Os empresários e irmãos Rômulo e Robson Lessa, donos da empresa de transportes Saritur, que adquiriram a empresa de ônibus Transnorte, em Montes Claros, prestaram depoimento na tarde desta segunda-feira (29) na sede da Polícia Federal, em Belo Horizonte, durante três horas e meia. Eles são suspeitos de terem sido os responsáveis por organizar a vacinação clandestina de políticos e empresários mineiros contra a Covid-19, na noite do dia 23 de março, dentro de uma garagem da empresa, no bairro Caiçara, na região Nordeste da capital. O esquema veio à tona em uma reportagem publicada pela revista piauí, na última quarta-feira, dia 24.

Leia também

PSB denuncia ao Ministério Público empresários acusados de furar fila da vacina

Os dois compareceram espontaneamente à sede da PF, acompanhados de um advogado. De acordo com uma fonte ligada às investigações, o conteúdo das mensagens trocadas nos celulares dos empresários e da esposa de Rômulo já foi analisado. Existe a suspeita de que a vacinação foi combinada e tudo indica que os suspeitos teriam importado as vacinas e pagaram R$ 600 por cada uma, sem a posterior doação para o SUS, conforme foi relevado pela Piauí.

Além disso, a polícia já identificou as 57 pessoas que constavam em uma lista apreendida pelos policiais federais durante a operação Camarote, realizada na última sexta-feira, na garagem de uma das empresas ligadas à Saritur. Todas são suspeitas de terem sido vacinadas irregularmente e ainda serão intimadas para prestarem esclarecimentos.

Durante as buscas, os agentes também tiveram acesso a uma postagem feita em uma rede social pela filha de um funcionário da Saritur, em que ela dizia “acordei com a notícia de que eu vou ser imunizada. Meu pai simplesmente comprou a vacina do Covid pra mim”. A jovem, que já apagou o conteúdo da mensagem, também deve ser intimada para prestar depoimento.

A Polícia Federal trabalha com três linhas de investigação. A primeira seria a importação irregular dos imunizantes de procedência de países da América do Sul; a segunda linha é o possível desvio das vacinas, encaminhadas pelo Ministério da Saúde, de alguma unidade do Estado e a última hipótese é a possibilidade de fraude, caso as vacinas sejam falsas. Os agentes da PF ainda estão fazendo outras diligências e o prazo inicial para a conclusão do inquérito é de 30 dias.

Procurada pela reportagem de O Tempo, a Saritur não se manifestou sobre a presença de Rômulo e Robson Lessa na sede da Polícia Federal. Durante o cumprimento dos seis mandados de buscas e apreensão executados pela PF na operação Camarote, a empresa afirmou que os nomes citados na reportagem da revista Piauí não fazem parte de seu corpo societário. “O assunto tratado na matéria é de total desconhecimento da diretoria”, diz o comunicado.

Com informação do jornal O Tempo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

3 × cinco =