Lula diz que EUA vão doar para o Fundo Amazônia

A reunião a sós entre Lula e Biden deveria ser de apenas 15 minutos, mas a conversa durou cerca de 50 minutos(foto: ANNA MONEYMAKER / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / GETTY IMAGES VIA AFP ) O presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou à imprensa na noite desta sexta-feira (10), na Casa Branca, após o encontro com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Lula defendeu uma nova governança global sobre a questão climática e anunciou que os Estados Unidos deverão aportar recursos no Fundo Amazônia. “Eu acho que [os EUA] vão [doar ao fundo], é necessário que EUA participem. O Brasil não quer transformar a Amazônia num santuário da Humanidade, mas também o Brasil não quer abrir mão de que a Amazônia é um território do qual o Brasil é soberano”,. afirmou Lula. “O que nós queremos é compartilhar com a ciência do mundo inteiro um estudo profundo sobre a necessidade da manutenção da Amazônia, mas extrair da riqueza da diversidade da Amazônia algo que possa significar a melhoria da qualidade de vida das pessoas que moram lá, que são mais de 25 milhões de pessoas”, disse Lula. “E fazendo isso, a gente vai estar garantindo que haja uma maior seguridade com relação ao planeta”, acrescentou. Sobre a guerra na Ucrânia, o presidente reiterou sua proposta de criar um grupo de países que promovam as discussões de paz com a Ucrânia e com a Rússia. “Falei com Biden o que tinha falado a Emmanuel Macron, Olaf Scholz, sobre a necessidade de se criar um grupo de países que não estão envolvidos direta ou indiretamente na guerra para que a gente encontre possibilidade de fazer a paz. Criar um grupo de negociadores que os dois lados acreditem”, afirmou.
Número de mortos em terremoto na Turquia e na Síria passa de 11 mil

Total de vítimas confirmadas no abalo sísmico de magnitude 7.8 na escala Richter até o momento é de 11.236 (Destroços na Turquia – Foto: Reuters) ANSA – O número de mortos no terremoto devastador que atingiu a Turquia e a Síria na última segunda-feira (6) passou de 11 mil, enquanto as equipes de resgate ainda buscam por sobreviventes e vítimas nos escombros de prédios colapsados. De acordo com dados oficiais divulgados nesta quarta (8), a Turquia já contabiliza 8.574 mortos, e a Síria, 2.662, considerando tanto as áreas sob controle do regime de Bashar al-Assad quanto as zonas rebeldes. Com isso, o total de vítimas confirmadas no abalo sísmico de magnitude 7.8 na escala Richter até o momento é de 11.236. Dezenas de países mandaram equipes de socorristas para auxiliar nas buscas, e o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, chegou em Kahramanmaras, a poucos quilômetros do epicentro do tremor, para acompanhar as operações. Na Síria, uma menina de oito anos foi resgatada com vida após passar mais de 40 horas presa em escombros na cidade de Salqin. á o papa Francisco, em sua audiência geral desta quarta-feira, pediu solidariedade com as populações afetadas pelo desastre. “Meu pensamento neste momento vai para as populações de Turquia e Síria duramente atingidas pelo terremoto. Agradeço aos que estão se empenhando para levar socorro e encorajo todos à solidariedade com esses territórios, parte deles já martirizados por uma longa guerra”, disse.
Anitta não vence a categoria de artista revelação do Grammy 2023

A cantora Anitta não venceu a categoria de artista revelação no Grammy 2023. A artista perdeu o prêmio para Samara Joy. Mesmo assim, a Poderosa fez história como a primeira brasileira indicada em quase 50 anos em uma das categorias principais do prêmio, o principal da música. As informações são do portal Metrópoles. Anitta concorria ao lado de Muni Long, Latto Måneskin, DOMi & JD Beck, Tobe Nwigwe, Omar Apollo, Samara Joy, Molly Tuttle e Wet Leg A Billboard, revista especializada em música e considerada a mais influente no ramo nos EUA, colocou a “Girl from Rio” como uma das quatro prováveis vencedoras. Ela também aparece nas apostas da Time e da agência Associated Press. “Menina, é uma loucura. Me sinto fazendo história. 50 anos que o brasil não é nomeado em uma categoria do Grammy. Quase 50, faz 49. É tanto trabalho, a gente escuta tanto não. Estou super feliz. Eu acho que a determinação e a vontade de conseguir é a mesma. Eu vou atrás, estudo até que realmente eu esteja ali… É um caminho muito grande e não tinha ninguém que a gente olhava. Espero que isso abra espaços para um montão de brasileiros”, disse a cantora ao TNT, antes do evento.
Dados preliminares ligam vacina bivalente da Pfizer com AVC

Apesar das suspeitas, autoridades sanitárias e de saúde dos EUA mantêm a recomendação de se imunizar contra a covid; na foto, profissional de saúde aplicando vacina da Pfizer Um relatório preliminar do CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) e da FDA (Federal Drug Administration, a agência reguladora de medicamentos dos EUA) mostrou uma possível ligação entre a vacina bivalente da Pfizer contra a covid com a ocorrência de AVC (acidente vascular cerebral) em idosos. Segundo o estudo, entre 550 mil pessoas de 65 anos ou mais que receberam a vacina, 130 tiveram um AVC nas primeiras 3 semanas. Esse número reduz consideravelmente nas semanas seguintes. Nenhuma morte foi relatada. Eis a íntegra do relatório (2 MB). As vacinas bivalentes são, segundo os fabricantes, capazes de imunizar contra mais de uma versão de um vírus de uma só vez. No caso da Pfizer, a farmacêutica usa a tecnologia do mRNA com 2 códigos genéticos. O CDC afirmou em comunicado que os dados são preliminares e precisam ser investigados. Explicou que são usadas informações de diversos bancos de dados para monitorar a segurança das vacinas e apenas 1 indicou o possível problema. “Frequentemente, esses sistemas de segurança detectam sinais que podem ser devidos a outros fatores além da própria vacina”, disse, salientando a necessidade de apurar. “Todos os sinais requerem mais investigação e confirmação de estudos epidemiológicos formais.” O órgão ressaltou também que grandes estudos recentes e a análise de outros bancos de dados não mostraram risco de AVC em vacinados. A vacina da farmacêutica Moderna, largamente aplicada nos EUA, foi considerada segura. Enquanto apura o caso, o CDC optou por manter a recomendação para a vacinação contra a covid, incluindo de idosos. O órgão considera ser “muito improvável que a vacina represente um verdadeiro risco clínico”. O CDC recomenda que pessoas a partir de 6 meses tomem a vacina contra a covid. “Manter-se atualizado com as vacinas é a ferramenta mais eficaz que temos para reduzir mortes, hospitalizações e doenças graves por covid-19, como já foi demonstrado em vários estudos realizados nos Estados Unidos e em outros países”, concluiu o comunicado.
Brasil e Cuba marca restabelecimento das relações diplomáticas

Petista e Díaz-Canel conversaram sobre políticas para reforçar a integração entre os países da América Latina (Lula e o presidente cubano – Ricardo Stuckert) Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e de Cuba, Miguel Díaz-Canel, tiveram uma reunião bilateral nesta terça-feira (24/01), durante a sétima edição da Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Este é o primeiro encontro entre os dois mandatários e o primeiro diálogo de Lula com um líder cubano neste seu terceiro mandato. Em seus dois primeiros períodos no Palácio do Planalto, Lula teve diferentes reuniões com dois presidentes que governaram Cuba no período: o líder histórico da Revolução Cubana, Fidel Castro, e seu irmão, Raúl Castro, que assumiu o poder em 2008. Segundo a agência cubana Prensa Latina, Lula e Díaz-Canel conversaram sobre políticas para reforçar a integração entre os países da América Latina, além de possíveis acordos comerciais e de ajuda mútua no setor da saúde. Encontro com o presidente de Cuba, Díaz-Canel. O Brasil restabelecendo suas relações diplomáticas no mundo. ????: @ricardostuckert pic.twitter.com/B1RLaNId4r — Lula (@LulaOficial) January 24, 2023 A agência também ressaltou que os dois presidentes já haviam trocado telefonemas ao menos duas vezes durante este mês: no dia seguinte à posse de Lula e após a tentativa de golpe de Estado por parte de bolsonaristas no dia 8 de janeiro, quando o mandatário cubano expressou seu apoio ao homólogo brasileiro. Por sua parte, Lula assegurou que, em seu governo, o Brasil voltará a ser um defensor de Cuba em instâncias internacionais, especialmente contra o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos há mais de seis décadas. Em sua conta de Twitter, o presidente brasileiro publicou uma foto sua com Díaz-Canel e comentou que este era mais um exemplo de como “o Brasil está restabelecendo suas relações diplomáticas no mundo”.
Líderes aplaudem a volta do Brasil à Cúpula da América Latina e Caribe

Alberto Fernández, que deixa hoje a presidência temporária da entidade, destacou que agora “temos uma Celac completa” Em discurso de abertura, Fernández mencionou os bloqueios à Cuba e Venezuela, tema que levou à Cúpula das Américas no ano passado. – Reprodução A abertura da 7ª Cúpula da Comunidade dos Estados da América Latina e do Caribe (Celac), em Buenos Aires nesta terça-feira (24), contou com um discurso do mandatário argentino Alberto Fernández, atual presidente temporário do bloco. Além de elogiar a volta do Brasil à comunidade – abandonada pelo governo Bolsonaro -, ele criticou o avanço da ultra-direita contra as instituições democráticas em toda a região, os bloqueios contra Cuba e Venezuela e os efeitos econômicos e sanitários do mundo globalizado sobre os países latino-americanos e caribenhos. Fernández adiantou que a presidência da Argentina será concluída hoje. O novo país nomeado para o comando temporário da Celac será conhecido após a plenária, que acontece de forma privada entre os chefes e representantes de Estados e, portanto, não será transmitida. Ao iniciar sua fala, Fernández pediu um aplauso pelo retorno do Brasil. “Uma Celac sem o Brasil é uma Celac muito mais vazia. Por isso, sua presença hoje nos completa”, comemorou o presidente argentino, e logo destacou alguns dos problemas do ano que coincidiu com sua presidência do bloco. “Passamos pela pandemia, pela guerra e com nossas economias em crise.” No primeiro ponto de sua fala, o presidente argentino destacou os efeitos desiguais sobre os países caribenhos em tempos de emergência climática. “Vivemos no continente mais desigual do mundo e devemos, de uma vez por todas, encarar um processo que nos leve à igualdade e à justiça social”, disse Fernández. Nesse sentido, mencionou o Fundo de Assistência para o Caribe destinado ao enfrentamento das consequências das mudanças climáticas, que afetam especialmente essa região. Em seguida, destacou o bloqueio econômico contra Cuba e Venezuela empregado pelos Estados Unidos, um tema que levou como presidente da Celac à Cúpula das Américas, em Los Angeles, no ano passado. “Os bloqueios são métodos muito perversos de sanção não aos governos, mas aos povos. Não podemos continuar permitindo isto”, disse. Neste sentido, ressaltou a necessidade de trabalhar regionalmente para garantir a institucionalidade dos países. “A democracia está definitivamente em risco. Depois da pandemia, vimos como setores da ultra-direita se colocaram de pé e estão ameaçando cada um de nossos povos. Não podemos permitir que essa direita recalcitrante e fascista coloque a institucionalidade dos nossos povos em risco”, enfatizou. Como exemplo, Fernández mencionou ainda os ataques bolsonaristas em Brasília, no último dia 8, a tentativa de assassinato da vice-presidenta argentina Cristina Kirchner e o golpe na Bolívia em 2019. Comemorou a vitória do retorno da democracia ao país e se dirigiu ao atual presidente, Luis Arce – a quem se referiu carinhosamente como “Lucho” Arce –, um dos mais de 15 mandatários presentes em Buenos Aires. Além de Arce, participam pessoalmente da cúpula o presidente colombiano Gustavo Petro; Gabriel Boric, presidente do Chile; Xiomara Castro, presidenta de Honduras; Mario Abdo Benítez, presidente do Paraguai; Mia Mottley, de Barbados, Miguel Díaz-Canel, presidente de Cuba; e Luis Lacalle Pou, presidente do Uruguai, próximo destino do presidente Lula, quem também está presente na Celac em Buenos Aires. Alberto Fernández defendeu o trabalho em união entre os países, para fazer efetiva essa integração tão mencionada durante a cúpula. “Vejo que se abre uma nova oportunidade. A Celac voltou, agora completa com o Brasil, e com uma oportunidade na região. O mundo mudou, e a pandemia evidenciou as carências do sistema econômico. Dez pessoas no mundo tem o patrimônio de 40% da humanidade. Na pandemia, 90% das vacinas eram destinadas centralmente a 10 países, que representa 10% da humanidade. Temos a oportunidade de desenvolvermos unidos. O que temos que fazer é aprofundar nosso diálogo e respeitar nossas diferenças”, disse o mandatário. Mencionou os acordos assinados com Lula no dia anterior como um exemplo do que deve acontecer nos próximos anos na região. “Avançamos na nossa relação bilateral entre Argentina e Brasil, e devemos avançar deste modo em todo o continente”, disse. “Temos que transformar todas essas palavras em fatos, e fazer com que a integração seja uma realidade.” Logo, concluiu sua fala com o que pode ser interpretado como um recado para Lacalle Pou, que tem interesse em fechar acordos diretamente com a China, por fora do bloco do Mercosul. “Sozinhos, valemos pouco. Unidos, podemos ser muito fortes. Chegou o momento que o Caribe e a América Latina sejam uma só região que defenda os mesmos interesses para o progresso dos nossos povos.” Posteriormente, o chanceler argentino Santiago Cafiero enumerou os cinco eixos temáticos de ação que foram desenvolvidos entre os países da região durante a presidência pro tempore da Argentina em 2022. Os eixos destacados foram: a recuperação social econômica e produtiva pós-pandemia, com a implementação de um plano de autossuficiência sanitária de países da região; a ciência e tecnologia e a inovação para o desenvolvimento e a inclusão; a cooperação ambiental e a gestão de risco e desastres em um contexto de mudança climática; a cultura e a educação para os povos; e o empoderamento das mulheres e as ações em questões de gênero. Em termos de agenda extrarregional, o chanceler destacou o vínculo regional com a China, a relação da Celac com a União Africana, com a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), a retomada da relação da Celac com a Índia e a confirmação de uma cúpula do bloco com a União Europeia. “Após 4 anos de silêncio, pudemos ativar o mecanismo Celac-UE, com uma agenda de trabalho consensuada durante o ano passado e que se concretizará com um encontro em meados do ano.” Fonte: Brasil de Fato
Brasil e Argentina devem iniciar estudos para uma moeda comum, aponta Financial Times

Uma união monetária que abrangesse toda a América Latina representaria cerca de 5% do PIB global – Alberto Fernández (à esq.), Luiz Inácio Lula da Silva e a reportagem do Financial Times (Foto: Ricardo Stuckert | Reprodução) – Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) e Alberto Fernández (Argentina) discutirão esta semana um acordo para a criação de uma moeda comum ao latino-americano. A informação foi publicada pelo jornal Financial Times. De acordo com a reportagem do período britânico, uma união monetária que abrangesse toda a América Latina representaria cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) global. A maior união monetária do mundo, o euro, abrange cerca de 14% do PIB mundial quando medido em dólares. O ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, disse que a ideia é “começar a estudar os parâmetros necessários para uma moeda comum, o que inclui tudo, desde questões fiscais até o tamanho da economia e o papel dos bancos centrais”. “Não quero criar falsas expectativas. . . é o primeiro passo de um longo caminho que a América Latina deve percorrer”. Segundo o ministro, o projeto é bilateral inicialmente. Depois vai ser oferecido a outras nações da América Latina. “Isso é Argentina e Brasil convidando o restante da região”, continuou Massa. O presidente Lula viajou para a Argentina para uma cúpula na terça-feira (24) da Comunidade Latino-Americana de 33 nações e Caribenhos (CELAC).
Com risco de prisão no Brasil, Bolsonaro cogita manter estadia nos Estados Unidos

Grupo de empresários bolsonaristas quer torná-lo um “palestrante” para viabilizar financeiramente sua estadia no país – Jair Bolsonaro (Foto: Alan Santos/Presidência da República) Temendo ser preso no Brasil por incitar os ataques terroristas do último dia 8 em Brasília, Jair Bolsonaro (PL) cogita ficar mais tempo nos Estados Unidos. Reportagem da Folha de S. Paulo revela que Bolsonaro está sendo incentivado por um grupo de empresários bolsonaristas de São Paulo. De acordo com a publicação, o grupo “montou um plano inicial para custear a estadia do político no país, para onde o político viajou no dia 30 de dezembro, visando evitar participar da transmissão da faixa presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 1º de janeiro”. O grupo planeja tornar Bolsonaro um ‘palestrante’ de política. Para isso, “foram acertadas com empresários americanos seis palestras, cada uma pagando US$ 10 mil (quase R$ 51 mil no câmbio de hoje). Bolsonaro, segundo uma pessoa com conhecimento do assunto, se comprometeu a proferir pelo menos uma delas”, destaca o jornal.
Governo Biden declara apoio ao presidente Lula na luta contra terroristas bolsonaristas

“Condenamos os ataques à Presidência, ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal hoje”, disse Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA O governo dos Estados Unidos está do lado do presidente Lula na condenação dos ataques aos três poderes em Brasília neste domingo (8), declarou o secretário de Estado estadunidense Antony Blinken, em sua conta no Twitter. “Condenamos os ataques à Presidência, ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal hoje. Usar a violência para atacar as instituições democráticas é sempre inaceitável. Nós nos juntamos a Lula para pedir o fim imediato dessas ações”, disse Blinken. We condemn the attacks on Brazil's Presidency, Congress, and Supreme Court today. Using violence to attack democratic institutions is always unacceptable. We join @lulaoficial in urging an immediate end to these actions. — Secretary Antony Blinken (@SecBlinken) January 8, 2023 O Embaixador da União Europeia no Brasil disse estar “seguindo com grande preocupação os atos antidemocráticos e as ações violentas na Praça dos Três Poderes, em Brasília”, enquanto a OEA condenou o ataque. Argentina, Bolívia, Chile, Cuba, Equador, Espanha, México, Peru, Portugal e Uruguai repudiaram em alguma medida a tentativa de golpe em Brasília.
A farsa de Guaidó na Venezuela chega ao fim

Direita fragmentada – Fim da ‘presidência’ de Guaidó reflete esgotamento e crise da direita na Venezuela Principais opositores abandonaram ‘interinato’; necessidade de suspender sanções pode explicar reconfiguração Por Lucas Estanislau – Brasil de Fato Após passar anos boicotando eleições e apostando na criação de uma “institucionalidade paralela” para forçar uma mudança de governo, o principal setor da direita venezuelana dá sinais de esgotamento e decide se reconfigurar politicamente. Nas últimas semanas de dezembro, três dos quatro principais partidos da oposição encerraram o maior artifício político utilizado em sua estratégia desde 2019: a “presidência interina” de Juan Guaidó. Reunidos no que chamam de “Assembleia Nacional legítima”, uma espécie de legislativo paralelo composto por ex-deputados eleitos em 2015, 72 dos 104 ex-parlamentares que compunham o “governo interino” concordaram em desmontar o cargo fictício de Guaidó por considerar que “o processo político que se iniciou em 23 de janeiro de 2019 se debilitou e não é visto como uma opção real de mudança”. A decisão havia sido tomada durante a primeira votação que ocorreu em 22 de dezembro e foi ratificada em uma segunda reunião realizada no dia 30 do último mês. Guaidó e aliados próximos tentaram adiar o segundo encontro, mas não tiveram sucesso. De acordo com a resolução elaborada pelos partidos Ação Democrática, Primeiro Justiça e Um Novo Tempo, a “presidência interina” e todos os supostos cargos ligados a ela serão encerrados quando a Assembleia Nacional paralela reiniciar suas atividades na próxima quinta-feira (5). Na prática, toda a estrutura fictícia de embaixadores, ministros, assessores e diretores de empresas estatais será desmontada para dar lugar a uma comissão composta por cinco ex-deputados. O controle desse setor da oposição sobre os ativos que pertencem ao Estado venezuelano no exterior – que se converteram na principal fonte de renda do “interinato” – será mantido, já que as “direções interinas” da PDVSA e do Banco Central seguirão existindo. “A primeira coisa que deve ser dita sobre esse processo é que existe uma grave crise de liderança política nos setores de oposição da Venezuela”, explica ao Brasil de Fato o cientista político venezuelano Luis Díaz. Para o pesquisador, a crise é reflexo do fracasso da estratégia de “pressão máxima” adotada nos últimos anos, que consistiu em boicotar eleições e pedir a Washington a ampliação do pacote de sanções para asfixiar economicamente o país e tentar derrubar o governo Maduro. “Sob o ponto de vista retórico, se supõe que as sanções afetam exclusivamente o governo, mas na prática o bloqueio afetou toda a população, afetou o desenvolvimento econômico de todos os setores da sociedade venezuelana, inclusive de empresários e empreendedores”, diz. O esgotamento da política de sanções e da “pressão máxima” estaria por trás desse rearranjo de forças dentro da direita venezuelana, pois setores econômicos internos e externos passaram a encarar o bloqueio estadunidense como um obstáculo para seus próprios interesses. “Neste momento existe a necessidade de uma mudança de alianças, de suspender sanções e sobretudo de levar a Venezuela de volta ao contexto internacional, principalmente pelo tema energético por conta das consequências do conflito entre Ucrânia e Rússia. A Venezuela volta a entrar nesse contexto internacional e, certamente, para o governo dos Estados Unidos, o interinato já era algo muito incômodo e difícil de sustentar”, afirma. O governo do presidente Joe Biden se manifestou nesta terça-feira (03) sobre as mudanças políticas feitas pela oposição. Em coletiva de imprensa, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, afirmou que o país seguirá sem reconhecer a presidência de Maduro, mas se referiu a Guaidó como “membro da Assembleia Nacional” e não mais como “presidente interino”. “Juan Guaidó continua sendo um membro da Assembleia Nacional de 2015, a qual nós reconhecemos porque é a última instituição eleita democraticamente no país. Nós seguiremos coordenando com ele como membro da Assembleia Nacional de 2015 assim como com outros atores democráticos na Venezuela”, disse. A posição marca um giro no tratamento de Washington em relação a Guaidó, que, até então, era considerado “presidente” pela Casa Branca. Apesar de ter dado alguns sinais de aproximação com o governo Maduro ao longo de 2022, Biden vinha mantendo a estratégia de seu antecessor, o republicano Donald Trump, de considerar o ex-deputado como chefe do “governo interino”. Citgo e ouro: quem controla? O papel dos EUA também será decisivo para o futuro das empresas e dos fundos venezuelanos que estão bloqueados no exterior. Isso porque foi o reconhecimento dado por Washington e por países europeus aliados ao “interinato” que permitiu que os aliados de Guaidó controlassem esses ativos. Por meio da “direção interina” da PDVSA, a subsidiária da estatal petroleira venezuelana Citgo, que possui uma rede de refinarias e postos nos EUA cujo patrimônio é avaliado em cerca de 10 bilhões de dólares, passou às mãos da oposição que era liderada por Guaidó. Já o “Banco Central” da oposição é o responsável por gerir fundos e reservas como, por exemplo, as 31 toneladas de ouro que estão retidas no Banco da Inglaterra. Nesta terça-feira, o porta-voz do Departamento de Estado também se referiu aos ativos venezuelanos no exterior e disse que o programa de sanções continua, mas reconheceu a necessidade de discutir o tema com os opositores. “Entendo que os membros da Assembleia Nacional estão discutindo entre eles como irão lidar com os ativos no exterior. Nós vamos continuar discutindo esse tema com eles”, disse. Para Diaz, é improvável que Washington abra mão de ter alguma influência no futuro desses ativos, pois devolver as empresas e os fundos ao Estado venezuelano implicaria reconhecer a autoridade do governo Maduro, algo que o pesquisador acredita que não está no horizonte da Casa Branca. “As juntas interinas da PDVSA e do Banco Central serão mecanismos que seguramente o governo dos Estados Unidos vão reconhecer para manter uma legitimidade porque não pode, no seu ponto de vista político, manter uma relação direta com o governo de Nicolás Maduro. Acho que existirá uma relação chamada de duas faixas, ou seja, abertamente não irão reconhecer Maduro, e sim os setores da oposição, mas pragmaticamente buscarão mais aproximação