STF forma maioria e torna Eduardo Bolsonaro réu por coação da Justiça

O deputado é acusado de atuar, a partir dos EUA, para coagir as instituições de Justiça do Brasil A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nesta sexta-feira (14) para tornar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) réu por coação da Justiça. Votaram para tornar Eduardo Bolsonaro réu os ministros Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino e Cristiano Zanin. Resta o voto da ministra Cármen Lúcia. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), abriu a sessão virtual e votou por transformar Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em réu na ação por coação da Justiça. Flávio Dino seguiu o voto de Moraes. A sessão, que corre na primeira turma da corte, foi aberta nesta sexta-feira (14) e termina no próximo dia 21. Nas 66 páginas de seu voto, Moraes afastas as preliminares colocadas pela Defensoria Pública, já que Eduardo ignorou o processo, e afirma que o deputado cria um clima de “intimidação” aos ministros que participam do julgamento do pai, Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por liderar a organização criminosa que tentou um golpe de Estado. “O elemento subjetivo específico — favorecer interesse próprio ou alheio — evidencia-se, em tese, pelo fato do denunciado pretender criar ambiente de intimidação sobre as autoridades responsáveis pelo julgamento de JAIR MESSIAS BOLSONARO nos autos da AP 2.668/DF e também sobre as autoridades responsáveis por um possível projeto de anistia aos crimes imputados a JAIR MESSIAS BOLSONARO e corréus responsáveis pela tentativa de golpe de Estado ocorrida no Brasil”, argumenta Moraes. Eduardo se estabeleceu nos EUA em fevereiro deste ano para iniciar uma conspiração junto ao governo Donald Trump que resultou em sanções pela Lei Magnitsky a autoridades brasileiras, incluindo o próprio Moraes e a esposa dele, Viviane Barci, e no tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros que entram nos EUA.
Efeito Lula: desemprego chega a 5,6%, menor patamar da história

Número é o menor da série histórica, iniciada em 2012 A taxa de desocupação no Brasil registrou 5,6% no terceiro trimestre de 2025, o menor índice desde o início da série histórica em 2012. O levantamento revela um quadro de estabilidade no mercado de trabalho, com pequenas variações entre os estados e redução no número de pessoas em busca de emprego. De acordo com dados divulgados pelo IBGE, a desocupação caiu em apenas duas das 27 unidades da federação na comparação com o trimestre anterior, permanecendo estável nas demais. Pernambuco (10,0%), Amapá (8,7%) e Bahia (8,5%) lideraram as maiores taxas de desemprego, enquanto Santa Catarina e Mato Grosso registraram as menores, ambas com 2,3%. Os resultados incorporam a reponderação da série histórica da PNAD Contínua, ajustada com base nas Projeções de População divulgadas em 2024, que já incluem os dados do Censo Demográfico de 2022. Redução da desocupação em todas as faixas Os dados mostram que os quatro grupos de tempo de procura por trabalho tiveram retração no número de desocupados em relação ao terceiro trimestre de 2024. Duas faixas atingiram níveis mínimos da série histórica: pessoas que buscam emprego entre um mês e menos de um ano (3,1 milhões) e aquelas com procura entre um e dois anos (666 mil). Entre os que procuram há menos de um mês (1,1 milhão) e há dois anos ou mais (1,2 milhão), os níveis são os menores desde 2015. No grupo de busca prolongada, o recuo chegou a 17,8%. Segundo o analista da pesquisa, William Kratochwill, o comportamento do trimestre está alinhado às movimentações típicas do mercado. “A taxa de desocupação diminuiu devido a um aumento marginal, não significativo, da ocupação e esse aumento promoveu a diminuição do tempo de procura”, explicou. Desemprego entre mulheres continua superior ao dos homens O levantamento aponta que a taxa de desocupação entre as mulheres permanece acima da média nacional, alcançando 6,9%, enquanto entre os homens ficou em 4,5%. O recorte por cor ou raça mostra que brancos estão abaixo da média (4,4%), enquanto pretos (6,9%) e pardos (6,3%) apresentam índices mais altos. A escolaridade também influencia os resultados: pessoas com ensino médio incompleto registraram a taxa mais elevada (9,8%). Entre aqueles com nível superior incompleto, a taxa chegou a 5,8%, quase o dobro da observada para quem concluiu o ensino superior (3,0%). Informalidade permanece estável e registra extremos entre os estados A informalidade atingiu 37,8% dos trabalhadores do país no período. Maranhão (57,0%), Pará (56,5%) e Piauí (52,7%) exibiram os índices mais altos, enquanto Santa Catarina (24,9%) e o Distrito Federal (26,9%) mantiveram os menores patamares. Kratochwill destaca que o indicador manteve estabilidade em relação ao trimestre anterior. Ele observa que houve queda de 130 mil trabalhadores sem carteira nos serviços domésticos, compensada pelo aumento de 111 mil trabalhadores informais no setor público. “Outro ponto importante é a relação da informalidade com a baixa escolaridade e baixo rendimento médio da região, o que é marcante nesses estados de maior informalidade”, afirmou. Entre os empregados do setor privado, 74,4% tinham carteira assinada. Santa Catarina liderou com 88%, seguida por São Paulo (82,8%). No Maranhão, apenas 51,9% dos trabalhadores tinham registro formal. A proporção de trabalhadores por conta própria foi de 25,3%, com destaques para Maranhão (33,1%) e Pará (29,9%). Rendimento cresce no Sul e Centro-Oeste O rendimento médio real habitual chegou a R$ 3.507, estável em relação ao trimestre anterior e superior aos R$ 3.373 registrados no mesmo período de 2024. Sul e Centro-Oeste foram as únicas regiões com aumento significativo, ultrapassando R$ 4 mil de média. A massa de rendimento real habitual somou R$ 354,6 bilhões, com maior peso no Sudeste (R$ 176 bilhões), maior valor da série. Metodologia A PNAD Contínua é a principal ferramenta de monitoramento da força de trabalho no Brasil. A pesquisa mobiliza cerca de dois mil entrevistadores, alcançando 211 mil domicílios por trimestre. Após a adoção temporária de entrevistas por telefone durante a pandemia, o levantamento voltou à coleta presencial em julho de 2021.
Investigação aponta propina para deputado federal no esquema de desvios do INSS

Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) foi alvo de um mandado de busca e apreensão na manhã desta quinta (13), durante uma operação da PF que investiga o esquema. A investigação da Polícia Federal sobre os descontos indevidos em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) aponta que o deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) recebia propina para defender os interesses dos fraudadores. Euclydes Pettersen foi alvo de um mandado de busca e apreensão na manhã desta quinta-feira (13), durante uma operação da Polícia Federal (PF) que investiga o esquema nacional de fraudes e descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS. Segundo a investigação, o deputado tinha em Vinícius Ramos da Cruz, presidente do Instituto Terra e Trabalho (ITT) que foi preso nesta quinta, um intermediário e canal de pagamento de propinas. Nas conversas a que os investigadores tiveram acesso, o deputado Euclydes Pettersen é denominado “Herói E”. Os investigadores tiveram acesso a mensagens de um diálogo em que Vinícius se compromete com Cícero Marcelino, assessor da Conafer, a descobrir dados de pagamento de Euclydes Pettersen. Após conseguir as informções, Vinícius repassa informações da Fortuna Loterias. Procurado pelo g1, o deputado afirmou que ainda não teve acesso à decisão e que não tem qualquer participação nos fatos investigados pela PF. “Ainda não tivemos acesso à decisão, confiamos na justiça e nas instituições e reiteramos que as investigações esclarecerão que não temos qualquer participação nos fatos apurados”, disse Pettersen. A ação desta faz parte da Operação Sem Desconto, deflagrada em todo o país, com o cumprimento de 63 mandados de busca e apreensão, 10 de prisão e outras medidas cautelares. Em Minas Gerais, a PF esteve no apartametno do parlamentar, em Governador Valadares, para cumprir a determinação judicial. A investigação já tinha apontado Pettersen como porta-voz político da Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil). O deputado também teria vendido uma aeronave ao presidente do Instituto Terra e Trabalho (ITT), uma ONG ligada à Conafer, ao mesmo tempo em que destinou emendas parlamentares à entidade. A suspeita é de que parte da verba pública enviada por ele tenha sido redirecionada, por meio de fraudes em licitação, para empresas ligadas à própria confederação. A Conafer e o ITT são investigados pela PF e pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, instalada no Congresso Nacional para apurar o esquema que teria causado desvios bilionários em benefícios. Pagamentos para ex-ministro As investigações também apontam o ex-ministro da Previdência no Ahmed Mohamad Oliveira, anteriormente chamado José Carlos Oliveira, como um dos pilares institucionais da fraude na Conafer. Ele comandou o ministério no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo a investigação, como diretor de benefícios do INSS e depois como ministro do Trabalho e Previdência Social, Ahmed autorizou repasses ilegais e recebeu vantagens indevidas em contrapartida. Os investigadores encontraram uma planilha de fevereiro de 2023 com registro de pagamento de R$ 100 mil a “São Paulo Yasser”. Segundo a investigação, Ahmed tinha como apelidos os termos “Yasser” e “São Paulo”. Os policiais também encontraram mensagens de WhatsApp de agradecimento de Ahmed a Cícero Marcelonoi, que teriam sido enviadas após receber dinheiro. A investigação também aponta que Ahmed, quando era diretor de benefícios do INSS, autorizou o desbloqueio e também o repasse de R$ 15,3 milhões à Conafer. Os policiais apontam que a decisão do ex-ministro foi realizada sem comprovação das filiações exigidas pelo Acordo de Cooperação Técnica (ACT) sobre o tema e sem exigir documentos que comprovassem as filiações de associados. Segundo a investigação, a decisão de Ahmed possibilitou que a Conafer retomasse e ampliasse a fraude dos descontos em benefícios do INSS, com a inclusão de mais de 650 mil benefícios previdenciários. Pagamentos para presidente do INSS As investigações da Polícia Federal apontam que o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto recebia até R$ 250 mil por mês em propinas pagas pela organização criminosa que fraudava descontos em folha de aposentados e pensionistas por meio da entidade Conafer. Stefanutto também foi preso mais cedo nesta quinta. Segundo documentos encaminhados ao Supremo Tribunal Federal (STF), Stefanutto era considerado peça estratégica para manter ativa a estrutura de desvios, que operava a partir de um Acordo de Cooperação Técnica firmado com o INSS em 2017. Mensagens interceptadas pela PF, planilhas apreendidas com operadores financeiros e ordens de liberação de repasses sem comprovação de filiação reforçam a suspeita de pagamentos sistemáticos ao ex-presidente do órgão. A propina, segundo a PF, foi paga por meio de empresas e até de uma pizzaria. A PF estima que mais de R$ 640 milhões foram desviados entre 2017 e 2023 só via Conafer — sem contar outras entidades também investigadas. O esquema envolvia falsificação de fichas de filiação, inserção de dados fraudulentos em sistemas do INSS e distribuição de recursos por meio de empresas de fachada e intermediários financeiros. A investigação verificou que a Conafer procurava os aposentados para que eles assinassem um termo para sair dos convênios. No entanto, as assinaturas eram usadas, de forma fraudulenta, para autorizar descontos. O JN mostrou como funcionava na prática esse processo irregular
Enem privilegia direitos humanos e cidadania ao abordar envelhecimento na redação

Em 2025, a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) trouxe o tema “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”. Neste domingo (9), além da prova de redação, os candidatos fazem as questões de linguagens e códigos e de ciências humanas. A prova termina às 19h (horário de Brasília). Para a professora Viviane de Souza, que dá aula em pré-vestibulares de Fortaleza (CE), a escolha da temática segue uma linha já adotada em outras edições do exame. “O Enem seguiu o raciocínio dos anos anteriores ao privilegiar o debate sobre direitos humanos e cidadania e envolver um grupo minoritário para isso”, avalia. Ela lembra que o tema é bastante atual, tendo em vista os dados revelados pelo Censo Demográfico 2022, o qual mostrou que o total de pessoas com 65 anos ou mais no país chegou a 10,9% da população, com alta de 57,4% frente a 2010, quando esse contingente era de pouco mais de 14 milhões, ou 7,4% da população. “A temática é de grande relevância, tendo em vista o processo de envelhecimento populacional pelo qual vem passando a sociedade há anos, com uma projeção de que, em 2070, os idosos representarão cerca de 37,8% da população, totalizando 75,3 milhões de pessoas, segundo o IBGE”, destaca Sousa. A professora de Redação avalja que os aspectos exigidos na prova são acessíveis aos diversos níveis dos participantes. “Inúmeras ações já existem e podem ser citadas, como o Estatuto da Pessoa Idosa, o qual reforça os direitos constitucionais dessa parcela, bem como ações de valorização desse público, a exemplo do Dia Nacional do Idoso.” Ela reforça que os candidatos devem refletir ainda sobre os entraves ainda enfrentados, como a falta de acesso aos serviços de saúde, questões previdenciárias e o preconceito social. Etarismo Professores ouvidos pela Agência Brasil também destacaram a oportunidade de debater o etarismo, tendo em vista que mais de 4,8 milhões de pessoas fazem a prova. Para a professora de redação Bárbara Soares, que atua em Brasília, o exame trouxe, mais uma vez, um tema relevante e atual, tendo em vista o envelhecimento da população e a necessidade de combate ao etarismo. Além disso, relações possíveis com violações de direitos, como a descoberta sobre os desvios de recursos das aposentadorias de brasileiros e a necessidade de novas políticas públicas poderiam ser abordadas na prova. “Há uma grande preocupação de como proteger essas pessoas. O Enem coloca uma lupa sobre um problema que está relacionado a grupos mais vulneráveis e de que premissas constitucionais estão sendo violadas”, afirmou a docente. O professor Thiago Braga, que dá aulas no Rio de Janeiro, também destaca a mudança na pirâmide etária brasileira. “É uma discussão feita interdisciplinarmente na escola. Todos eles sabem, por exemplo, que a pirâmide etária brasileira está passando por uma transformação importante nesse momento”, pondera. O projeto de texto, com informações, fatos e opiniões relacionados ao tema proposto, deverá defender um ponto de vista – uma opinião a respeito do tema proposto -, apoiada em argumentos consistentes, estruturados com coerência. O candidato também deverá elaborar uma proposta de intervenção social (solução) para o problema apresentado no desenvolvimento do texto. Essa proposta deve respeitar os direitos humanos. Propostas que desrespeitem os direitos humanos receberão nota zero. Constituem desrespeito aos direitos humanos propostas que, por exemplo, incitem as pessoas à violência ou tenham referências racistas.
Tornado causa destruição em Rio Bonito do Iguacu, interior do Paraná

Ventos podem chegado a cerca de 250 km/h. Formação de frente fria e de ciclone extratropical sobre o Sul do Brasil na sexta-feira, 7/11/25, gerou as nuvens muito carregadas que provocaram o tornado. Um tornado muito forte passou sobre Rio Bonito do Sul, no centro-oeste do Paraná, destruindo grande parte da cidade e causando mortes em 7/11/25 (Foto: Jonathan Campos-AEN – Fotos Públicas)Durante a sexta-feira, 7 de novembro de 2025, houve a formação de uma de uma frente fria e de forte ciclone extratropical sobre o Sul do Brasil. O processo de formação deste sistema, que já ocorreu muitas outras vezes sobre a região Sul e com intensidade até maior do que a observada nesta sexta-feira, gerou nuvens muito carregadas, do tipo cumulonimbus sobre os três estados do Sul, que provocaram tempestades com chuva volumosa em pouco tempo e também fortes rajadas de vento. A formação de nuvens cumulonimbus é comum nesta situação é parte do processo de formação da frente fria e do ciclone extratropical. Na região centro-oeste do Paraná, uma nuvem cumulonimbus teve um desenvolvimento mais intenso e se transformou numa supercélula, que gerou o tornado muito forte na cidade de Rio Bonito do Iguaçu. Técnicos do governo do Paraná estimaram que o tornado pode ter causado ventos entre 200 km/h a 250 km/h. A força dos ventos deixou a cidade praticamente toda a destruída. A passagem do tornado deixou um cenário de guerra em Rio Bonito do Iguaçu. Até o meio da tarde deste sábado, 8 de novembro de 2025, a imprensa noticiava pelos menos 750 feridos e seis mortes no Paraná, sendo cinco em Rio Bonito do Iguaçu e uma em Guarapuava. O que é um tornado? O tornado é uma corrente de ar giratória, que se forma entre o solo e a base de uma nuvem cumulonimbus especialmente intensa, chamada de supercélula. Esta corrente de ar tem uma aparência muito afunilada característica, semelhante a uma enorme casquinha de sorvete ou a um temaki. Quando este “funil” toca o solo é chamado de tornado. Quando o “funil” não toca o solo, dizemos que houve apenas a formação de uma nuvem funil. Os meteorologistas conseguem antever uma situação atmosférica com risco de formação de supercélulas, onde nascem os tornados, até com mais de 24 horas de antecedência. Mas saber onde a supercélula está efetivamente se formando é uma avaliação de curto prazo, que só se pode fazer com monitoramento no mesmo dia, por algumas horas, com análise contínua de imagens fornecidas por radares e satélites meteorológicos. Saiba agora algumas características dos tornados – tornados são formados em nuvens do tipo cumulonimbus chamadas de supercélulas; – muitas vezes é possível ver um tornado a olho nu e fotografá-lo, mas muitas vezes os tornados ocorrem à noite e só vemos a destruição; – o ambiente atmosférico onde se forma uma supercélula é normalmente muito úmido, quente, com uma pressão do ar muito baixa e com grandes diferenças de vento entre a superfície e níveis mais elevados da atmosfera; – a possibilidade de ocorrência de um tornado em uma região é detectada pouco tempo antes, cerca de meia hora, do fenômeno ocorrer; – a nuvem que pode conter um tornado é monitorada por imagens de satélite de alta resolução e por informações específicas de radares meteorológicos; tornados podem ter diferentes intensidades e os mais severos podem provocar ventania acima de 300 km/h; – o que diferencia o vento forte que muitas vezes ocorrer durante uma tempestade de um tornado é a característica giratória do vento, que causa torções em objetos grandes e em estruturas; – a duração de um tornado é de poucos minutos; – a extensão horizontal de um tornado é de alguns quilômetros; – não possível prever a trajetória do tornado; – a ocorrência de tornados é comum na passagem de furacões e de tufões, mas também pode ocorrer na formação de alguns ciclones extratropicais; – os danos causados por um tornado, dependendo da intensidade, pode variar desde árvores médias arrancadas pela raíz, destelhamentos de casas, queda de postes e torres de transmissão de energia, até a destruição completa de construções grandes de concreto e aço, arremesso de carros, torções de grandes estruturas de aço; – a velocidade do vento provocada por um tornado é geralmente estimada a partir do tipo de dano observado no local onde houve o fenômeno; – no Brasil, a formação de tornados é mais comum no Sul do Brasil, mas vários eventos já ocorreram em São Paulo e em Mato Grosso do Sul e já houve formação de tormado em Brasília; Escala Fujita estima a força de um tornado A Escala Fujita Aprimorada (Escala EF) é um medidor da força de um tornado. Esta escala foi construída por especialistas dos Estados Unidos, a partir do nível de danos causados por tornados que ocorrem neste país. A velocidade do vento na escala EF é uma estimativa e não uma velocidade medida por instrumentos. Os instrumentos meteorológicos são facilmente defstruídos pela ventania de um tornado. Esta escala Fujita Aprimorada é usada pelos meteorologistas nos Estados Unidos desde em 1º de fevereiro de 2007. Ela serve de base para ser usada em outros países, mas precisa ser adaptada porque o tipo de construção nos Estados Unidos é muito diferente do que se faz no Brasil, por exemplo. Usamos tiljolos (alvenaria) no Brasil e por lá é muito comum o uso de madeira e do dry wall, que feito de gesso. A escala Fujita Aprimorada classifica os tornados de 0 a 5: (valores de velocidade de vento aproximados) EF 0: 105 km/h a 137 km/h EF 1:137 km/h a 177 km/h EF 2: 179 km/h a217 km/h EF 3: 219 km/h a 265 km/h EF 4: 267 km/h a 322 km/h EF 5: acima de 322 km/h
Cúpula de Líderes da COP30 aprova declaração sobre fome, pobreza e ação climática

Documento apoiado por 43 países e União Europeia alerta para o fato de que o impacto adverso das mudanças climáticas é desigual e atinge com mais força os mais vulneráveis A Cúpula de Líderes da COP30 aprovou, nesta sexta-feira (7), a Declaração de Belém sobre Fome, Pobreza e Ação Climática Centrada nas Pessoas, com o apoio de 43 países e da União Europeia. Tendo como base a visão do governo brasileiro sobre o combate a esses males, o documento alerta para o fato de que o impacto adverso das mudanças climáticas, embora afete a todos, é desigual e atinge com mais força os mais vulneráveis. Partindo desse pressuposto, a declaração reforça a importância de que os países continuem investindo na mitigação dos efeitos da crise ambiental, mas com foco especial nas medidas de adaptação climática centradas no ser humano, como a proteção social adaptativa, seguros-safra e outros instrumentos que promovam a resiliência dos pequenos produtores rurais às mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, defende que o financiamento climático também invista em projetos que gerem oportunidades, empregos e meios de subsistência para agricultores familiares, comunidades tradicionais e povos da floresta, reforçando o entendimento de que o financiamento climático deve priorizar soluções centradas nas pessoas. No mesmo dia, também foram aprovados outros documentos para nortear as ações dos países signatários nos próximos anos. Um deles foi a Declaração de Belém sobre o Combate ao Racismo Ambiental, que busca fomentar o diálogo internacional sobre a interseção entre igualdade racial, meio ambiente e clima. Também foram aprovadas a Declaração sobre a Coalizão Aberta de Mercados Regulados de Carbono e o Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis, que pretende somar esforços para quadruplicar a produção e o uso de combustíveis sustentáveis até 2035. Fome, Pobreza e Ação Climática A Declaração de Belém sobre Fome, Pobreza e Ação Climática Centrada nas Pessoas — uma das mais abrangentes e impactantes entre os documentos aprovados — reforça que “a mudança do clima, a degradação ambiental e a perda da biodiversidade já estão agravando a fome, a pobreza e a insegurança alimentar, comprometendo o acesso à água, piorando os indicadores de saúde e aumentando a mortalidade, aprofundando desigualdades e ameaçando meios de subsistência, com impactos desproporcionais sobre pessoas já pobres ou em situação de vulnerabilidade”. Nesse sentido, se compromete a “colocar os impactos desiguais da mudança do clima no centro da nossa resposta, em consonância com o princípio da UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) de dar plena consideração às necessidades específicas e às circunstâncias especiais dos países em desenvolvimento, em especial os mais vulneráveis”. O documento aponta que os signatários trabalharão, entre outros pontos, para “expandir sistemas de proteção social e assistência emergencial adaptados às mudanças do clima; integrar os sistemas de proteção social com alertas antecipados, preparação para desastres, ações antecipatórias, respostas a perdas e danos, bem como com os setores de recursos naturais e meio ambiente e conectar a proteção social com intervenções em nutrição, alimentação escolar, meios de subsistência, saúde, extensão agrícola e educação, promovendo a resiliência de longo prazo e a adaptação frente a impactos climáticos adversos”. Quanto aos produtores rurais, a declaração se compromete a “ampliar soluções que permitam que famílias em situação de vulnerabilidade climática e pequenos produtores em áreas rurais gerenciem riscos climáticos, aumentem sua resiliência e reduzam vulnerabilidades — incluindo seguros, garantias, mecanismos de redução de riscos, proteção social vinculada à produção e financiamento para evitar, minimizar e enfrentar perdas e danos”. Também defende a expansão do acesso das populações mais vulneráveis em áreas rurais “a infraestrutura e serviços resilientes ao clima, como acesso seguro à água e saneamento, irrigação inteligente e eficiente, gestão de secas e enchentes, energia sustentável, instrumentos financeiros adequados, capacitação, informações de mercado, ferramentas e serviços de assistência técnica e extensão rural”. A declaração ainda se compromete a “desenvolver, implementar e ampliar soluções inclusivas e sustentáveis, incluindo modelos diversificados de agroflorestas, que gerem empregos decentes e meios de vida sustentáveis para as populações locais; expandir alternativas sustentáveis de subsistência por meio da bioeconomia, agroflorestas, serviços rurais, ecoturismo, restauração e conservação de terras e ecossistemas; apoiar o desenvolvimento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) e incentivar ações climáticas e projetos de financiamento climático e proteger os direitos de propriedade sobre florestas e outros direitos dos Povos Indígenas e comunidades locais”. Para ler a íntegra da declaração, clique aqui.
Caetano e Bethânia são indicados no Grammy 2026; veja a lista completa

Irmãos concorrem na categoria de melhor álbum de música global e são os únicos brasileiros indicados nesta edição da premiação O Grammy anunciou, nesta sexta-feira (7/11), as indicações para a sua 68ª edição, que acontece em 1º de fevereiro do ano que vem. O prêmio mais importante da indústria musical americana, da Academia de Gravação, destaca nomes como Lady Gaga, com o álbum “Mayhem”; Bad Bunny, por “Debí Tirar Más Fotos”; Sabrina Carpenter, pelo badalado “Man’s Best Friend”; além de Kendrick Lamar, com o disco “GNX”, nas principais categorias -dentre eles, álbum, música e gravação do ano. Lamar, que levou cinco troféus na edição anterior do Grammy, é o com mais indicações ao todo, com nove menções. Depois dele vem Lady Gaga, com sete, superando o recorde de indicações dela, em 2010, quando concorreu a seis gramofones. A diva pop está empatada com os produtores Jack Antonoff e Cirkut. Depois, todos com seis indicações, estão Sabrina Carpenter, Serban Ghenea, Bad Bunny e Leon Thomas. O disco “Caetano e Bethânia Ao Vivo”, registro da turnê mais recente dos irmãos Caetano Veloso e Maria Bethânia, foi indicado na categoria de melhor álbum de música global. Os baianos disputam com nomes como o nigeriano Burna Boy, a indiana Siddhant Bhatia e a britânica indiana Anoushka Shankar. Lista dos indicados às principais categorias do Grammy 2026: GRAVAÇÃO DO ANO – Abracadabra – Lady Gaga – Anxiety – Doechii – APT. – ROSÉ, Bruno Mars – DtMF ? Bad Bunny – Manchild – Sabrina Carpenter – WILDFLOWER – Billie Eilish – luther – Kendrick Lamar & SZA – The Subway – Chappell Roan ÁLBUM DO ANO – SWAG – Justin Bieber – MAYHEM – Lady Gaga – DeBÍ TiRAR MáS FOToS – Bad Bunny – Man’s Best Friend – Sabrina Carpenter – Let God Sort Em Out – Clipse, Pusha T & Malice – GNX – Kendrick Lamar – MUTT – Leon Thomas – CHROMAKOPIA – Tyler, The Creator MÚSICA DO ANO – Golden – HUNTR/X: EJAE, Audrey Nuna, REI AMI – APT. – ROSÉ, Bruno Mars – Abracadabra – Lady Gaga – Anxiety – Doechii – DtMF – Bad Bunny – luther – Kendrick Lamar & SZA – Manchild – Sabrina Carpenter – WILDFLOWER – Billie Eilish ARTISTA REVELAÇÃO – Olivia Dean – KATSEYE – The Marias – Addison Rae – sombr – Leon Thomas – Alex Warren – Lola Young MELHOR GRAVAÇÃO DANCE/ELETRÔNICA – No Cap – Disclosure & Anderson .Paak – Victory Lap – Fred again.., Skepta, & PlaqueBoyMax – SPACE INVADER – KAYTRANADA – VOLTAGE – Skrillex – End Of Summer – Tame Impala MELHOR ÁLBUM DE ROCK – private music – Deftones – I quit – HAIM – From Zero – Linkin Park – NEVER ENOUGH – Turnstile – Idols – YUNGBLUD MELHOR MÚSICA DE ROCK – As Alive As You Need Me To Be (Nine Inch Nails) – Caramel (Sleep Token) – Glum (Hayley Williams) – NEVER ENOUGH (Turnstile) – Zombie (YUNGBLUD) MELHOR ÁLBUM DE RAP – Clipse: Let God Sort Em Out – GloRilla: GLORIOUS – JID: God Does Like Ugly – Kendrick Lamar: GNX – Tyler, the Creator: CHROMAKOPIA MELHOR MÚSICA DE RAP – Anxiety – Doechii – The Birds Don’t Sing – Clipse, Pusha T & Malice and John Legend & Voices Of Fire – Sticky – Tyler, The Creator, GloRilla, Sexyy Red & Lil Wayne – TGIF – GloRilla – tv off – Kendrick Lamar and Lefty Gunplay MELHOR PERFORMANCE DE RAP – Outside – Cardi B – Chains & Whips – Clipse, Pusha T & Malice, Kendrick Lamar & Pharrell Williams – Anxiety – Doechii – tv off – Kendrick Lamar and Lefty Gunplay – Darling, I – Tyler, The Creator and Teezo Touchdown MELHOR MÚSICA DE R&B – Folded – Kehlani – Heart Of A Woman – Summer Walker – It Depends – Chris Brown & Bryson Tiller – Overqualified – Durand Bernarr – YES IT IS – Leon Thomas MELHOR PERFORMANCE DE R&B – YUKON – Justin Bieber – It Depends – Chris Brown & Bryson Tiller – Folded – Kehlani – MUTT (Live From NPR’s Tiny Desk) – Leon Thomas – Heart Of A Woman – Summer Walker MELHOR PERFORMANCE DE POP SOLO – Justin Bieber: “DAISIES” – Sabrina Carpenter: “Manchild” – Lady Gaga: “Disease” – Chappell Roan: “The Subway” – Lola Young: “Messy” MELHOR ÁLBUM POP VOCAL – SWAG – Justin Bieber – Man’s Best Friend – Sabrina Carpenter – Something Beautiful – Miley Cyrus – MAYHEM – Lady Gaga – I’ve Tried Everything But Therapy (Part 2) – Teddy Swims MELHOR GRAVAÇÃO DE DANCE POP – Midnight Sun – Zara Larsson – Illegal – PinkPantheress – Bluest Flame – Selena Gomez & benny blanco – Abracadabra – Lady Gaga – Just Keep Watching (From F1® The Movie) – Tate McRae MELHOR ÁLBUM POP VOCAL TRADICIONAL – Harlequin – Lady Gaga – A Matter Of Time – Laufey – Wintersongs – Laila Biali – The Gift Of Love – Jennifer Hudson – Who Believes In Angels? – Elton John & Brandi Carlile – The Secret Of Life: Partners, Volume 2 – Barbra Streisand MELHOR PERFORMANCE DE MÚSICA ALTERNATIVA – Everything Is Peaceful Love Bon Iver – Alone – The Cure – SEEIN’ STARS – Turnstile – mangetout – Wet Leg – Parachute – Hayley Williams MELHOR ÁLBUM DE MÚSICA ALTERNATIVA – DON’T TAP THE GLASS – Tyler, The Creator – Ego Death At A Bachelorette Party – Hayley Williams – SABLE, fABLE – Bon Iver – Songs Of A Lost World – The Cure – moisturizer – Wet Leg PRODUTOR DO ANO, NÃO-CLÁSSICO – Dan Auerbach – Cirkut – Dijon – Blake Mills – Sounwave COMPOSITOR DO ANO, NÃO-CLÁSSICO – Amy Allen – Edgar Barrera – Jessie Jo Dillon – Tobias Jesso Jr. – Laura Veltz MELHOR ÁLBUM DE MÚSICA GLOBAL – Caetano e Bethânia Ao Vivo – Caetano Veloso And Maria Bethânia – No Sign of Weakness – Burna Boy – Sounds Of Kumbha- Siddhant Bhatia –
Operação mais letal da história expõe falência da segurança pública do RJ

Com 64 mortos, ação nas favelas do Alemão e da Penha reacende o debate sobre violência de Estado, racismo estrutural e ausência de políticas sociais. A megaoperação policial realizada nesta terça-feira (28) nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, deixou pelo menos 64 mortos, incluindo quatro policiais, e 81 presos. A ação, considerada a mais letal da história do estado, mobilizou 2.500 agentes e paralisou boa parte da cidade, com escolas fechadas, bloqueios em vias e moradores enclausurados em casa. A ofensiva faz parte da chamada “Operação Contenção”, programa permanente do governo bolsonarista de Cláudio Castro (PL) para conter a expansão do Comando Vermelho (CV). No entanto, as imagens que circularam nas redes sociais mostraram helicópteros atirando de cima, blindados destruindo ruas e famílias aterrorizadas dentro de suas casas. Para muitos parlamentares e especialistas, a operação é mais um capítulo de uma política de segurança centrada na letalidade e na espetacularização da violência, um padrão histórico de violência que não enfrenta as raízes do problema. “Tragédia nas favelas”, denuncia Jandira Feghali A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) criticou a diferença de tratamento das forças de segurança conforme o território onde atuam. “Quando precisam cumprir mandados de prisão nos endereços elegantes do andar de cima, as forças policiais agem com cuidado. Mas nas favelas, o resultado é o que vemos: população aterrorizada, sem poder sair para trabalhar e estudar, num cenário que lembra uma guerra – covarde, como todas as guerras”, afirmou. Para Jandira, a política de segurança do governador Cláudio Castro (PL) é “uma tragédia permanente” que transforma as comunidades em zonas de exceção, onde os direitos constitucionais são suspensos. “Os moradores dos complexos da Penha, do Alemão e de todas as comunidades do Rio merecem respeito”, concluiu. “Insegurança institucionalizada”, afirma Danieli Balbi A deputada estadual Danieli Balbi (PCdoB-RJ) classificou a operação como “ineficiente e desastrosa”, argumentando que o Estado “surrupia direitos fundamentais” em nome de uma guerra que atinge os mais pobres. “A operação instaura o caos e o medo e certamente não vai resolver o problema da insegurança pública. O governo do estado precisa prestar contas: quem são os mortos, os sobreviventes e os mandos que legitimam essa matança?”, questionou. Balbi, militante antirracista, afirmou que o espetáculo da morte substitui políticas públicas reais: “Sob a tutela de Cláudio Castro, prevalece o espetáculo da morte. A cada operação, um fuzil, um corpo, um silêncio cúmplice. A letalidade protege a narrativa de que ‘algo está sendo feito’, enquanto falha em garantir vida, educação, saúde e emprego.” Crítica à tentativa de culpar o governo federal O governador Cláudio Castro tentou dividir a responsabilidade, afirmando que o “poder bélico dos criminosos está sendo financiado via lavagem de dinheiro” e que as forças de segurança do Rio estão “sozinhas” nessa guerra. A fala provocou reação imediata no Congresso. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) rebateu o governador, acusando-o de “oportunismo político”. “Querer empurrar essa conta para o governo federal é muita cara de pau. Castro deveria explicar por que faz oposição à PEC da Segurança, proposta por Lula. É puro oportunismo”, disse. “Letalidade é pirotecnia que não resolve”, diz especialista Para o advogado e pesquisador José Carlos Pires, membro da coordenação da Associação de Advogados pela Democracia, Justiça e Cidadania (ADJC) e autor de obras sobre segurança pública, as chamadas “megaoperações” produzem impacto midiático, mas nenhum efeito duradouro. “A operação vem, deixa um rastro de mortos e feridos, e depois tudo volta a ser como antes. A vida de violência e de ocupação nos territórios continua. Cria-se uma pirotecnia que ceifa vidas, inclusive de inocentes, e, dias depois, a realidade retorna”, afirmou Pires. O especialista ressaltou que o problema da criminalidade urbana não se resolve com confrontos, mas com ações permanentes e integradas do Estado. “A operação paralisa bairros inteiros — escolas, comércios, academias, tudo fica parado. O medo prevalece, tanto da atuação policial quanto do crime organizado. Sem políticas sociais e econômicas, o crime volta a dominar os territórios”, alertou. O contraponto: a inteligência contra a letalidade José Carlos Pires destacou ainda o contraste entre as ações no Rio e a recente operação da Polícia Federal em São Paulo, que desarticulou a estrutura financeira do crime organizado sem feridos nem mortos. “A PF atacou as finanças do crime com tecnologia, investigação e inteligência. O resultado foi muito mais eficiente e civilizado. No Rio, a opção é sempre pela letalidade”, comparou. Segundo ele, a insistência em estratégias de confronto direto reflete uma ausência de política pública coordenada, em que a polícia atua isoladamente, sem o suporte de políticas de educação, cultura, saúde e geração de emprego. Governador em contradição e disputa política O especialista também criticou as declarações do governador Cláudio Castro (PL), que afirmou que as forças do Rio estão “sozinhas” e pediram ajuda federal. Para Pires, a fala é contraditória e politicamente calculada. “O governador tenta transferir a responsabilidade ao governo federal, mas ao mesmo tempo se opõe à PEC da Segurança Pública, que busca integrar as forças dos estados e da União. É uma jogada de marketing eleitoral”, afirmou. Segundo Pires, a solução real exige cooperação entre municípios, estados e União, num processo planejado e contínuo. “Segurança pública não se faz com uma megaoperação, mas com presença constante do Estado e com políticas estruturantes”, completou. Letalidade como rotina O saldo da Operação Contenção — 64 mortos e bairros inteiros paralisados — reforça o diagnóstico de que o modelo de segurança pública fluminense está esgotado. Em vez de reduzir o poder das facções, as ações violentas reproduzem ciclos de medo e desconfiança entre Estado e comunidades. Para Pires, a militarização da segurança e a ausência de políticas sociais mantêm o Rio em um “estado de guerra permanente”, onde a morte substitui a política. “Enquanto o Estado não tratar a segurança como um direito e não como uma batalha, viveremos essa rotina de operações espetaculares e resultados pífios”, concluiu. Uma política que reproduz o medo A chamada “Operação Contenção”, criada pelo governo do estado como
Evangélico de esquerda: quem é e como pensa o favorito de Lula para STF

Aos 44 anos, o Advogado-Geral da União, Jorge Messias, é o mais cotado para a vaga de Barroso no STF, por ter a confiança do presidente Lula O Advogado-Geral da União (AGU), Jorge Rodrigo Araújo Messias, surge como um dos nomes mais fortes entre cotados para preencher a cadeira vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), deixada pela saída do ministro Luís Roberto Barroso, que decidiu se aposentar antecipadamente. Messias tem 44 anos e é formado em Direito pela Faculdade de Direito do Recife da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e possui mestrado e doutorado pela Universidade de Brasília (UnB). Desde 2007 é procurador da Fazenda Nacional. Antes de assumir a chefia da AGU, em 2023, nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele ocupou diversos cargos de relevo no governo federal, entre os quais, subchefe para Assuntos Jurídicos da Presidência da República, durante o governo da ex-presidenta Dilma Rousseff. Uma das curiosidades mais notáveis de sua trajetória remonta a essa época, quando, em março de 2016, foi revelada uma interceptação telefônica ilegal em que a então presidenta avisava a Lula que enviaria pelo “Bessias” – Dilma estava gripada – o termo de posse para que o então ex-presidente pudesse assumir um ministério no governo, que enfrentava um golpe parlamentar. Fator lealdade Messias é visto por analistas ligados ao governo como o candidato “natural”, sobretudo pela lealdade e pela convivência com o presidente Lula. Em conversa com o Brasil de Fato, advogado e jurista Marco Aurélio de Carvalho, lembra que embora existam critérios estabelecidos pela Constituição, a indicação é política, portanto, exige que o presidente considere o fator “confiança”. “A indicação é política, então a lealdade é fundamental. Ao lado dos requisitos constitucionais que são notável saber jurídico e reputação ilibada, é fundamental, indispensável, exigível, [que seja] uma pessoa leal, uma pessoa íntegra, que tem espírito público”, considera o jurista, que integra o Grupo Prerrogativas, formado por advogados, professores e juristas brasileiros. Nesse sentido, Carvalho considera Messias o mais indicado para ocupar a vaga deixada pelo ministro Barroso. “Nesse momento, acho que a indicação do Messias seria, digamos, um grande acerto. O Messias tem um apoio de todo o entorno do presidente, ministros de Estado, lideranças políticas da base, no meio evangélico, tem apoio dos amigos e ele tem um convívio com o presidente”, avalia o jurista, que é próximo do presidente Lula e um dos conselheiros do mandatário. Casualmente evangélico O nome de Messias conta com o apoio de alguns membros da bancada evangélica no Congresso, inclusive de parlamentares que não são da base do governo. O AGU é protestante, membro da Igreja Batista. Na quinta-feira (16), Lula recebeu Messias no Palácio do Planalto, acompanhado de lideranças evangélicas, entre eles, o bispo Samuel Ferreira, da Assembleia de Deus de Madureira, e o deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP). Embora reconheça a importância da interlocução de Messias com esse público, majoritariamente dominado pela direita e extrema direita, Carvalho considera que esse não deve ser um critério determinante para a escolha do presidente Lula. “Nós podemos ter divergências em relação à agenda de costumes, mas uma coisa fundamental, ele é leal, ele é sério, ele é íntegro, ele tem espírito público, só das formações jurídicas e sensibilidade social. Isso é o fundamental. Se ele pensa a mesma coisa que eu penso em relação ao livre arbítrio, a outras coisas, isso é um outro tema, e não tem que ser determinante, na minha opinião, para a escolha do ministro da mais alta corte constitucional do país”, afirma. Como pensa o favorito de Lula? Em sua tese de doutorado, defendida em 2024 na UnB, Messias analisa a experiência brasileira recente frente à emergência de riscos globais e a necessidade de novas estratégias estatais para enfrentá-los. No texto, intitulado O Centro de Governo e a AGU: estratégias de desenvolvimento do Brasil na sociedade de risco global, Jorge Messias discute como o fortalecimento do Estado, em especial por meio da Advocacia-Geral da União, é crucial para lidar com desafios como crises financeiras, pandemias, mudanças climáticas e disputas geopolíticas. A tese detalha ainda a reestruturação do governo Lula, o Novo PAC, e o papel estratégico da AGU, incluindo a criação de unidades como a Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia (PNDD) e a Procuradoria Nacional de Defesa do Clima e do Meio Ambiente (Pronaclima), no contexto da crescente judicialização da política. Em um capítulo da tese acadêmica, o AGU faz uma crítica ao “ultraliberalismo”, surgido após a destituição do governo de Dilma Rousseff. A tese descreve o ultraliberalismo, aprofundado a partir da eleição de Jair Bolsonaro (PL), em 2018, como uma forma de negacionismo dos riscos globais e desestruturação do Estado a partir da autonomia do Banco Central, a redução dos direitos trabalhistas e previdenciários, a desregulação do mercado de trabalho, e o enfraquecimento dos sindicatos. No texto, Messias ainda critica a política de Teto de Gastos, aprovada em 2016, que segundo sua tese, “desfigurou a Constituição de 1988 ao limitar a variação do gasto público à inflação do ano anterior por 20 anos”. Judiciário e Operação Lava Jato Em sua tese acadêmica, o AGU discorre sobre o “empoderamento constitucional” do Judiciário, atribuindo a esse poder “um papel sem precedentes”, concedendo autonomia financeira e administrativa e garantias funcionais aos magistrados. Segundo Messias, esse empoderamento foi concebido para funcionar como uma barreira contra ímpetos autoritários e para ser um sustentáculo de demandas sociais não processadas pelos outros poderes. A tese menciona a Operação Lava Jato no contexto de uma série de fatores que levaram ao enfraquecimento das políticas públicas de investimento e à ascensão do ultraliberalismo no Brasil a partir de 2016. O AGU considerou que a Operação Lava Jato contribuiu para criar um ambiente de contestação e deslegitimação do investimento estatal, especialmente no período de 2016 em diante, após a recessão econômica e a crise política. Segundo Messias, a Operação Lava Jato teria buscado “atestar que qualquer intervenção estatal seria fruto de ações de uma organização criminosa”, contribuindo, dessa forma, para a queda brusca da
Modelo negra sofre ataques racistas após ser eleita Miss Santa Catarina

A modelo Pietra Travassos, de 18 anos, foi coroada Miss Santa Catarina 2025 na sexta-feira (17), em Criciúma, mas sua vitória foi marcada por uma onda de ataques racistas nas redes sociais. A modelo, que representou o município de Siderópolis, é apenas a segunda mulher negra a conquistar o título estadual, a primeira foi Bruna Valim, em 2021. A organização do concurso ainda não se manifestou sobre os episódios de preconceito. Internautas questionaram a capacidade de Pietra representar o estado, com comentários como “SC não é zoológico”, “Eleita por cota” e “Aonde essa moça é catarinense? Já visitei duas vezes e morei em Santa Catarina… são brancas e acabou”. Apesar da enxurrada de comentários negativos, muitos seguidores manifestaram solidariedade à jovem. “Quem acha que ela não representa SC não entendeu que o Brasil é miscigenado”, defendeu um usuário. Outra mensagem de apoio afirmou: “Reine por cima de tanto racismo. Não nos querem em posições de destaque, não nos querem ver ganhar, mas seguiremos firmes e fortes na luta contra tanto ódio”. Pietra Travassos agora se prepara para representar Santa Catarina no concurso nacional Miss Brasil 2025 https://www.instagram.com/p/DP9r6d4jiHG/?utm_source=ig_embed&ig_rid=6d8a0044-8d7f-4532-9461-4e18141d3451