéis se despeçam de seu bispo por um caminho que ele costumava fazer para rezar diante do ícone da Virgem Salus Populi Romani antes e depois de cada uma de suas viagens apostólicas e, até mesmo, recentemente, após suas internações”, destacou a Santa Sé. A despedida do papa argentino contou com a presença de 130 delegações estrangeiras, entre elas 50 chefes de Estado e 10 membros da realeza. Na primeira fila, lado a lado, estavam o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, o norte-americano Donald Trump, o ucraniano Volodymyr Zelensky e o argentino Javier Milei. Lula classificou a presença no funeral como um “pagamento de dívida” a um homem que “prestou serviços para a humanidade” e ressaltou o desejo de que o próximo papa tenha o mesmo coração e compromisso social de Francisco. “Tenho um apreço muito grande à figura do papa Francisco. Foi uma dívida que nós pagamos a um homem que prestou serviços para a humanidade. Quisera Deus que o próximo papa fosse igual a ele, com o mesmo coração e com os mesmos compromissos religiosos e no combate às desigualdades”, disse o presidente brasileiro aos jornalistas. Entre os líderes presentes estavam também Emmanuel Macron (França), Sergio Mattarella (Itália), Ursula von der Leyen (União Europeia), além de monarcas como o rei Felipe VI da Espanha e o príncipe William do Reino Unido. O Vaticano anunciou missas diárias em sufrágio até o dia 4 de maio, encerrando o ciclo de homenagens ao pontífice que marcou sua era por defender os pobres, dialogar com diferentes culturas e combater as desigualdades.
Quando será o Conclave? Veja como acontece e quem participa da escolha do próximo Papa

O Conclave deve começar entre 15 e 20 dias após a morte ou renúncia do papa anterior, conforme as normas estabelecidas pelo Papa João Paulo II Por Simon Nascimento A igreja católica vai escolher um novo Papa, nas próximas semanas, após a morte do Papa Francisco. A seleção será feita por meio do Conclave, atualmente composto por 252 cardeais, dos quais 138 eleitores (com menos de oitenta anos) e 115 não eleitores. O processo é secreto e somente os religiosos da lista têm conhecimento das discussões da reunião. De acordo com as regras estabelecidas pelo papa João Paulo II em 1996, o Conclave deve começar entre 15 e 20 dias após a morte ou renúncia do papa anterior. Os cardeais são os principais conselheiros do Papa e são escolhidos por ele para ajudar a governar a igreja. No atual grupo, praticamente todos os cardeais foram elevados ao posto pelo Papa Francisco, o que, na avaliação do jornalista especialista em Vaticano e doutor em Ciências Sociais, Filipe Domingues, pode tornar o processo mais demorado. “O que aconteceu no pontificado do Papa Francisco é que ele nomeou muitos cardeais novos e muitos eram de igrejas locais, de partes do mundo onde nunca tenha tido cardeais antes. E são religiosos com perfil pastoral, como a gente diz, mais próximos do povo, atentos à devoção popular, e não tão de carreira e escritório das universidades. O problema disso é que eles não se conhecem entre si, então não sabemos como será essa votação, se será muito rápida, com a definição de um, dois, três, nomes ou se haverá uma pulverização”, disse. Domingues, que é diretor do Lay Centre em Roma, uma espécie de residência universitária para estudantes das universidades católicas, afirmou que a escolha do novo pontífice no Conclave vai depender das diretrizes desejadas para a igreja nos próximos anos. “Após a morte do Papa, é preciso esperar no máximo 20 dias para iniciar o Conclave. Eles têm esse tempo, entre a morte do Papa e o início do Conclave, para falar abertamente. Eles ficam duas semanas frequentando Roma, indo às igrejas, nos jantares, aí tem as chamadas Congregações Gerais que são reuniões dos cardeais que estão em Roma e vão falar do que a igreja precisa neste momento e de qual o perfil para conduzir a igreja neste momento”, explicou. Domingues lembrou que, na escolha de Francisco em 2013, as características traçadas indicavam um religioso reformador, que mudasse os direcionamentos da cúria romana e com mais atenção aos pobres. “Quando eles entraram para votar no Conclave, eles já tinham uma ideia do que eles queriam e provavelmente vai ser assim de novo. Na minha visão, não vai ser um Papa diferente do ponto de vista dos posicionamentos. Vai ser um Papa de continuidade, na igreja não tem muita ruptura, entre um Papa e outro, vai ser de continuidade, mas talvez com um perfil diferente”, opinou. Como funciona o Conclave? A eleição do Papa é realizada segundo a Constituição Apostólica de 1996, promulgada pelo Papa Beato João Paulo II, que rege o funcionamento do Conclave. Na prática, trata-se de uma espécie de um retiro sagrado, no qual os cardeais eleitores se reúnem para discutir e votar o nome do próximo ‘Santo Padre’. Todos os cardeais eleitores ficam hospedados em uma acomodação, na chamada “Domus Sanctae Marthae”, construída na Cidade do Vaticano. Há cardeais de três ordens: diáconos, presbíteros e bispos. Na parte da manhã e na parte da tarde, são feitas as orações e a celebração das sagradas funções ou preces. Em seguida, há os procedimentos para as eleições. Podem votar e ser votados todos os cardeais com menos de 80 anos de idade. Os cardeais eleitores são obrigados a participar do Conclave e são convocados pelo cardeal mais velho (Decano). Como é a eleição? São feitas duas eleições por dia, uma de manhã e outra à tarde, e será eleito o cardeal que, numa dessas eleições, obtiver 2/3 dos votos, considerando presentes todos os cardeais. A eleição é secreta e cada cardeal coloca em uma cédula o nome em quem deseja votar. Três cardeais são escolhidos para fazer a contagem dos votos, esses são chamados de escrutinadores. Se algum deles for escolhido com 2/3 de votos, estará eleito e, aceitando o cargo, é queimada uma fumaça branca no incinerador da Capela Sistina. Se após a segunda eleição do dia não houver ainda um eleito, então, queima-se uma fumaça negra que sai na chaminé da Capela, na Praça de São Pedro. Após cada eleição as cédulas são todas queimadas pelos escrutinadores. Se houver algum cardeal doente que não possa sair de seu quarto, a urna é levada a ele por três cardeais, para que possa votar. Caso os cardeais não cheguem a um consenso sobre o novo Papa durante três dias de votações, estas serão suspensas durante um dia para uma pausa de oração. Em seguida, recomeçam as votações. Se, após sete novas tentativas, ainda não se verificar a eleição, faz-se outra pausa de oração. Se ainda assim as votações não tiverem êxito, os cardeais eleitores serão convidados a darem a sua opinião sobre aquilo que a maioria absoluta deles tiver estabelecido. “Todavia, não se poderá deixar de haver uma válida eleição, ou com a maioria absoluta dos sufrágios ou votando somente os dois nomes que, no escrutínio imediatamente anterior, obtiveram a maior parte dos votos, exigindo-se, também nesta segunda hipótese, somente a maioria absoluta”, explicou o professor Felipe Aquino, membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II.
Morre Papa Francisco, que revolucionou a Igreja Católica, aos 88 anos

Pontífice estava a frente da Igreja Católica desde 2013 Jorge Mario Bergolio – o Papa Francisco, morreu aos 88 anos, na madrugada desta segunda-feira (21 de abril). A morte foi confirmada pelo Vaticano. O período de seu pontificado de 12 anos foi marcado por sua popularidade entre os fiéis e pela resistência feroz dentro do catolicismo a seu projeto de reformas, mesmo que estas não questionem os pilares doutrinários. O falecimento de Francisco ocorreu às 2h35, no horário de Brasília, e 7h35 no horário local. A saúde de Francisco já vinha preocupando as pessoas em todo mundo há alguns anos, chegando até a provocar especulações sobre uma eventual renúncia – assim como fez o antecessor, Bento XVI. Desde o início de fevereiro o papa vinha sofrendo com uma bronquite e, chegou a precisar interromper a leitura de um discurso durante sua audiência geral semanal devido às dificuldades para respirar. “Deixem-me pedir ao padre que continue lendo porque ainda não consigo com a minha bronquite. Espero que na próxima vez eu possa”, disse na ocasião. Francisco se mostrou popular entre os católicos desde o início de seu pontificado, em 2013. Quatro meses após assumir o papel de papa, Francisco esteve na 28ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que reuniu um público superior a 3 milhões de pessoas. Naquela ocasião, o papa também visitou a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, no interior de São Paulo. Saúde delicada Francisco, que na sua juventude foi submetido a uma ablação parcial de uma mobilidade, se desloca desde 2022 com uma cadeira de rodas, ou com uma bengala nas poucas vezes que é visto de pé. Nos últimos anos, ele apresentou vários problemas de saúde, incluindo dores no joelho e no quadril, uma inflamação do cólon e dificuldades respiratórias. Em junho de 2023, Jorge Mario Bergoglio foi hospitalizado por 10 dias no hospital Gemelli e passou por uma operação de hérnia abdominal, que causou anestesia geral. Em dezembro do mesmo ano, também devido a uma bronquite, o pontífice desistiu de participar na COP28 de Dubai, a grande reunião de cúpula anual do clima, organizada pelas Nações Unidas. E no final de março de 2024, o jesuíta argentino, eleito papa em 2013, cancelou na última hora sua participação na Via-Crúcis do Coliseu de Roma. Poucos dias depois, no entanto, consegui celebrar a missa da Páscoa. Apesar dos vários problemas de saúde, Francisco mantinha uma agenda repleta de audiências e tarefas. Também prosseguiu com as viagens – como em setembro, quando fez a deslocação mais longa do seu pontificado, uma jornada de 12 dias que o levou a Papua-Nova Guiné, Timor Leste, Indonésia e Singapura. Pela justiça social A trajetória do líder da Igreja Católica foi marcada por mudanças e carisma. As pregações deste crítico do neoliberalismo destacaram reivindicações por maior justiça social, proteção da natureza e defesa dos migrantes que fogem das guerras e da miséria. Assim que foi eleito papa, em 13 de março de 2013, o cardeal argentino Jorge Bergoglio mostrou seu desejo de ruptura, ao aparecer na varanda da basílica de São Pedro sem nenhum ornamento litúrgico. O jesuíta sorridente e de linguajar franco representava um contraste com o tímido Bento XVI, que havia renunciado ao cargo. E provavelmente já tinha em mente seu programa: a reforma da Cúria (o governo da Santa Sé), corroída pela inércia, e o saneamento das duvidosas finanças do Vaticano. O ex-arcebispo de Buenos Aires, que nunca fez carreira nos corredores de Roma, queria “pastores com cheiro de ovelha” para devolver o dinamismo a uma Igreja cada vez mais superada em muitas regiões pela vitalidade dos cultos evangélicos. O papa Francisco procurou também acolher mais as mulheres durante seu pontificado. Em janeiro deste ano, ele pediu que a “mentalidade machista” fosse “superada” dentro da Igreja, solicitando que mais cargas de responsabilidade sejam atribuídas às freiras e que elas deixem de ser tratadas como “empregadas”. Na mesma época, ele anunciou que uma mulher, Raffaella Petrini, dirigiria a partir de março o Governo do Estado da Cidade do Vaticano, o órgão responsável pelas funções administrativas da Santa Sé. “Periferias” “O papa introduziu na Igreja assuntos centrais das democracias ocidentais, como o meio ambiente, a educação, o direito”, destaca Roberto Regoli, professor na Pontifícia Universidade Gregoriana. Ele também denuncia os conflitos que devastam o planeta, mas sem resultados concretos, como demonstram seus apelos por um fim da guerra na Ucrânia. Mas sua imagem rezando sob a tempestade na praça de São Pedro vazia durante a pandemia ilustrou como poucas a necessidade de repensar a economia mundial. Este pastor incansável, apesar dos 88 anos e seu estado de saúde frágil que o obrigam a usar uma cadeira de rodas, segue privilegiando as missões nas “periferias” do leste da Europa ou da África. Durante a década ‘bergogliana’, a Igreja Católica também desenvolveu um diálogo inter-religioso, em particular com o islã. Ele também teve um encontro histórico em 2016 com o patriarca ortodoxo russo Kirill, mas a aproximação foi interrompida pelo apoio desta Igreja cristã à invasão russa da Ucrânia. Para enfrentar os escândalos de abusos sexuais de menores de idade por religiosos, Francisco aboliu o “sigilo pontifício”, que era utilizado por autoridades eclesiásticas para não comunicar tais atos. Um gesto importante, mas insuficiente para as associações de vítimas. Lutas de poder Francisco levou novos ares a Roma: optou por viver em um apartamento sóbrio, rejeitando o suntuoso Palácio Apostólico, e frequentemente convidava à sua mesa moradores em situação de rua ou presidiários. Um estilo que também rendeu críticas de setores que veem nele uma dessacralização de suas funções. O primeiro papa latino-americano da História continuou mobilizando os fiéis no exterior, mas também há quem o critique por um exercício extremamente pessoal de sua autoridade sobre 1,3 bilhão de católicos. “Francisco mostrou um autoritarismo ao qual a Cúria não estava acostumada há muito tempo. E isso pode irritar”, disse à AFP um importante diplomata em Roma. E a oposição dos setores mais conservadores da Igreja está mais viva do que nunca, apesar das mortes
Comércio do Brasil com Brics atinge US$ 235 bilhões, recorde histórico

O comércio exterior do Brasil nos últimos 12 meses até março totalizou US$ 608 bilhões, o segundo maior valor da história, superado apenas pelo mesmo período até março de 2023, quando havia atingido US$ 610 bilhões. Foram US$ 337 bilhões de exportação, mais US$ 271 bilhões de importação, perfazendo também um saldo comercial de US$ 66 bilhões. Apenas para os países dos Brics ampliado, hoje formado por 22 países (10 membros plenos, mais 12 não plenos), o comércio do Brasil totalizou US$ 235 bilhões nos últimos 12 meses até março, um recorde histórico. Já o comércio com os EUA, que era superior a 20% no início dos anos 2000, passou a oscilar entre 13% e 14% nos últimos 20 anos. Fonte: O Cafezinho
Esposa de ex-presidente do Peru pede asilo ao Brasil após condenação

Ollanta Humala e Nadine Heredia tiveram sentença de 15 anos de prisão O Ministério das Relações Exteriores do Peru informou nesta terça-feira (15) que Nadine Heredia, esposa do ex-presidente Ollanta Humala, entrou na embaixada brasileira em Lima para pedir asilo, horas depois de ambos terem sido condenados à prisão por lavagem de dinheiro. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil confirma que ela está na embaixada, mas não deu informações sobre o pedido de asilo. A Justiça do Peru condenou Humala e Heredia a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro ilícito de empresas brasileiras para campanha política, em outra sentença de alto perfil em um país onde vários líderes foram envolvidos em casos de corrupção. *Com informações da Agência Reuters