Desemprego continua em queda e chega a 6,6%, menor nível da série histórica

“Vão dizer que é sorte, mas é só trabalho”, reagiu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas redes sociais O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nessa sexta-feira (27) que a taxa de desemprego caiu para 6,6% no trimestre encerrado em agosto de 2024. Trata-se do menor índice de toda a série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012. De acordo com o IBGE, são mais 502 mil pessoas que ingressaram no mercado de trabalho no trimestre e 1,1 milhão acumulados no ano. São ainda 7,3 milhões de brasileiros desempregados, mas a população ocupada alcançou 102,5 milhões de pessoas, crescendo 1,2% (mais 1,2 milhão de pessoas) no trimestre e 2,9% (mais 2,9 milhões de pessoas) no ano. O número de empregados no setor privado chegou a 52,9 milhões, novo recorde da série iniciada em 2012, com altas de 1,7% (mais 882 mil pessoas) no trimestre e de 4,9% (mais 2,5 milhões de pessoas) no ano. O número de empregados com carteira de trabalho no setor privado chegou a 38,6 milhões, mais um recorde. Houve alta de 0,8% (mais 317 mil pessoas) no trimestre e de 3,8% (mais 1,4 milhão de pessoas) no ano. O número de empregados sem carteira no setor privado (14,2 milhões) também foi recorde, com altas de 4,1% (mais 565 mil pessoas) no trimestre e de 7,9% (mais 1,0 milhão de pessoas) no ano. O número de trabalhadores por conta própria (25,4 milhões) ficou estável nas duas comparações, assim como o número de trabalhadores domésticos (5,8 milhões) e de empregadores (4,3 milhões). Já o número de empregados no setor público (12,7 milhões) foi recorde, subindo 1,8% (221 mil pessoas) no trimestre e 4,3% (523 mil pessoas) no ano. Repercussão “Mais uma boa notícia para o mercado de trabalho e os empregos no Brasil: a taxa de desemprego em agosto deste ano foi a menor de toda a série histórica da Pnad, iniciada em 2012, e temos mais de 102 milhões de pessoas empregadas. Vão dizer que é sorte, mas é só trabalho”, reagiu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas redes sociais. Para o vice-líder do governo na Câmara, Daniel Almeida (PCdoB-BA), o atual índice é histórico não só no nível da taxa de desocupação, mas também dos trabalhadores ocupados. “Um marco da reconstrução econômica que devolve dignidade ao nosso povo. Menor número de desempregados desde 2015! O Brasil está no caminho certo”, comemora. “A economia segue dando mostras de crescimento forte. O desemprego atingiu o menor nível desde 2012, segundo a Pnad. Até o BC já admite que o Brasil vai crescer 3,2% este ano. A renda das famílias também cresce, a inflação está sob controle. Deixa o Lula trabalhar!”, afirma o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP). “Grandes feitos de um governo que pensa e trabalha pela população. Mais empregos é mais economia e mais dignidade ao povo brasileiro!”, festeja a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA). O senador Fabiano Contarato (PT-ES) também observa dois importantes índices da economia brasileira. “Além da projeção do PIB, que subiu para 3,2%, atingimos a menor taxa de desemprego para agosto desde 2012, com 6,6%. Isso é resultado do compromisso do governo federal com uma economia que gera emprego, melhores salários e oportunidades para todos”, avalia

Aumento da Selic pelo BC tem motivação política, defende economista

No Central do Brasil desta quinta (19), José Luis Oreiro explica que não há embasamento técnico na decisão do Copom Em reunião ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) resolveu aumentar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual. O aumento acontece pela primeira vez em dois anos. Com isso, a Selic fica em 10,75% ao ano, com previsão de chegar a 11,5% até janeiro de 2025. O motivo seria uma expectativa de alta na inflação. Em entrevista ao programa Central do Brasil desta quinta-feira (19), o economista José Luis Oreiro afirma que a medida não faz sentido no atual momento do país, levando em consideração que as expectativas dos agentes do mercado financeiro para a inflação em 2024 (4,35%) e 2025 (3,95%) estão abaixo do limite de tolerância de 4,5%, segundo a última edição do boletim Focus publicada no dia 12 de setembro de 2024. “Eu não sei de onde estão tirando essa informação de que há um descontrole, uma desancoragem das expectativas de inflação. Pelo contrário, se a gente observar a inflação acumulada em 12 meses, ela caiu entre julho e agosto. Então, realmente não há nenhum embasamento técnico, com base no protocolo do regime de metas de inflação, que justifique um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa Selic que vai custar aos cofres públicos R$ 13 bilhões em 12 meses”, explica Oreiro. Para o economista, as principais motivações para elevação da taxa são políticas. “O motivo político é que se quer por uma trava na expansão do PIB brasileiro para reduzir as possibilidades de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026. Aos agentes do mercado financeiro, não interessa ter um presidente de esquerda por mais quatro anos, principalmente agora que a agenda do governo, em termos de controle fiscal, é por intermédio de aumento de impostos sobre os mais ricos. Em segundo lugar, a taxa de juros, quando aumentada, gera ganhos financeiros significativos para os rentistas – para o pessoal da Faria Lima, para os bancos, etc.” Lula indicou Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central. O economista ainda deve passar por sabatina, mas tudo indica que ele deve assumir o comando da instituição em 2025. Apesar disso, Oreiro acredita que não ocorrerão grandes mudanças em relação à política de aumento da taxa de juros. “Eu até teria alguma esperança de mudança na política monetária se o Galípolo tivesse mantido o discurso que ele tinha há cinco, seis meses atrás – houve uma reunião do Copom em que a divisão entre os membros da diretoria do Banco Central foram cinco diretores que votaram por uma redução de 0,25%, e quatro que votaram pela redução de 0,5%. Entre esses quatro estava o Galípolo. Então me causa espécie ver que em tão pouco tempo o Galípolo se converteu para o lado dos que defendem aumento de taxa de juros. Talvez ele veja isso como uma condição sine qua non para assumir o cargo de presidente do Banco Central. Agora, se ele acha que uma vez estando na presidência do Banco Central ele vai poder se comportar de maneira diferente do que ele está fazendo nos últimos dois meses, isso é de uma ingenuidade inacreditável”, finaliza Oreiro.

Lula anuncia Auxílio Gás para mais de 20 milhões de famílias até 2025

Trata-se do programa Gás para Empregar, que visa aumentar a oferta de gás natural e diminuir o preço ao consumidor final O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encaminhou nesta segunda-feira (26) ao Congresso projeto de lei que prevê a ampliação do acesso ao Auxílio Gás para mais de 20 milhões de famílias até 2025. Hoje, já são atendidas com o benefício 5,6 milhões de famílias. “Quando a gente resolve fazer uma política de gás, é porque o gás hoje tem que ser um instrumento da cesta básica do povo brasileiro, que muitas vezes não consegue comprar o botijão de gás, que sai da Petrobras a R$ 36 e é vendido em alguns estados a R$ 140, R$ 120, R$ 130”, disse Lula durante a solenidade de lançamento da Política Nacional de Transição Energética (PNTE). Para aprimorar a política vigente do Auxílio Gás, o projeto propõe aumento da disponibilização de recursos, que podem chegar a R$ 13,6 bilhões durante o ano de 2026. Em dezembro de 2025, serão atendidas mais de 20 milhões de famílias. “Ainda convivemos, infelizmente, com a face perversa da pobreza energética, que afeta principalmente mulheres e crianças, com consequências devastadoras para a saúde. O uso da lenha para cozinhar ainda é causa de mortes prematuras”, explica o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. “São famílias, em sua maioria, que vivem em locais afastados, como quilombolas e ribeirinhos. Essa proposta chega para nos ajudar a reverter esse quadro, combatendo a desigualdade social no país e levando mais dignidade e segurança para essas famílias.” PNTE De acordo com a pasta das Minas e Energia, a PNTE terá a participação da sociedade por meio do Fórum Nacional de Transição Energética (Fonte), onde serão ouvidos diversos atores públicos e privados para apresentar recomendações ao CNPE. O PNTE será articulado com outras iniciativas governamentais, como o PAC, o Plano Clima, a Nova Indústria Brasil e o Pacto pela Transformação Ecológica. São dois eixos. O primeiro de abordagem setorial, contemplando setores industrial, transportes, elétrico, mineral e petróleo e gás natural. O segundo de abordagem transversal, focado em marcos legais e regulatórios, combate à pobreza energética e desigualdades e ambiente atrativo para investimentos.

Indústria de papel e celulose investirá no país R$ 105 bilhões até 2028

O plano de investimento foi apresentado ao presidente Lula. Os recursos vão gerar 36 mil empregos diretos e outras 7,3 mil vagas para operar as novas unidades O setor da indústria de papel e celulose anuncia o investimento de R$ 105 bilhões no país até 2028. De acordo com a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), as aplicações vão gerar 36 mil empregos diretos e outras 7,3 mil vagas para operar as novas unidades. O presidente da IBÁ, Paulo Hartung, apresentou o plano ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva numa reunião nesta quarta-feira (21), no Palácio do Planalto. “O setor entendeu que ia precisar de compromisso social, ambiental, rastreabilidade na produção e assim por diante. O setor vive uma diversificação de uso. Antes, era papel e celulose. Hoje é energia”, disse Hartung. De acordo com a entidade, ao usar 100% de matéria-prima proveniente de florestas renováveis, o setor tem evoluído rumo a um lugar de destaque na produção sustentável. “Depois de investimentos de R$130 bilhões da indústria automobilística, R$120 bilhões da indústria de alimentos e R$ 100 bilhões da siderúrgica, agora o setor de celulose vai destinar R$ 105 bilhões até 2028. O país vai crescendo com trabalho sério”, destaca Lula no X. “Voltamos a governar este país para recuperá-lo e recuperar também o seu potencial industrial de maneira mais sustentável. Estamos trabalhando para isso”, prossegue. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, destaca que o Brasil é o maior exportador do mundo de celulose. “O setor tem grande importância ambiental e econômica, é altamente gerador de divisas, o sexto maior exportador brasileiro, com importância no PIB brasileiro”, disse. O vice-presidente lembrou que a indústria de papel e celulose como um todo gera em torno de 2,6 milhões de vagas diretas e indiretas. Faturamento Conforme relatório anual de 2023 da IBÁ, o mercado de papel e celulose no Brasil obteve uma receita bruta de R$ 260 bilhões em 2022, um índice de 6,3% maior em relação ao ano anterior. São 10 milhões de hectares de áreas produtivas plantadas (eucalipto, pinus e outras espécies) tornando o país o segundo maior produtor mundial de celulose e o maior exportador. Na produção de papel, o país ocupa o 9º lugar no ranking mundial. Em 2023, a indústria de papel e celulose gerou US$ 10,3 bilhões de divisas para o país, ou 3% de tudo o que o Brasil exportou no último ano. O saldo comercial (exportações menos importações) foi de US$ 9,2 bi. A IBÁ diz que a indústria de árvores plantadas investe para alcançar a sustentabilidade em todo o ciclo de produção, melhorando processos e adotando as melhores práticas socioambientais. “O setor trabalha para diversificar o uso econômico da floresta plantada e envolver pequenos produtores, por meio de programas de parcerias florestais, com o objetivo de criar oportunidades de geração de emprego e renda; e ampliar o conhecimento pela troca de experiências, inclusive, com a adoção de atividades de Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF)”, diz a entidade.

FGTS distribuirá R$ 15,2 bi a trabalhadores

O valor é 65% do total de lucro registrado em 2023, que foi de R$ 23,4 bilhões Agência Brasil – O Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) aprovou nesta quinta-feira (8) a distribuição de R$ 15,19 bilhões entre os trabalhadores que têm contas vinculadas ao fundo. O valor é 65% do total de lucro registrado em 2023, que foi de R$ 23,4 bilhões. Segundo o Conselho Curador, com essa distribuição, a rentabilidade das contas vinculadas do FGTS em 2023 vai superar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 3,16 pontos percentuais, sendo a maior rentabilidade desde 2016. Todos os trabalhadores com saldo nas contas vinculadas do FGTS no dia 31 de dezembro de 2023 têm direito a receber os valores que serão distribuídos. Como calcular O dinheiro é distribuído proporcionalmente ao saldo de cada conta do trabalhador em 31 de dezembro do ano anterior. Para saber a parcela do lucro que será depositada, o trabalhador deve multiplicar o saldo por 0,02693258. Ou seja, a cada R$ 1 mil de saldo, o cotista receberá R$ 26,93. O valor deverá ser creditado pela Caixa até o dia 31 de agosto nas 218,6 milhões de contas vinculadas com direito à distribuição de titularidade de 130,8 milhões de trabalhadores. O montante recebido pelos trabalhadores vai direto para o saldo do FGTS e só pode ser sacado nos casos previstos na legislação, ou seja, de doenças graves, dispensa sem justa causa, aposentadoria e desastres naturais. O saldo do FGTS também pode ser usado na aquisição de imóvel residencial. Como consultar o saldo O trabalhador pode verificar o saldo no fundo por meio do aplicativo FGTS, disponível para os telefones com sistema Android e iOS. Quem não puder fazer a consulta pela internet deve ir a qualquer agência da Caixa pedir o extrato no balcão de atendimento. O banco também envia o extrato do FGTS em papel a cada dois meses, no endereço cadastrado. Quem mudou de residência deve procurar uma agência da Caixa ou ligar para o número 0800-726-0101 e informar o novo endereço. Rendimento Pela legislação, o FGTS rende 3% ao ano mais a taxa referencial (TR). Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o fundo deverá ter correção mínima pelo IPCA, mas a correção não é retroativa sobre o estoque das contas e só vale a partir da publicação do resultado do julgamento. Se o resultado da distribuição do lucro, somado ao rendimento de 3% ao ano mais TR, ficar menor que a inflação, o Conselho Curador é obrigado a definir uma forma de compensação para que a correção alcance o IPCA. Lucro O resultado positivo do FGTS em 2023, de R$ 23,4 bilhões, representa quase o dobro dos R$ 12,1 bilhões registrados em 2022. Do ganho total de 2023, R$ 16,8 bilhões decorrem do lucro recorrente do FGTS, resultante de aplicações do fundo em títulos públicos e em investimentos em habitação, saneamento, infraestrutura e saúde. Os outros R$ 6,6 bilhões decorrem da reestruturação do fundo que financia a reconstrução do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. O acordo foi assinado em agosto do ano passado para dar prosseguimento às obras na região portuária, que começaram em 2010.

IPEAD/UFMG – Cesta básica fica mais barata em Belo Horizonte

Preço dos itens de cesta básica em julho tem o menor valor do ano Pela primeira vez desde outubro de 2020, os itens da cesta básica atingem um patamar de preço menor que a metade do salário mínimo. Estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas e Administrativas, vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais (Fundação IPEAD/UFMG), aponta que a cesta básica ficou mais barata na capital mineira durante o mês de julho, chegando ao menor valor do ano. Segundo a Fundação, a cesta básica custou em média, durante o mês de julho, R$ 700,56. O valor representa uma queda de 4,51% em relação ao mês de junho, que teve o preço de R$ 733,62 para os itens. O outro menor valor do ano foi o de maio, que contou com os itens da cesta básica custando R$ 718,34. O atual preço da cesta representa menos que a metade do salário mínimo, hoje em R$ 1.412. Para o economista do IPEAD Diogo Santos, redução da proporção entre custo da cesta e o valor do salário mínimo neste momento resulta de uma combinação de fatores. Dentre eles, o economista destaca o reajuste do salário mínimo acima da inflação e a redução da inflação dos alimentos neste momento em BH. Para Santos, diversos fatores contribuíram para a queda de preço da cesta neste mês. “Dois alimentos in natura, o tomate e a batata inglesa, que tiveram uma oferta maior nesse período, representaram o maior peso para a redução do custo da cesta. Além disso, produtos de grande importância para o dia a dia das famílias como arroz, pão francês e manteiga também tiveram queda e isso contribui muito para a redução do custo da cesta”, explica. “Não se pode dizer que esse já era um resultado esperado para o mês, pois, por exemplo, em julho de 2023, a cesta ficou mais cara em BH, o inverso do que ocorreu agora”, acrescenta o economista. Nesse sentido, os alimentos que mais apresentaram queda de preço foram o tomate, que teve redução de 39,69% no preço, a batata inglesa, que teve queda de 15,76%, e o açúcar cristal, que teve o preço reduzido em 4,86%. No entanto, alguns itens ficaram mais caros, que é o caso da banana caturra, chã de dentro, feijão carioquinha e óleo de soja, que tiveram aumento de 11,64%, 3,04%, 2,20% e 1,69%, respectivamente. Segundo o economista, os motivos para os aumentos de preço também são distintos. A banana caturra, por exemplo, é um alimento que tem sofrido com as mudanças do clima e, consequentemente, com doenças, o que reduz a quantidade colhida. De forma similar, o óleo de soja está com a colheita comprometida, uma vez que geralmente acompanha os períodos de colheita da soja, que abrange os primeiros meses do ano. Assim, julho não é “o mês” da soja, como explica Diogo Santos. Setor de alimentação também é impactado A redução do preço da cesta básica é benéfica não apenas para o consumidor no dia-a-dia, como também para empreendedores de lanchonetes e restaurantes. Isso porque os itens da cesta também são utilizados como insumos na preparação de pratos e lanches, fazendo com que as empresas sintam diretamente o impacto da redução. “Esse momento de redução de preços pode ajudar a aumentar as margens de lucro das empresas que utilizam os itens em quantidade relevante e que, portanto, tem impacto significativo em seus custos”, explica o economista do IPEAD.

Desemprego cai para 6,9% no último trimestre, menor taxa em 10 anos

De abril a junho, o número de trabalhadores ocupados no Brasil chegou a 101,8 milhões, maior registro da história. O mercado de trabalho mantém a dinâmica positiva observada desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e continua a bater recordes da série histórica. A taxa de desemprego no trimestre encerrado em junho foi de 6,9% segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada nesta quarta (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado é o melhor resultado para um trimestre encerrado em junho desde 2014 (6,9%). Na série comparável, é a menor taxa desde o quarto trimestre de 2014 (6,6%). Em relação ao trimestre imediatamente anterior, encerrado em março, houve queda de 1 ponto percentual (p.p.) na taxa de desocupação, que era de 7,9%. No mesmo trimestre de 2023, a taxa era de 8%. O contingente de trabalhadores ocupados cresceu 1,6% no trimestre, chegando a 101,8 milhões de indivíduos ocupados, um novo recorde da serie histórica da pesquisa iniciada em 2012. Tanto os empregos com carteira assinada no setor privado como os informais tiveram contribuições positivas e ambos também alcançaram novos recordes: 38,4 milhões no primeiro caso e 39,3 milhões no segundo. Da mesma forma, a massa de rendimento dos trabalhadores atingiu novo patamar histórico, chegando a R$ 322,6 bilhões, alta de 3,5% frente ao primeiro trimestre e de 9,2% ante igual período de 2023. O cálculo considera o número ocupados e a a renda média dos trabalhadores, que teve avanço de 1,8% no trimestre, a R$ 3.214. “Observa-se a manutenção de resultados positivos e sucessivos. Esses recordes de população ocupada não foram impulsionados apenas nesse trimestre, mas são consequência do efeito cumulativo de uma melhoria do mercado de trabalho em geral nos últimos trimestres”, Adriana Beringuy, coordenadora da Pnad. Comércio, administração pública e atividades de informação e comunicação guiam resultado. Segundo Adriana, os segmentos apresentaram alta da ocupação. “Esses três setores absorvem um contingente muito grande de trabalhadores, de serviços básicos e também de serviços mais especializados”, observa Beringuy.

Construção Civil impulsionou projeção de crescimento na economia

Dados divulgados nesta segunda-feira pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) indicam um aquecimento no setor da construção civil. Entre janeiro e maio, o setor criou 159,2 mil novas vagas de trabalho com carteira assinada, um aumento de 7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Com isso, o setor atingiu 2,9 milhões de empregados em maio, uma alta de 6,12% em comparação com maio de 2023. Esses dados impulsionaram a CBIC a revisar a projeção de crescimento do PIB da construção civil de 2,3% para 3%. Em março, a previsão havia sido ajustada de 1,3% para 2,3%. Além do mercado de trabalho resiliente, com a criação de um milhão de novos empregos formais até maio, a CBIC destacou outros fatores para a nova projeção, como as expectativas de crescimento da economia brasileira. O boletim Focus do Banco Central ajustou a previsão de crescimento do PIB de 1,85% no final de março para 2,15%. A CBIC também ressaltou o aumento do financiamento imobiliário com recursos do FGTS e o otimismo dos empresários da construção para novos lançamentos imobiliários, maior geração de empregos e compra de insumos, conforme a Sondagem Indústria da Construção de julho. A construção de edifícios foi responsável por 42,5% das vagas geradas de janeiro a maio, um reflexo das mudanças no programa Minha Casa Minha Vida. Os serviços especializados responderam por 32,9% das vagas, enquanto o segmento de obras de infraestrutura contribuiu com 24,6%. A economista da CBIC observou que 45% das novas vagas foram ocupadas por jovens entre 18 e 29 anos, indicando a atração do setor para essa faixa etária. O salário médio de admissão na construção foi de R$ 2.290 por mês, acima da média nacional de R$ 2.132. Outro destaque foi o crescimento do financiamento imobiliário com recursos do FGTS. Entre janeiro e junho, 310,7 mil unidades foram financiadas pelo FGTS, superando as 247,7 mil unidades financiadas pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Do total de unidades financiadas no primeiro semestre, 68,07% foram imóveis novos (211.499) e 31,93% (99.230) foram imóveis usados, segundo a CBIC.

Ataques a Haddad buscam desgastar governo e tirar foco dos enroscos de Bolsonaro

Memes responsabilizando ministro por suposto aumento de taxas ignoram que impostos diminuíram no atual governo. Onda se fortalece justamente quando o clã Bolsonaro é alvo da Justiça Quando se vê acuada, a extrema direita usa, como uma de suas armas favoritas, a disseminação de mentiras e desinformação em escala industrial, via redes sociais. O alvo da vez é o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que seria, no universo paralelo bolsonarista, o responsável por um suposto aumento na carga tributária. Mas, o que os dados indicam é que os impostos não apenas não aumentaram, como ainda diminuíram no governo Lula. O uso de recursos discursivos da sátira e da paródia é uma forma legítima de criticar a política e a sociedade e faz parte da história da comunicação. No entanto, com a massificação das redes sociais e sua instrumentalização especialmente pela extrema direita (com a anuência ou o apoio dos donos das big techs), conteúdos com esse teor — traduzidos em memes e vídeos, por exemplo — passaram a ser utilizados como forma de distorcer fatos e espalhar mentiras em larga escala, resultando, muitas vezes, na destruição de reputações, no desrespeito aos direitos humanos e no fortalecimento de projetos pessoais e de poder. Com é sabido, os bolsonaristas têm se utilizado desse expediente para estimular o ódio e a violência e manter os seus seguidores mais fanáticos e obtusos permanentemente mobilizados. O objetivo final é  atacar e enfraquecer adversários e as instituições — para assim esfarelar a democracia —, desgastar o governo Lula para facilitar o retorno da extrema direita ao poder e, claro, criar cortinas de fumaça quando o calo deles aperta. Não é de hoje que Jair Bolsonaro, sua família e seu entorno vêm sendo investigados por desvios e crimes de toda ordem. Mais recentemente, dois assuntos deixaram o grupo especialmente incomodado. Um deles foi o indiciamento, pela Polícia Federal, do ex-presidente e de outros elementos do seu séquito no inquérito das joias sauditas — que expôs um esquema criado para a apropriação ilegal de bens do Estado brasileiro em favor de Bolsonaro. O outro caso é a investigação da Abin paralela, que desnudou o uso clandestino e ilegal da Agência Brasileira de Inteligência, sob Bolsonaro, para espionar e perseguir desafetos e beneficiar o clã. Em meio a tudo isso, nada melhor do que lançar petardos para o outro lado, a fim de desviar a atenção do povo para a sujeira que veio à tona, com o benefício de, ainda, criar desgastes ao governo. E no Brasil, o tema do pagamento de impostos é um dos que mais ressoam junto à população de todos os estratos sociais. Campanha distorsiva Ao que parece, da junção desses interesses emergiu a atual “campanha” contra o ministro que, embora possa ser bem-humorada e criativa na construção de algumas peças — elementos fundamentais para garantir sua disseminação orgânica — nada tem de inocente e investe na distorção dos fatos. Um efeito prático da campanha foi noticiado pelo colunista Lauro Jardim, de O Globo, nesta quarta-feira (17). Segundo ele, de acordo com levantamento feito pela consultoria Arquimedes, termos como “taxa”, “imposto” e outros relacionados a esses assuntos tiveram, desde o início do ano, com maior peso a partir de maio, nove milhões de menções no Facebook, Instagram e X. A reação do governo e do PT ainda é tímida. Mas, o tema está no radar de ambos e memes de “contra-ataque” também já viralizaram, como o do “Exterminador de Tributos”. E nesta terça-feira (16), por exemplo, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, se contrapôs à campanha e salientou que os impostos não aumentaram no atual governo. “Em 2023, a carga tributária bruta foi 32,4% do PIB [Produto Interno Bruto]. Ela era 33,7% até 2022. A carga tributária não só não aumentou no governo do presidente Lula como caiu. Caiu para 32,4%. Então, não teve aumento de carga tributária, até reduziu em 0,6%”, afirmou. Aliás, segundo dados do governo, o percentual atingido no ano passado é o menor desde 2020 — quando, diga-se, Bolsonaro era presidente. Alckmin também reconheceu que a carga tributária nesse patamar é alta para um país em desenvolvimento, mas considerou que o Brasil avançou com a reforma tributária. “Tem um fato importantíssimo que é a reforma tributária. Simplifica, substitui cinco impostos de consumo, IPI, PIS, Cofins, ISS e ICMS, por um IVA dual. Desonera completamente exportação, desonera completamente investimento. Agora, alguns querem enganar. Não tem aumento nenhum, estamos é simplificando”. Reportagem da Folha de S. Paulo desta terça-feira (16) também mostrou o impacto da reforma tributária na redução das taxas, sobretudo para quem ganha menos. “A versão atual da reforma reduz a carga sobre o consumo de 50% da população — justamente as pessoas de menor renda. Os 20% de maior renda passam a contribuir com uma parcela maior dessa arrecadação”, diz. Essa redução pela metade já havia sido apontada em cálculo feito pelo Banco Mundial. Além disso, aponta, “para o restante, a situação não muda, considerando a versão da reforma modelada pelo Congresso. A proposta original do governo desonerava essa parcela da classe média, mas esse ganho foi perdido com as exceções criadas pelo Legislativo”. A versão aprovada, aliás, zerou o imposto sobre a carne, mas o efeito foi a redução do cashback. Ainda assim, a devolução do imposto, que hoje não existe, vai beneficiar a parcela mais vulnerável. Vale destacar ainda que, de acordo com cálculos do governo, a alíquota de referência atual é de 34,4% e com a reforma, deverá ficar em 27%. Ao jornal, o secretário de Comunicação do partido, Jilmar Tatto, apostou que passada a onda atual das redes, o que ficará de Haddad é o aumento da faixa isenta do Imposto de Renda e o próprio cashback. Mau humor dos endinheirados Mas, pode ser também que a atual indisposição com Haddad reflita o mau humor de alguns segmentos que antes, mal pagavam impostos (e continuam pagando muito pouco em relação ao que ganham). Afinal, o governo Lula criou a lei que muda o

Inflação desacelera para todas as faixas de renda em junho

Famílias de renda alta foram as que apresentaram o maior alívio inflacionário devido à queda das tarifas aéreas e dos transportes por aplicativo O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda apontou uma desaceleração da inflação para todas as faixas de renda pesquisadas em junho na comparação com o mês anterior. O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda apontou uma desaceleração da inflação para todas as faixas de renda pesquisadas em junho na comparação com o mês anterior. O segmento de renda alta teve queda mais significativa, que após um aumento de 0,46% em maio, registrou a inflação de 0,04% em junho. Já para as famílias de renda muito baixa, a desaceleração da inflação passou de 0,48% em abril para 0,29% em maio e junho. As famílias de renda alta foram favorecidas pela queda das tarifas aéreas e dos transportes por aplicativo. Enquanto isso, as famílias de menor renda, além de não serem beneficiadas pela deflação das passagens aéreas, foram impactadas, em maior intensidade, pelo aumento dos preços dos alimentos no domicílio. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (15) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e indicam que a alta dos preços dos alimentos ao longo do ano é o principal fator de pressão sobre a inflação da classe de renda muito baixa, cuja taxa acumulada de 2,87% em 2024 situa-se bem acima da registrada pelo estrato de renda alta (1,64%). Os dados acumulados em 12 meses, no entanto, mostram que as famílias de renda muito baixa ainda apresentam a menor taxa de inflação (3,66%), enquanto as famílias de renda alta possuem uma taxa mais elevada (4,79%), conforme mostra a tabela abaixo:   Os grupos alimentação e bebidas, e saúde e cuidados pessoais se constituíram nos principais focos de pressão inflacionária para praticamente todas as classes de renda. Para alimentos e bebidas, mesmo com as deflações registradas para frutas (-2,6%), das carnes (-0,47%) e das aves e ovos (-0,34%), os reajustes dos cereais, impulsionados pela alta do arroz (2,3%), dos tubérculos (2,0%) e dos leites e derivados (3,8%), entre outros, explicam a alta dos preços dos alimentos no domicílio em junho. Em relação ao grupo saúde e cuidados pessoais, houve impactado pelos reajustes dos produtos farmacêuticos (0,52%) e de higiene pessoal (0,77%), além dos serviços médicos, como hospital e laboratório (1,0%) e planos de saúde (0,37%). Para as famílias de renda alta, o impacto do aumento dos preços dos alimentos e dos bens e serviços ligados à saúde foi compensado pelo alívio inflacionário vindo do grupo transportes. Esse grupo, mesmo com o reajuste de 0,64% da gasolina, foi beneficiado pela queda dos preços das passagens aéreas (-9,9%) e das tarifas de transportes por aplicativo (-2,8%). Os dados acumulados em doze meses revelam que, embora em graus distintos entre as faixas, as maiores pressões inflacionárias residem nos grupos alimentação, transportes e saúde e cuidados pessoais. No caso dos alimentos, mesmo diante das deflações das carnes (-6,5%) e das aves e ovos (-1,2%), os aumentos dos cereais (19,0%), dos tubérculos (42,2%), das frutas (18,5%) e das hortaliças (15,7%) explicam esse quadro de pressão inflacionária, neste período. Em relação aos transportes, as maiores contribuições registradas em doze meses vieram das altas das tarifas do ônibus intermunicipal (9,6%), do metrô (10,8%) e do transporte por aplicativo (6,5%), além dos reajustes dos combustíveis (10,0%). Já as maiores pressões exercidas pelo grupo saúde e cuidados pessoais vêm dos produtos farmacêuticos (6,3%), de higiene (2,8%), dos serviços de saúde (8,5%) e dos planos de saúde (9,1%). Adicionalmente, para as famílias de renda baixa, os reajustes das tarifas de energia elétrica (3,0%) e de água e esgoto (6,6%) geraram uma contribuição inflacionária positiva vinda do grupo habitação. Por outro lado, os aumentos de 5,9% dos serviços pessoais e de 6,9% das mensalidades escolares fizeram com que os grupos despesas pessoais e educação pressionassem significativamente a inflação do segmento de renda alta. Publicado originalmente pelo Ipea