Familiares das vítimas de Brumadinho lamentam fala de Zema

Durante evento recente, o governador Romeu Zema afirmou que ‘a Vale hoje coloca a vida humana acima de tudo’ Publicidade A Avabrum (Associação dos Familiares das Vítimas e dos Atingidos pelo Rompimento da Barragem Córrego do Feijão em Brumadinho) lamentaram a fala do governador Romeu Zema (Novo) em que afirmou que “a Vale hoje coloca a vida humana acima de tudo”. A associação destacou que a fala desconsidera a história recente que matou 272 pessoas na tragédia de Brumadinho em janeiro de 2019 e que ainda esperam justiça pela memória dos que se foram. “Essa fala desconsidera a história de negligência e irresponsabilidade da empresa responsável pelo crime que matou nossas 272 joias em Brumadinho. Enquanto houver famílias enlutadas e justiça por fazer não haverá esquecimento”, destacou a Avabrum por meio de nota. A fala de Zema ocorreu na última sexta-feira (5/9) durante a inauguração da Mina de Capanema, em Santa Bárbara, quando foram anunciados R$ 67 bilhões de investimentos da empresa em Minas Gerais. “O passado só é passado para quem não perdeu ninguém. Para nós, ele é dor, memória e luta. Pagar com a vida não tem preço”, afirmou a associação dos familiares das vítimas.

Rodrigo Pacheco defende união e soberania em mensagem do 7 Setembro

“O sete de setembro representa a união dos brasileiros em torno de temas essenciais, em contraponto a movimentos caducos e delirantes que tentam subjugar o Brasil. Não há dois lados quando enfrentamos tentativas de restringir nossa liberdade, o Estado democrático e a vida plena em sociedade. Não há dois lados quando se trata da defesa da democracia e da soberania, causas pelas quais tenho a honra de servir, sem hesitação e sem temor”, afirmou o senador Rodrigo Pacheco em mensagem alusiva ao Dia da Independência, reforçando a importância da data para fortalecer valores democráticos e o compromisso com a defesa do país. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou recentemente, que o ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), é a figura política mais respeitada de Minas Gerais e que está qualificado para “ser candidato ao que ele quiser”. Pacheco deve ser apoiado ao governo do Estado pelo petista nas eleições do ano que vem. “Gosto do Pacheco, respeito o Pacheco. Acho que devo muito a ele, porque a defesa da democracia, naquele momento difícil, foi ele quem fez no Senado. Se não fosse ele, poderíamos ter vivido uma situação diferente no Brasil”, disse o presidente em entrevista à Record MG. “Tenho sido muito amigo do Rodrigo Pacheco. Eu não o conhecia, mas, durante o exercício da presidência dele no Senado, tive a oportunidade de construir uma boa relação.” Lula afirmou que, se Pacheco fosse candidato ao governo de Minas e a prefeita de Contagem (MG), Marília Campos (PT) aceitasse ser vice, “seria uma boa dupla”. Questionado se já conversou com o presidente do Senado sobre isso, respondeu que ainda não houve definição. “Eu acho que o Pacheco está se convencendo de que todos nós, seres humanos, precisamos construir uma causa na nossa vida.” Terceiro mandato Lula ainda afirmou ter voltado mais preparado e otimista para o terceiro mandato. Disse que foi necessário reconstruir obras paralisadas e lembrou ter prometido 2 milhões de moradias no programa Minha Casa, Minha Vida, cuja meta é 3 milhões. Acrescentou que, nos próximos dias, o governo anunciará o maior programa da construção civil da história do País. Segundo Lula, ele não voltou ao Planalto “para brincar”, mas com o objetivo de transformar o Brasil em uma das seis maiores economias do mundo.

Governo Lula libera R$ 312,5 milhões em emendas parlamentares para Minas

Repasses na semana passada representaram 43% do total de recursos reservados para a bancada mineira no Orçamento deste ano e reforçam a relevância do estado O governo federal empenhou na semana passada R$ 312,5 milhões em emendas parlamentares destinadas a Minas Gerais, montante que corresponde a 43% do total de R$ 724,9 milhões reservados à bancada mineira no Orçamento de 2025. Apenas entre segunda e terça-feira, o Palácio do Planalto liberou R$ 2,3 bilhões em emendas para congressistas de todo o país, sendo que Minas concentrou 13,6% desse total, demonstrando a relevância do estado dentro da estratégia nacional. Os dados sobre a distribuição das emendas foram levantados pelo cientista político Victor Dittz, a pedido do Estado de Minas. A liberação das emendas ocorre em um contexto de elevada sensibilidade política para o governo. No Congresso, o debate sobre o projeto que prevê anistia a condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 avança, gerando atenção redobrada do Palácio do Planalto. Em Belo Horizonte, na quinta-feira passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alertou publicamente sobre os riscos da aprovação da proposta, ressaltando a necessidade de participação ativa da sociedade na fiscalização política. Pressão na CPMI do INSS Ao mesmo tempo, o empenho das emendas ocorre em meio à tramitação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, que investiga fraudes em benefícios previdenciários, envolvendo descontos irregulares em aposentadorias e pensões. A comissão também pressiona o Executivo após a perda da presidência e da relatoria. Nesse cenário, a liberação das emendas tende a reduzir resistências e consolidar alianças, especialmente diante da prioridade do governo em aprovar propostas de suma importância para o governo, vista como estratégias, como a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais. Emendas de parlamentares de Minas entram na mira da PF Com o montante de R$ 312,5 milhões em emendas parlamentares já empenhadas pelo governo federal, Minas Gerais lidera, em valores absolutos, o ranking dos estados mais beneficiados com a liberação de recursos. Na sequência, aparecem as bancadas da Bahia, com R$ 224,9 milhões, e do Maranhão, que soma R$ 153,6 milhões. A lista das cinco primeiras posições é completada por Santa Catarina (R$ 140,7 milhões) e Rio Grande do Sul (R$ 133 milhões). BANCADA MINEIRA NA CÂMARA Ranking de deputados estaduais – “emendas Pix” Segundo o cientista político Victor Dittz, três fatores principais influenciam os valores liberados. Primeiro, o tamanho da bancada de deputados federais em cada unidade da federação impacta diretamente o montante destinado. Além disso, tirando a parcela obrigatória de 50% para a saúde, os parlamentares têm liberdade discricionária sobre quanto de suas emendas individuais querem destinar como transferências especiais. O empenho dos recursos ainda depende da aprovação prévia dos planos de trabalho cadastrados pelas prefeituras junto aos ministérios responsáveis. Tecnicamente, o empenho corresponde à primeira etapa da execução orçamentária: é o momento em que o governo formaliza a reserva do valor previsto, garantindo que ele será pago futuramente. Após essa fase, ocorre a liquidação, quando o serviço ou obra é atestada, e, finalmente, o pagamento, com a liberação efetiva da verba. O que mudou nas emendas Pix? Os recursos liberados desta vez se enquadram nas chamadas transferências especiais, popularmente conhecidas como “emendas Pix”, destinadas a 843 empenhos. Diferentemente de outros tipos de repasses, esses valores caem diretamente nas contas de estados e municípios. Até mudanças recentes nas regras, prefeitos e governadores podiam gastar os recursos livremente, o que gerou críticas recorrentes sobre falta de transparência e abriu espaço para suspeitas de desvios. Hoje, a aplicação depende de planos aprovados previamente pelos ministérios responsáveis No caso de Minas, senadores lideram os maiores recebimentos por terem acesso a um montante maior da verba: Cleitinho (Republicanos) e Carlos Viana (Podemos) tiveram R$ 15,7 milhões e R$ 15 milhões empenhados, respectivamente. Rodrigo Pacheco teve R$ 2,9 milhões empenhados. Entre os deputados federais, Rodrigo de Castro (União Brasil) e Zé Silva (PL), com R$ 11 milhões cada um, lideram a lista de beneficiários de “emendas Pix”. O top 10 da bancada mineira inclui ainda Rafael Simões (União Brasil), Paulo Abi-Ackel (PSDB), Marcelo Álvaro Antônio (PL), Luiz Fernando Faria (PSD), Pinheirinho (PP), Gilberto Abramo (Republicanos), Hercílio Coelho Diniz (MDB) e Bruno Farias (Avante). Apenas quatro deputados que não foram contemplados com os empenhos, são eles Célia Xakriabá (Psol), Duda Salabert (PDT), Padre João (PT) e Welinton Prado (Solidariedade). Municípios mineiros favorecidos por emendas Minas Novas (R$ 6,84 milhões) Divinópolis (R$ 6,53 milhões) Januária (R$ 3,86 milhões) Taparuba (R$ 3,47 milhões) Jampruca (R$ 2,48 milhões) Três Marias (R$ 2,48 milhões) Bom Repouso (R$ 2,45 milhões) Nova Resende (R$ 2,38 milhões) Minas é estado estratégico O empenho das emendas ocorre justamente quando Minas Gerais voltou a se colocar no centro da estratégia política do governo federal. Os recursos foram liberados logo após o petista cumprir agendas em duas cidades do estado, Contagem e Montes Claros. A verba também antecedeu a vista da última semana, em que Lula retornou ao estado para anunciar o programa social Gás do Povo, considerado pelo Executivo uma das principais apostas na área social. A coincidência entre a visita presidencial e a liberação de emendas evidencia a importância do estado na articulação política do Planalto, sobretudo diante da proximidade do calendário eleitoral. Com o segundo maior colégio eleitoral do país e significativo peso simbólico, Minas se consolidou como palco central da campanha do governo. Historicamente, o estado é decisivo nas eleições presidenciais: desde 1989, quem vence em Minas tende a conquistar o Planalto, conferindo à unidade da federação um papel estratégico tanto para os partidos quanto para o Executivo Com a passagem de quinta-feira, Minas Gerais subiu ao segundo lugar entre os estados mais visitados por Lula em 2025, empatado com o Rio de Janeiro. Até o momento, o presidente esteve no estado em seis oportunidades, incluindo agendas em Contagem, Betim, Montes Claros, Campo do Meio e Minas Novas. São Paulo segue no topo do ranking, com 11 visitas ao longo do ano.

Terras raras: o que são e por que elas podem mudar a história de Minas

Elementos estratégicos para a alta tecnologia e a geopolítica global têm em MG os maiores depósitos do país. Desafio é extrair, beneficiar e industrializar A busca por elementos que compõem o grupo das chamadas terras raras, que emergiu nas discussões sobre tarifas entre os Estados Unidos e o maior fornecedor do mundo, a China, nas negociações que envolvem a guerra da Ucrânia e até como pano de fundo na crise diplomática entre EUA e Brasil, põe Minas Gerais em evidência, por ser o estado de maiores reservas estimadas desses minerais estratégicos dentro do Brasil, país com a segunda maior concentração mundial dessas riquezas. Mas onde exatamente ficam essas reservas? Por meio de dados da Agência Nacional de Mineração (ANM) e do Ministério das Minas e Energia (MME), a reportagem do Estado de Minas listou as principais jazidas e processos minerários envolvendo os Elementos de Terras Raras. Terras raras: Brasil avalia chance de se tornar fornecedor de minerais essenciais De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o Serviço de Pesquisa Geológica dos Estados Unidos (USGS) identificou até 2024 um potencial de 90 milhões de toneladas de reservas de ETR no mundo, sendo 44 milhões (48,8%) na China, 21 milhões no Brasil (23,3%), 6,9 milhões na Índia (7,6%), 5,7 milhões na Austrália (6,3%) e 12,4 milhões no resto do planeta (13,7%). “Os depósitos mais expressivos do país concentram-se em Minas Gerais, associados a rochas alcalinas e carbonatíticas, especialmente nas localidades de Araxá, Poços de Caldas e Tapira. Há também depósitos relevantes em São Paulo (Jacupiranga, Itapirapuã) e Goiás (Catalão)”, informou a pasta. E para que servem essas substâncias? Esses elementos são importantes sobretudo para constituir os chamados imãs permanentes ou superímãs, segundo o professor doutor Fernando Landgraf, engenheiro metalurgista da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), com 30 anos de experiência no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). “A importância desses minerais reside principalmente na sua aplicação em superímãs, descobertos por volta de 1970 e aprimorados em 1984, como o ímã de neodímio-ferro-boro, o ímã mais forte que o homem sabe fazer. São usados em motores elétricos ou em geradores cruciais para carros elétricos, turbinas eólicas, miniaturização de motores, incluindo aplicações militares, como drones”, enumera Landgraf. Apesar do nome “terras raras”, muitos dos elementos que compõem esse grupo são mais abundantes na crosta terrestre do que metais como cobre e zinco. Entre eles, o cério, por exemplo, é o ETR mais abundante e o 25º elemento mais comum na crosta terrestre. Ibram quer negociação sobre mineração com os EUA sem soberania na mesa Mas são extremamente necessários e estratégicos. Ex-CEO da Neo Performance Materials (empresa referência em terras raras, metais críticos e energia limpa), Constantine Karayannopoulos, estimou, em evento organizado em março pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que os ímãs respondem por mais de 90% do valor da indústria de terras raras, por serem muito poderosos e diminutos, podendo operar em condições adversas. Processos de pesquisa e exploração no país Em levantamento feito no dia 27 de agosto de 2025 no cadastro mineiro da ANM, o Brasil tinha 2.341 processos minerários, em diferentes estágios, sobre terras raras. São processos que abrangem áreas de 3.394.734 hectares. Aqueles que estão em fases mais adiantadas, com possibilidade de mineração ou muito próximos disso, são nove concessões de lavra (uma em Araxá, o restante em Goiás), oito requerimentos de lavra (dois em Minas Gerais) e sete direitos de requerer lavras (dois em Minas Gerais). A maioria ainda é muito incipiente, em fases de médio a longo prazo, totalizando 1.947 que têm autorização para pesquisa. Outros 347 se tratam de requerimentos de pesquisa, 20 aptos para iniciar processos de mineração e três se referem a áreas em disponibilidade para iniciar processos. A Bahia é o estado que tem mais processos, somando 913, seguida de Goiás, com 456, e de Minas Gerais, com 401. Também a Bahia totaliza a maior área envolvida nesses processos minerários, totalizando 1,3 milhão de hectares (ha), seguida de Goiás, com 729 mil ha, e de Minas Gerais, com 452 mil ha. Onde pode haver extração no estado? Em Minas Gerais, há 83 municípios com processos minerários em vários estágios sobre exploração das terras raras. Os mais numerosos são Presidente Olegário, no Noroeste de Minas, com 46, Caldas (Sul, com 42), Poços de Caldas (Sul, com 38), Andradas (Sul, com 26), Patos de Minas (Alto Paranaíba, com 22), Ipuiúna (Sul, com 16), Santa Rita de Caldas (Sul, com 9), Araponga (Zona da Mata, com 8), Espinosa (Norte), Grão Mogol (Norte), Matutina (Alto Paranaíba) e Varjão de Minas (Noroeste), estas últimas com 7 processos cada. Já os municípios que têm a maior área com processos são Presidente Olegário (77.550 ha), Patos de Minas (36.577 ha), Caldas (21.942 ha), Andradas (15.345 ha), Varjão de Minas (13.659 ha), Poços de Caldas (12.813 ha), Ipuiúna (no Sul de Minas, com 12.278 ha), Grão Mogol (12.090 ha), Mamonas (Norte, com 10.081 ha) e Lagamar (Noroeste de Minas, com 9.780 ha). Mil toneladas para um quilo de ETR Apesar de estratégica, a mineração de terras raras não é um processo simples. Segundo especialistas, obter um quilo desses minerais pode exigir o processamento de mil toneladas de material extraído do solo. Essa separação também é um grande entrave tecnológico que o Brasil e Minas Gerais – estado com maiores reservas – precisam enfrentar. “O desafio não é apenas a extração do minério, mas o beneficiamento. O concentrado vende as terras raras todas juntas, enquanto as aplicações exigem elementos separados. É preciso planejamento estratégico que contemple não apenas a extração, mas também o processamento e industrialização, gerando valor agregado e empregos qualificados no país”, afirma o professor doutor Fernando Landgraf, da Escola Politécnica e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP. Um exemplo a se mirar, na avaliação do especialista da Poli/USP, é a China, que “construiu toda a cadeia produtiva e domina o mercado de superímãs, produzindo 90% do que é consumido no planeta”, destaca. Quais são as maiores riquezas em Minas? Em

Fábrica de sabão em pó falso que usava trabalho infantil é fechada em MG

Segundo a Receita Estadual, esta foi a 14ª fabriqueta fechada desde o início das investigações Dezenove trabalhadores — entre eles três crianças — foram encontradas enquanto trabalhavam de forma irregular em uma pequena fábrica clandestina de sabão em pó falso, na cidade de São Gonçalo do Pará, na região Centro-Oeste de Minas Gerais. O empreendimento flagrado durante a operação “Sabão Encardido”, deflagrada nesta sexta-feira (5 de setembro) pela Receita Estadual com o apoio da Polícia Civil e da Polícia Militar (PM), foi a 14ª fábrica de sabão falso fechada na região desde o segundo semestre de 2024. Durante a ação desta sexta, foram apreendidas 55 toneladas de sabão falsificado, sendo 33 bags de uma tonelada, 24 mil caixas de 800 gramas e 2.133 caixas de 1,6 kg. Todas as caixas eram réplicas “quase perfeitas” da embalagem do produto líder de mercado. Em entrevista a O TEMPO, o delegado fiscal da Receita Estadual em Divinópolis, Montovany Ângelo de Faria, contou que as ações contra o que ele chamou de “fabriquetas” de sabão começaram após a comercialização dos produtos falsificados ser identificada e o órgão passar a rastrear eletronicamente por meio das notas emitidas. “Identificamos que a fabricação acontecia no Centro-Oeste e, em menos de um ano, já fechamos 14 destas fabriquetas. Chamo assim pois são muito primárias. É um galpão com uma esteira e eles já recebem o sabão de uma indústria química ainda não identificada. Com isso, eles convidam alguém para alugar um galpão pequeno, aluga uma empilhadeira e, lá, só empacotam esse sabão”, detalha. Segundo o delegado fiscal, as embalagens provavelmente são impressas em alguma gráfica de uma pessoa conhecida, sendo que os responsáveis pelas pequenas fábricas ganham somente para embalar o produto falsificado. “Mas ela assume todo o risco de ser flagrada pela fiscalização. No caso de hoje (sexta), estes 19 trabalhadores estavam trabalhando em condições precárias, sem segurança nenhuma, sem refeitório. Mas não é trabalho escravo, uma vez que eles viajam diariamente de van para Nova Serrana, onde moram, e ganham de R$ 200 a R$ 300 por dia pelo serviço”, completou Montovany. Após serem identificadas três crianças trabalhando no local, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) foi acionado e tipificou o crime. A Polícia Civil ouviu todos os trabalhadores Produtos são vendidos em BH, Rio, São Paulo e Goiás Ainda conforme o delegado fiscal da Receita Estadual, já foi possível rastrear os produtos falsos sendo vendidos na Região Metropolitana de Belo Horizonte e, também, em cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás. O órgão também já identificou a comercialização do sabão falso no Ceasa, em Contagem. “Estamos diante de uma quadrilha que pega um produto de quinta qualidade e vende como de primeira. Ela (organização) coopta pessoas carentes para trabalhar. Temos uma investigação muito aprofundada e posso dizer que iremos chegar nesta indústria por trás do esquema em breve”, garante Montovany. Questionado sobre o que diferencia o comércio do sabão falso para, por exemplo, calçados fabricados na mesma região, o delegado explica que, em ambos os casos englobam questões de direito de marca, evasão de divisas e desoneração tributária. “Mas quem compra um tênis, compra muito mais barato e sabe que ele é falso. Neste caso, a pessoa vai ao supermercado, paga o preço da marca líder de mercado e recebe um produto pior. Até mesmo os supermercadistas estão sendo enganados”, pondera. Saiba como diferenciar o falso do original Se você ficou em dúvida sobre como diferenciar, na hora de comprar o sabão em pó, o produto falso do original, a resposta não é tão simples. Segundo Montovany, a embalagem é “praticamente” perfeita, sendo que a única coisa que as diferencia é a forma de fechamento da caixa. “A líder de mercado tem um processo mecânico. Essa organização tem a caixa perfeita, mas não tem a cola. Eles usam uma espécie de cola quente, como essa que seu filho usa na escola. Essa dica inclusive está no site da fabricante”, completou. Ainda segundo ele, muitas vezes os produtos falsos são vendidos aos supermercados “misturados” com caixas originais, o que dificulta ainda mais a sua identificação. Nas 14 fábricas já fechadas durante a operação, foram apreendidas 500 toneladas de sabão falsificado. Os produtos serão destruídos nos próximos dias, uma vez que, por não ser possível garantir a segurança dos usuários, não daria, por exemplo, para fazer doações para pessoas carentes. Nenhum responsável pela fábrica foi localizado no momento da fiscalização. As investigações continuam.

POSSE DO PT – Edinho Silva diz que Trump semeia terceira guerra mundial

A deputada estadual Leninha, assume a presidência do PT de Minas com discurso de união para garantir a reeleição do presidente Lula Por Hermano Chiodi – O Tempo A deputada estadual Leninha assumiu, nesta sexta-feira (5/9), a presidência do diretório estadual do Partido dos Trabalhadores de Minas Gerais (PT-MG). A posse, prestigiada por vários deputados estaduais e federais, além de prefeitos e vereadores da legenda, contou com a presença do presidente nacional do partido, Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara, em São Paulo, eleito ao comando do PT com apoio do presidente Lula. Foi ele quem deu o tom dos discursos. Sem um candidato de direita representando o ex-presidente Jair Bolsonaro no xadrez político de 2026, os petistas focaram os ataques no presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e na ameaça externa identificada pelo fascismo. “Um fascista, ele persegue o diferente, ele tem uma concepção imperialista porque ele não respeita territórios. Um fascista, ele estimula o ódio, a intolerância e a morte. Nós vimos o que foi o fascismo no começo do século XX, a ascensão do fascismo na Europa; a Europa atordoada com a ascensão do fascismo até que desembocou no nazismo e na maior tragédia da história da humanidade”, disse Edinho. Ações do presidente norte-americano, como a ordem para apagar a frase “vidas negras importam” de muros da cidade de Washington, escritas após o assassinato de George Floyd, homem negro assassinado por policiais, foram citadas por Edinho como exemplo de ações que mostram a ideologia fascista de Trump. O presidente do PT chegou a dizer que Trump semeia as sementes para uma terceira guerra mundial. “Ele usa a tarifa como instrumento de coerção, de opressão, de violência no mundo e ele espalha a tarifa por todos os países Eu digo e reafirmo aqui que o Trump está semeando a terceira guerra mundial, só que a terceira guerra mundial não será bélica, ela será econômica. Não tem a violência física de uma guerra bélica, mas ela destrói economias e desorganiza o emprego e a renda”, disse. O remédio veio também na fala de Leninha que falou em reconstrução do partido, sem negar as divergências. ““Quando um rio grande junta com outro para formar um maior, ele não deixa de ser rio”, disse ao pedir a unidade de todas as correntes e grupos internos do PT pelo ideal maior de eleger Lula. Leninha foi eleita após uma disputa tumultuada no PT de Minas que acabou sendo resolvida na justiça. Sua adversária na disputa, a deputada federal Dandara, acabou impedida de disputar por causa de dívidas partidárias. Ela era a representante do grupo que comandou o PT Minas na última gestão, liderado pelo deputado federal Reginaldo Lopes e pelo deputado estadual Cristiano Silveira, até então presidente da legenda. Reginaldo discursou no evento e repetiu a determinação de estar junto com Leninha e deixar as divergências da eleição interna no passado. “Total apoio e solidariedade. Eleições acabaram e agora a solução é a união total”, disse. Sem Dandara na disputa, Leninha conseguiu vencer as eleições, mas não conseguiu a maioria dentro do diretório que teve as chapas que apoiavam Dandara conquistando a maioria das cadeiras. A nova presidente do PT falou em fazer encontros regionais para reunificação só partido e falou que o desafio é construir a melhor organização de uma chapa para eleição de Lula. “O mais importante para nós do PT de Minas é, de fato, responder qual é o melhor arranjo político para a gente ter um bom palanque, um palanque forte de Lula em Minas Gerais para a reeleição dele”, argumentou. A opção inicial seria a candidatura do senador Rodrigo Pacheco, mas a petista não descartou outras possibilidades. “O xadrez da política muda constantemente. Hoje o Pacheco é o candidato lançado pelo Lula; setores do PT também acreditam que ele é um nome que reúne as qualidades, daquilo que a gente acredita da boa política, uma pessoa que tem maturidade, seriedade, compromisso com o Brasil, com o Minas Gerais. Esse é o plano que está colocado, mas isso não significa que será isso. Como eu disse, a política muda muito. Eu penso que no início do ano que vem será um período decisivo para isso”, concluiu.

Prefeito de Belo Horizonte elogia Lula após racha do União Brasil

Na mesma semana em que o União Brasil decidiu que seus filiados devem deixar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião, integrante do partido, fez um gesto de apoio ao presidente durante evento realizado na capital mineira. Lula esteve na cidade nesta quinta-feira (4) para o lançamento do programa Gás Para Todos. Durante a cerimônia, Damião colocou a mão sobre o ombro de Lula, olhou nos olhos do presidente e exaltou sua trajetória de vida. Ele afirmou que ambos falam o “populês”, expressão que definiu como a linguagem do povo. “Quando o senhor lança um projeto como esse, pode ter certeza absoluta de que está cuidando das pessoas mais simples, das que mais precisam”, declarou o prefeito. “Nós falamos o populês. Nós falamos a língua do povo. Falamos fluentemente, porque vivemos todas as dificuldades que o povo viveu. E nós vamos cuidar desse povo.” O prefeito foi eleito vice na chapa de Fuad Noman (PSD), que foi reeleito em 2024, mas faleceu em março devido a problemas de saúde, fazendo com que Damião assumisse o comando da capital mineira. O evento ocorreu em um campo de futebol no Aglomerado da Serra, a maior favela de Minas Gerais, localizada na Região Sul de Belo Horizonte, e reuniu moradores e autoridades locais. Na terça-feira (2), a federação formada por União Brasil e PP decidiu desembarcar do governo federal, o que impacta diretamente ministros ligados aos partidos. Os mais afetados são André Fufuca (PP), do Esporte, e Celso Sabino (União), do Turismo, que ainda desejam permanecer na gestão. Já os ministros Waldez Góes, do Desenvolvimento Regional, e Frederico Siqueira, das Comunicações, devem ser poupados, pois, apesar de estarem na cota do União Brasil, não são filiados à sigla e têm apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

Decreto libera R$ 100 milhões do ICMS a exportadores de Minas para minimizar tarifaço de Trump

Valor será rateado em quatro parcelas mensais de R$ 25 milhões, no período de setembro a dezembro de 2025 O governo de Minas publicou nesta terça-feira (2), no Diário Oficial de Minas Gerais um decreto que trata da transferência ou utilização de crédito acumulado de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), no montante de R$ 100 milhões visando amenizar os impactos do tarifaço norte-americano sobre produtos brasileiros. De acordo com a Secretaria de Estado de Fazenda (SEF/MG), os R$ 100 milhões serão rateados em quatro parcelas mensais de R$ 25 milhões, no período de setembro a dezembro de 2025. Os recursos serão divididos proporcionalmente ao volume exportado, limitados a 10% do faturamento do exportador. O restante será distribuído entre os que se habilitaram, obedecendo ao Demonstrativo de Crédito Acumulado (DCA) ou, caso não tenha, ao percentual do Saldo Credor Acumulado atual definido na norma. Para ter o montante, o contribuinte deverá apresentar Certidão de Débito Tributário (CDT), negativa ou positiva com efeito negativo, e comprovação de que, pelo menos, 10% do faturamento dos últimos 12 meses sejam oriundos de exportações de mercadorias sujeitas à tarifa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos. Quem estiver apto, poderá formalizar no prazo de até dez dias a partir da publicação do decreto, o pedido de habilitação para transferência ou utilização do crédito acumulado, junto à Diretoria de Gestão Fiscal (DGF) da Superintendência de Fiscalização (Sufis) da SEF/MG, por meio do Sistema Eletrônico de Informações (SEI). As cópias do requerimento e do protocolo deverão ser encaminhadas ao e-mail sufisdgf@fazenda.mg.gov.br. Além deste decreto, estão previstos para os próximos dias anúncios de linha de crédito pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e ações da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG).

Bispo de BH é o único brasileiro nomeado ao Dicastério do Clero pelo papa

O órgão do Vaticano supervisiona e apoia padres e diáconos, e outros 20 membros do clero ao redor do mundo também foram escolhidos Dom José Otacio Oliveira Guedes, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, é o único brasileiro nomeado pelo Papa Leão XIV como membro do Dicastério do Clero, órgão do Vaticano que auxilia o pontífice na condução da igreja católica junto a padres, diáconos e bispos. A lista com os 21 membros escolhidos por Leão XIV foi divulgada nesta quinta-feira (28/8) e reúne clérigos de diversas nacionalidades, como ar..gentino, mexicano, estadunidense, africano e indonésio (veja completa abaixo).O Dicastério para o Clero é o órgão do Vaticano que supervisiona e apoia padres e diáconos, incluindo sua formação, ministério pastoral e promoção da cultura vocacional. Seus membros são responsáveis pela formação humana, espiritual, intelectual e pastoral dos futuros clérigos. Além disso, o Dicastério auxilia os bispos na organização e propósito dos seminários. Mineiro de São Sebastião do Maranhão, Dom José Otacio nasceu no dia 26 de fevereiro de 1974. Ele ingressou no Seminário São José da Arquidiocese de Niterói, no Rio de Janeiro, em 1991, concluindo a formação inicial no Colégio Maria Mater Ecclesiae, em Roma. Foi ordenado presbítero em 29 de agosto de 2000, por Dom Carlos Alberto Navarro. Dom José Otacio foi ordenado bispo no dia 10 de agosto do ano passado, em Niterói, no Rio de Janeiro. O anúncio de sua nomeação como bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, pelo Papa Francisco, havia sido alguns meses antes, no dia 15 de maio. Além disso, ele é doutor em Teologia Bíblica pela PUC-Rio (2008-2012), mestre em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (1998-2001), bacharel em Teologia pelo Pontifício Ateneu Regina Apostolorum, Roma (1995-1998) e graduado em Filosofia pela Faculdade São Bento do Rio de Janeiro – FSBRJ (1993-1994). Trajetória de dom José Otacio O nomeado como membro do Dicastério do Clero, dom José Otacio foi padre formador no Seminário Maior da Arquidiocese de Niterói, vice-reitor (2001-2003), reitor do Seminário Maior (2004-2006) e formador dos seminaristas de Filosofia (2013-2016). Na arquidiocese de Niterói, ainda como padre, exerceu a missão de capelão da Igreja Imaculada Conceição, em Niterói (2001-2006), membro do Conselho Presbiteral e do Colégio de Consultores (2004-2006), pároco da Paróquia São Pedro Apóstolo de Venda das Pedras, em Itaboraí (RJ), de 2006 a 2012. Dedicou-se à direção do Instituto Filosófico e Teológico do Seminário São José de Niterói (2013-2016), foi assistente da Pastoral Universitária (2013-2016), coordenador dos Cursos de Teologia para Leigos e de Formação para catequistas da Arquidiocese de Niterói (2013-2016). No campo acadêmico, lecionou exegese do Novo Testamento na graduação e pós-graduação da PUC-Rio (2003-2008; 2012-2017). De 2017 a 2020, foi missionário na Arquidiocese de Porto Velho (RO), no projeto Igrejas Irmãs, onde se dedicou à administração da Área Missionária de União Bandeirantes e da comunidade Santa Dulce dos Pobres do Bairro Novo, ao Seminário São João XXIII e à Faculdade Católica de Rondônia, instituições em que foi professor. Recentemente, dedicou-se à missão de reitor do Pontifício Colégio Pio Brasileiro, em Roma. Outros membros nomeados Juntamente com o brasileiro, outros 20 membros do clero foram escolhidos pelo Santo Padre. Confira os nomeados: Cardeal Luis Antonio G. Tagle (Pró-Prefeito do Dicastério para a Evangelização, Seção para a Primeira Evangelização e Novas Igrejas Particulares); Dom Jean-Marc Aveline (Arcebispo de Marselha – França); Dom Virgilio do Carmo da Silva (Arcebispo de Díli – Timor-Leste); Dom Stephen Brislin (Arcebispo de Joanesburgo – África do Sul); Dom Frank Leo (Arcebispo de Toronto – Canadá); Dom José Tolentino de Mendonça (Prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação) Dom Mario Grech (Secretário-Geral da Secretaria Geral do Sínodo); Dom Arthur Roche (Prefeito do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos); Dom Salvatore Fisichella (Pró-Prefeito do Dicastério para a Evangelização, Seção para Questões Fundamentais da Evangelização no Mundo); Dom Alejandro Arellano Cedillo (Decano do Tribunal da Rota Romana); Dom Alfonso Vincenzo Amarante (Reitor da Pontifícia Universidade Lateranense); Dom César Daniel Fernández (Bispo de Jujuy, Argentina); Dom Hilario González García (Bispo de Saltillo, México); Dom Andrea Migliavacca (Bispo de Arezzo-Cortona-Sansepolcro, Itália); Dom Luis Manuel Alí Herrera (Secretário da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores); Dom James Francis Checchio (Bispo de Metuchen, Estados Unidos da América); Dom Egidio Miragoli (Bispo de Mondovì, Itália); Dom Jesús Vidal Chamorro (Bispo de Segóvia, Espanha); Dom Erik Varden (Bispo Prelado de Trondheim, Noruega); Dom Siprianus Hormat (Bispo de Ruteng, Indonésia); Edward M. Lohse (Bispo de Kalamazoo, Estados Unidos da América); Consultores do Dicastério Vaticano para o Clero O papa Leão XIV também nomeou consultores para o Dicastério Vaticano para o Clero. Confira os escolhidos pelo pontífice: Marco Frisina (Reitor da Basílica de Santa Cecília em Trastevere em Roma, Itália); Gianpaolo Montini (Professor da Faculdade de Direito Canônico do Colégio Máximo da Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma); Giuliano Zatti (Vigário Geral da Diocese de Pádua, Itália); Cristino Bohnert Bauer (Reitor da Universidade Católica “Nuestra Señora de la Asunción” em Assunção, Paraguai); Michele Gianola (Subsecretário e Diretor do Escritório Nacional para a Pastoral Vocacional da Conferência Episcopal Italiana); Stefano Giacomo Guarinelli (psicólogo e psicoterapeuta); Gianluca Marchetti (Subsecretário e Diretor do Escritório Nacional para Problemas Jurídicos da Conferência Episcopal Italiana); Damián Guillermo Astigueta, SJ (Professor da Faculdade de Direito Canônico do Colégio Máximo da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma); Noach Heckel, OSB (Professor da Faculdade de Teologia da Universidade de Trier – Alemanha); Stanisław Morgalla, SJ (Diretor do Instituto de Psicologia do Colégio Máximo da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma); Madre Martha Elizabeth Driscoll (do Instituto dos Cistercienses da Estrita Observância, Superiora da Comunidade “Santa Maria alle Acque Salvie” do Mosteiro das Tre Fontane em Roma); Irmã Iuliana Sarosi, CMD (Professora do Instituto de Psicologia e do Centro “San Pietro Favre” para Formadores para o Sacerdócio e a Vida Religiosa do Colégio Máximo da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma).

Empresas mineiras ajudaram Bolsonaro com ameaças e voto de cabresto

Empresas de vários estados foram condenadas por tentar ajudar Jair Bolsonaro na eleição de 2022, tentando influenciar e manipular o voto de seus funcionários (FOLHAPRESS) – Ameaças de demissão, promessas de folga e até mesmo distribuição de pernil. Levantamento feito pela Folha na Justiça do Trabalho mostra que empresas de vários estados brasileiros já foram condenadas por ajudar Jair Bolsonaro (PL) na eleição de 2022, tentando influenciar e manipular o voto de seus funcionários e colaboradores. Com raízes no voto de cabresto imposto pelos coronéis na República Velha (1889-1930), o chamado assédio eleitoral motivou, na última eleição presidencial, uma série de ações judiciais. A reportagem teve acesso a 30 julgamentos recentes, em primeira ou segunda instância, nos quais empresas foram consideradas culpadas por condutas que alternam promessas de benefícios com pressão, intimidação e coação. Declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até 2030 e atualmente em prisão domiciliar, Bolsonaro ainda será julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) sob a acusação de tentativa de golpe de Estado no final de seu governo para tentar evitar a posse do presidente Lula (PT). Em Minas Gerais, a Agronelli Ltda. foi punida por ter, de acordo com o desembargador Marcelo Pertence, buscado “influenciar e manipular o direito de escolha política dos empregados”. Segundo o processo, a empresa colou adesivos com o nome de Bolsonaro nas mesas e computadores dos funcionários e promoveu palestras sobre o então presidente. Um diretor ainda falou que, se o PT vencesse a eleição, a empresa seria prejudicada e os funcionários, demitidos. Condenada a pagar R$ 10 mil a uma ex-funcionária, a Agronelli recorreu. Declarou à Justiça que “nunca coagiu, intimidou ou influenciou o voto dos seus colaboradores” e que jamais obrigou seus funcionários a colocarem adesivos de Bolsonaro em seus veículos ou locais de trabalho. Na Radiodoc (SP), um representante da empresa, de acordo com a ação judicial, disse que os funcionários “sofreriam as consequências” se não votassem em Bolsonaro. A empresa chegou a prometer uma folga para quem participasse de evento da campanha de Bolsonaro. Condenada em duas instâncias, a empresa negou “veementemente” os fatos relatados à Justiça. Na Sada Bioenergia e Agricultura (MG), um motorista com 12 anos de empresa foi demitido aos 64 anos por ter se recusado a usar um adesivo de Bolsonaro. Ele afirmou ao encarregado que distribuía o material de campanha que era eleitor de Lula. “O respeito à formação de convicção política de forma autônoma e livre é condição essencial à democracia”, afirmou o desembargador Marco Aurélio de Carvalho ao condenar a Sada. Ela disse à Justiça que a dispensa já estava prevista para ocorrer e que não houve assédio. No Paraná, a Transben Transportes foi condenada por, de acordo com a juíza Camila de Almeida, ter encaminhado um vídeo aos funcionários pedindo, de forma expressa, para que votassem em Bolsonaro. “Se o Lula ganhar vai ter desemprego. A nossa empresa vai sofrer bastante”, afirmou o representante. Na gravação, ele disse ainda que o motorista que fosse votar em Bolsonaro receberia um “auxílio” para poder retornar para suas cidades no dia da eleição. Na defesa apresentada à Justiça, a empresa disse que “sempre respeitou a preferência política dos seus empregados”. Já no Espírito Santo, a Febracis foi condenada a pagar uma indenização de R$ 10 mil por tentar coagir uma auxiliar administrativa a votar em Bolsonaro. A pressão, de acordo com o processo, foi aumentando com a aproximação do segundo turno. A empresa dizia que a eleição era uma “guerra espiritual”. Bolsonaro seria o enviado de Deus e Lula, o Diabo. “O comportamento habitual da superiora hierárquica não pode ser considerado tolerável em um ambiente corporativo”, afirmou na decisão o desembargador Soares Heringer. A empresa disse à Justiça que “jamais exerceu qualquer tipo de perseguição política e ideológica em face de seus empregados”. O Frigorífico Serradão, de Betim (MG), segundo uma ação aberta por um magarefe (profissional que faz o abate de animais), distribuiu camisetas amarelas para os trabalhadores com menção ao slogan de Bolsonaro e prometeu conceder uma peça de pernil a quem comprovasse ter votado no então presidente. “Os vídeos [anexados ao processo] demonstram claramente a realização da reunião nas dependências da empresa, e a uniformização amarela dos empregados, todos vestidos em nítido apoio a um determinado candidato imposto pela empresa”, afirmou o juiz Augusto Alvarenga na sentença. O Serradão, ao se defender, disse que não obrigou nenhum trabalhador a usar a camiseta amarela e que jamais ofereceu qualquer vantagem para quem votasse em Bolsonaro. Eneida Desiree Salgado, professora de direito constitucional e eleitoral da Universidade Federal do Paraná, que tem trabalhos sobre a questão do assédio eleitoral, diz que, em cidades pequenas, para cargos como vereador e deputado, é comum que as empresas verifiquem o mapa de votação para saber se, na zona eleitoral do seu funcionário, houve voto no candidato indicado. “Assim como o voto de cabresto no contexto do fenômeno do coronelismo da Primeira República, o que está em jogo não é apenas a liberdade de um voto. Com a existência do assédio eleitoral, toda a lisura do sistema é posta em risco”, afirma. Um relatório do Ministério Público do Trabalho apontou o recebimento de 3.145 denúncias de assédio eleitoral na disputa de 2022, número que representa apenas a ponta de um iceberg, uma vez que, diante do medo de perder seus empregos, muitos assediados preferem manter o silêncio. Uma pesquisa feita pelo Datafolha em 2022 registrou que 4% dos eleitores disseram já ter sofrido assédio eleitoral. O MPT assinou à época da eleição 560 termos de ajuste de conduta com empresas e abriu 105 ações civis públicas. Uma delas foi movida contra a SLC Agrícola S.A, do Piauí, que foi condenada em segunda instância a pagar R$ 100 mil em danos morais coletivos por ter imposto uma escala atípica para dificultar o voto dos trabalhadores no segundo turno. Lula havia obtido mais de 74% dos votos no estado no primeiro turno. De acordo com a sentença, 34 funcionários foram chamados para trabalhar em uma fazenda,