‘Conflito entra em fase decisiva’: analistas explicam retirada de tropas russas de Kherson

E specialistas destrincham estratégias da Defesa russa em movimentação de tropas em Kherson, assim como seus efeitos na operação militar Especialistas destrincham estratégias da Defesa russa em movimentação de tropas em Kherson, assim como seus efeitos na operação militar, e avaliam possibilidade de volta de negociações entre Moscou e Kiev. O recuo estratégico russo em Kherson pode ser o divisor de águas para uma fase decisiva do conflito entre Rússia e Ucrânia. Por ordem do ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, tropas russas se retiraram de partes do território para formar posições defensivas na margem esquerda do rio Dniepre, na quarta-feira (9), o que, segundo especialistas, pode significar o início de uma nova etapa da operação militar especial. A decisão foi tomada depois que o comandante de todas as forças russas na Ucrânia, o general Sergei Surovikin, alertou sobre planos de Kiev de lançar um ataque maciço de mísseis à represa de Kakhovka, cidade da região de Kherson, com ataques indiscriminados contra civis. Robinson Farinazzo, especialista militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil, e o analista geopolítico Rogério Anitablian explicaram a situação e os novos contornos do conflito, no 129º episódio do podcast Mundioka, da Sputnik Brasil. “Ainda é cedo para um diagnóstico completo, mas a primeira impressão que tenho é que [os russos] estão encurtando a frente, porque essa posição defensiva que ocupavam em uma margem avançada do rio Dniepre dificultava muito a defesa”, avalia Farinazzo. Segundo o especialista militar, a medida permite poupar tropas da designadas na região e facilitar a coordenação com outras frentes. Ele acredita que Kiev faz a mesma leitura do movimento. Segundo o especialista militar, a medida permite poupar tropas da designadas na região e facilitar a coordenação com outras frentes. Ele acredita que Kiev faz a mesma leitura do movimento. Farinazzo divide a operação russa em etapas. De acordo com o especialista, a primeira foi a de avanço em colunas mecanizadas, com tropas russas avançando até as fronteiras de Kiev e depois retraindo. Na sequência, ele aponta que houve a fase de duelos no Donbass, com maciças concentrações de artilharia. De setembro para cá, a Ucrânia conseguiu recompor suas reservas e realizar avanços, com suporte militar, de treinamento e de inteligência da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), lembra. Em resposta, na fase seguinte, a Rússia usou armamentos de longo alcance, com mísseis e drones, para desarticular a infraestrutura ucraniana, tanto a logística como a industrial e energética, descreve. Agora, segundo ele, a Rússia deve encurtar suas linhas, “talvez para passar o inverno e receber ou adaptar novos reforços”. “É cedo para dizer a intenção de um lado ou de outro. A gente sabe que a intenção da Ucrânia é recuperar territórios, mas a gente ainda não sabe qual é a intenção da Rússia. Existe uma discussão entre os especialistas no sentido de saber se a Ucrânia chegou ao seu limite. Particularmente, acho que a Ucrânia pode ter chegado no limite das reservas, mas é muito cedo para dizer ainda”, analisa. Para Farinazzo, todos os movimentos de Moscou até agora foram “no sentido de poupar tropas”. Ou seja, sempre que identificaram que a Ucrânia “tinha superioridade de fogo ou de homens, retraíram para evitar grandes baixas”. O analista geopolítico Rogério Anitablian diz que o deslocamento de tropas russas no Dniepre parece “um movimento estratégico, cujo objetivo fundamental é a proteção da Crimeia e das fontes de água” oriundas da região de Kherson. Ele aponta que Moscou age para construir um “cinturão de defesa” da Crimeia mais robusto, prescindindo de áreas na margem do rio, “onde já por alguns meses existem assédios consecutivos de tropas ucranianas, naturalmente assistidas por todo a expertise da OTAN”. Paralelamente, Anitablian chama a atenção para outro ponto: os crescentes rumores de que os EUA autorizaram Kiev a negociar diretamente com Moscou, em decorrência dos ataques contra a infraestrutura de produção e distribuição de energia, no entorno da capital ucraniana. Segundo ele, a sinalização mostra “uma fadiga na capacidade de resistência” a ataques de mísseis e médio e longo alcance russos. Os estoques de peça de reposição para linhas de transmissão, turbinas, “muito provavelmente se esvaíram” ao longo do tempo, diz. “Me parece que o conflito entra em uma fase mais decisiva, onde verificamos que não existe possibilidade de solução militar, mesmo com todo o apoio da OTAN por parte dos ucranianos, em relação a suas ambições de reconquista territorial. Vejo como um momento bastante oportuno para que eventualmente tenhamos negociações de paz entre as partes sem viés político da OTAN”, afirma Anitablian. O comando de Sergei Surovikin Para Robinson Farinazzo, a chegada de Sergei Surovikin para o comando de todas as tropas russas na operação é uma “mudança de paradigma”. Ele lembra que, antes do militar ser alçado ao posto, a Rússia sempre poupou a infraestrutura ucraniana e agora mudou a estratégia. O oficial da reserva da Marinha do Brasil aponta que Surovikin “acredita bastante na destruição da infraestrutura do inimigo”. “Pelo que observamos, a Ucrânia tem uma superioridade de fogos muito grande em Kherson. O front russo-ucraniano tem mais de mil quilômetros. Então, ninguém tem completa hegemonia e superioridade em todos os setores. A Ucrânia optou em concentrar forças em Kherson. A Rússia está forçando mais à frente do Donbass”, indica. “Talvez eles [os russos] tenham avaliado que se se mantivessem à margem de Dniepre, seria muito difícil de defender em virtude da superioridade de fogo e de homens do inimigo”. Segundo ele, Kherson é a principal cidade que a Rússia conquistou das forças ucranianas desde o início da operação. Por isso, Moscou precisa medir bem cada passo na região, alvo de ofensivas ucranianas. O especialista militar afirma que a evacuação de civis de Kherson é “um indicativo de que o comando russo esperava uma batalha violenta”. Com isso, apesar do ponto negativo de “mexer na confiabilidade” das novas regiões que votaram a favor do referendo de adesão à Rússia, “a vantagem é que evita baixas, retirando a população civil” da localidade, avalia.
EUA vão às urnas na terça sob o fantasma da volta de Donald Trump

O fantasma do republicano Donald Trump ronda das eleições de “meio mandato”, terça-feira (08/11), nos Estados Unidos. A disputa é pela Câmara e o Senado, no entanto, ela pode influenciar a corrida pela Casa Branca em 2024. O teste das urnas nesta semana é o prenúncio do confronto entre Trump e o presidente democrata Joe Biden daqui dois anos. A turbulenta campanha de meio de mandato encerrou seu último fim de semana no domingo, quando os eleitores – atingidos pela inflação recorde, preocupações com sua segurança pessoal e temores sobre a estabilidade fundamental da democracia americana – mostraram sinais claros de preparação para rejeitar o controle democrata da Washington e abraçar um governo dividido. Enquanto os candidatos corriam pelo país para apresentar seus argumentos finais aos eleitores, os republicanos entraram na reta final da corrida confiantes de que conquistariam o controle da Câmara e possivelmente do Senado. Os democratas se prepararam para perdas potenciais, mesmo nos cantos tradicionalmente azuis do país [azul é a cor do Partido Democrata, enquando a cor vermelho é do Partido Republicano]. Neste domingo, o presidente Biden deveria fazer campanha para a governadora Kathy Hochul, de Nova York, em uma delegacia de Yonkers, onde obteve 80% dos votos em 2020, sinalizando os profundos desafios que seu partido enfrenta dois anos depois de reivindicar um mandato para promulgar uma ampla agenda doméstica. O ex-presidente Donald Trump planejava se dirigir a apoiadores em Miami, outro sinal do otimismo republicano de que o partido poderia derrubar o condado urbano mais populoso da Flórida pela primeira vez em duas décadas. Suas aparições marcarão um ponto culminante incomum para uma campanha extraordinária – a primeira pós-pandemia, pós-Roe [proibição do aborto], pós-Jan. 6 [invasão do capitólio] nacional em um país ferozmente dividido, abalado pela crescente violência política e mentiras sobre a última grande eleição. Enquanto a maioria dos eleitores aponta a economia como sua principal preocupação, quase três quartos dos americanos acreditam que a democracia está em perigo, com a maioria identificando o partido oposto como a maior ameaça. Se os republicanos varrerem as disputas na Câmara, seu controle poderia fortalecer a ala direita do partido, dando um megafone ainda maior aos legisladores que trafegam em teorias da conspiração e falsidades como os deputados Marjorie Taylor Greene, da Geórgia, e Matt Gaetz, da Flórida. Uma questão central para os democratas é se um momento tão distinto se sobrepõe a fortes ventos contrários históricos. Desde 1934, quase todos os presidentes perderam cadeiras em sua primeira eleição de meio de mandato. E, normalmente, os eleitores punem o partido no poder por más condições econômicas – dinâmicas que apontam para ganhos republicanos. Após dias de campanha na zona rural de Nevada, Adam Laxalt, o republicano que desafia a senadora Catherine Cortez Masto, reuniu apoiadores em Las Vegas e nos arredores neste fim de semana, prevendo uma “onda vermelha” que é “profunda e ampla”. Laxalt observou que Biden não fez campanha em Nevada este ano e o culpou pela inflação de 15% do estado. “Ele vai chamá-lo de antidemocrático por usar o sistema democrático para nos dar uma mudança”, disse ele a apoiadores no sábado no condado de Clark, o maior condado do estado. “Mas essa mudança está chegando.” O cenário final do meio do mandato, dois dias antes da eleição de terça-feira, deu a entender que os eleitores estavam priorizando as preocupações fiscais em vez de mais temores existenciais. Dos subúrbios liberais do nordeste aos estados do oeste, estrategistas, legisladores e autoridades republicanas agora dizem que podem mudar grandes partes do país e expandir suas margens nos estados do sul e do cinturão da ferrugem, que foram terreno fértil para seu partido durante grande parte da última década. Também houve alguns sinais iniciais de que partes-chave da coalizão que levou os democratas à vitória em 2018 e 2020 – mulheres brancas suburbanas moderadas e eleitores latinos – estavam se inclinando para candidatos republicanos. Na Câmara, onde os republicanos precisam trocar cinco cadeiras para controlar a Câmara, o partido disputava distritos em bastiões democratas, incluindo Rhode Island, Nova York, Oregon e Califórnia. Os estrategistas republicanos elogiaram sua posição surpreendentemente próxima nas disputas para governadores em estados azuis como Nova York, Novo México e Oregon. Ao mesmo tempo, o Senado continua uma derrota, com candidatos presos em disputas quase mortas em três estados – Geórgia, Nevada e Pensilvânia – e disputas acirradas em pelo menos outros quatro. Os republicanos precisam de apenas um assento adicional para ganhar o controle. “Todos do lado republicano devem estar otimistas”, disse em entrevista o senador Rick Scott, republicano da Flórida e chefe do braço de campanha republicano no Senado. Scott previu que seu partido iria virar a câmara, indo além dos 51 assentos necessários para o controle. “Se você olhar para as pesquisas agora, temos todos os motivos para pensar que teremos mais de 52 anos.” Durante meses, os candidatos democratas nas principais disputas superaram os baixos índices de aprovação de Biden, auxiliados por oponentes republicanos imperfeitos que foram impulsionados a vitórias nas primárias por Trump. Continuar a superar o líder de seu partido tornou-se mais difícil à medida que as percepções da economia pioravam e os grupos republicanos desencadeavam uma campanha publicitária de queda, acusando seus oponentes de serem fracos no crime. “É uma corrida acirrada – é uma bola ao alto, com certeza”, disse o tenente-governador John Fetterman, o democrata que concorre ao Senado na Pensilvânia contra o Dr. Mehmet Oz, a personalidade da televisão, a um grupo de apoiadores no subúrbio da Filadélfia. No condado de Johnston, na Carolina do Norte, o deputado Ted Budd, o republicano que está há meses em uma disputa acirrada pelo Senado, reuniu os eleitores com a sensação de que a conversa nacional havia virado na direção de seu partido nas últimas semanas. “Estamos falando de três coisas por aí, porque nossas políticas estão do lado certo: quando se trata de inflação, quando se trata de crime, quando se trata de educação, essas são as coisas que as pessoas estão realmente falando”, disse Budd. A oitenta
Repercussão – Mídia internacional descreve vitória de Lula como ‘volta histórica’

Imprensa ao redor do mundo citou polarização, Amazônia, violência e outros temas A mídia internacional dos dois lados do Atlântico descreve a vitória eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como uma volta histórica e surpreendente em um país polarizado. O britânico Financial Times descreve a conquista de Lula como “um retorno histórico” e “dramático”. Além de comentar a comemoração de cidadãos em diferentes cidades brasileiras, o FT afirma que “a vitória de Lula segue uma campanha amarga marcada por notícias falsas e violência em um clima de polarização, levando a preocupações de conflito pós-eleitoral”. O The News York Times também usou as palavras “amarga e longa” para se referir à corrida eleitoral brasileira e disse que a eleição de Lula é um freio no movimento de extrema direita do presidente Jair Bolsonaro (PL). “A vitória completa um renascimento político impressionante de Lula – da presidência à prisão e de volta – que já parecia impensável”. Já o The Guardian afirmou que Lula selou um retorno “surpreendente” ao derrotar “o titular de extrema-direita Jair Bolsonaro em uma das eleições mais significativas e contundentes da história do País”. O Washington Post, por sua vez, comenta a volta “memorável” do “ícone” da esquerda latino-americana menos de três anos após sua saída da prisão, “com as promessas de defender a democracia, restaurar a justiça social e salvar a floresta Amazônia”. A BBC também comenta a polarização vivida durante a campanha eleitoral no País. (Estadão Conteúdo)
Papa Francisco apoia Lula sem dizer o nome em oração pelo Brasil

“Rogo a Nossa Senhora Aparecida para proteger e curar o povo brasileiro, para libertá-lo do ódio, da intolerância e da violência” Frase, dita após referência à beatificação da Menina Benigna, foi interpretada como um claro aceno à candidatura de Lula O Papa Francisco fez um aceno nesta quarta-feira (26), ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante a Audiência Geral no Vatiano. Sem citar o nome, Francisco afirmou rogar “a Nossa Senhora Aparecida para proteger e curar o povo brasileiro, para libertá-lo do ódio, da intolerância e da violência”. Veja a transcrição do Vatican aqui. Papa Francisco apoia Lula sem dizer o nome em oração pelo Brasil pic.twitter.com/00IG7XEhKC — Julinho Bittencourt (@JotaBittencourt) October 26, 2022 O Papa se referiu ao Brasil após falar sobre a beatificação de Benigna Cardoso da Silva, mais conhecida como Menina Benigna, jovem católica brasileira, assassinada aos treze anos de idade, ao defender-se do assédio sexual. “Saúdo os peregrinos de língua portuguesa, especialmente os de São Salvador da Bahia, Anicuns, Taubaté e São Paulo. Caros irmãos e irmãs, anteontem, no Crato, no estado brasileiro do Ceará, foi beatificada Benigna Cardoso da Silva, jovem mártir que, observando a palavra de Deus, manteve sua vida pura, defendendo sua dignidade. Que o seu exemplo nos ajude a ser generosos discípulos de Cristo. A vida do mundo depende do nosso testemunho consistente e alegre do Evangelho. Uma salva de palmas para o novo Beato!”, disse Francisco sob aplausos. “Rogo a Nossa Senhora Aparecida para proteger e curar o povo brasileiro, para libertá-lo do ódio, da intolerância e da violência”, encerrou.
Mobilização – Contra intervenção militar internacional, haitianos vão às ruas

Após anúncio do premiê Ariel Henry, EUA e Canadá enviaram veículos blindados ao país caribenho Milhares de pessoas saíram às ruas das principais cidades do Haiti nesta segunda-feira (17/10) para exigir a renúncia do primeiro-ministro Ariel Henry e protestar contra a intervenção internacional solicitada pelo premiê para enfrentar a crise política e humanitária no país. Segundo o portal Telesur, a iniciativa das manifestações foi do grupo político “Pitit Desalin” e seu líder, Jean Charles Moïse, lembrando a data de assassinato do líder da revolução haitiana, Jean Jacques Dessalines, em 17 de outubro de 1806. De acordo com a organização, Henry “é incapaz de resolver os problemas de inflação, insegurança e organização de eleições” no país. No último domingo (16/10) o país chegou a receber um lote de veículos blindados vindos do Canadá e dos Estados Unidos para apoiar a polícia local. A equipe deve enfrentar gangues que controlam há um mês o terminal de combustível mais importante da capital Porto Príncipe, dificultando a economia e o bombeamento de água potável para comunidades imersas em violentos protestos populares e um crescente surto de cólera. Segundo um comunicado da Embaixada dos EUA em Porto Príncipe e as ministras do Canadá para Relações Exteriores e Defesa Nacional, Mélanie Joly e Anita Anand, consecutivamente; e Antony Blinken e Lloyd Austin, Secretário de Estado, e de Defesa dos EUA, a chegada de equipamentos vai continuar até a próxima sexta-feira (21/10) com o “objetivo de apoiar a polícia local e proteger os cidadãos haitianos”. Em 8 de outubro, o governo haitiano autorizou a possibilidade de solicitar intervenção militar estrangeira para lidar com a crise humanitária no país. Segundo o documento, o objetivo da intervenção militar estrangeira seria deter, em todo o país caribenho, a crise “causada principalmente pela insegurança derivada da atuação das quadrilhas e gangues”. O pedido de assistência militar foi solicitado após semanas consecutivas de protestos no país, que se agravaram devido ao aumento dos preços e ao ressurgimento da violência nas ruas. Por sua vez, a resolução sobre a intervenção militar gerou críticas entre organizações de direitos humanos e demais personalidades políticas, considerando que “a soberania do país caribenho está em jogo”. Contexto da crise política e humanitária De 2004 a 2017, as Nações Unidas implantaram equipes de Forças de Manutenção da Paz no país após o golpe de estado contra o então presidente Jean Bertrand Aristide (2001-2004). Porém para muitas organizações sociais e políticas, a ocupação foi um fracasso devido a denúncias de estupro, introdução de cólera, além de não atingir os objetivos de pacificação do país. Já em julho de 2021, o então presidente do Haiti, Jovenel Moïse, foi assassinado dentro da própria casa. Desde então, o país enfrenta uma crise política na sequência de nomes que ocuparam o cargo de chefe de Governo do país. Logo após a morte de Moïse, o primeiro-ministro vigente, Claude Joseph, assumiu o cargo, mas após duas semanas em governo, anunciou sua renúncia para que Ariel Henry, premiê indicado por Moïse pouco antes de sua morte, pudesse assumir a administração do país. Desde então, Henry tem como responsabilidade convocar uma Constituinte e eleições, no entanto, não o realizou até o momento. Em janeiro deste ano, o Comitê Nacional de Transição do Haiti elegeu o economista Fritz Alphonse Jean como primeiro-ministro interino e Steven Benoit como presidente de transição do país. Porém, tais resultados não são reconhecidos pelo atual premiê. (*) Com Telesur e Brasil de Fato.
Eleição: Lula vence também o primeiro turno entre brasileiros no exterior

Candidato ao terceiro mandato presidencial recebeu 47,13% dos votos válidos no primeiro turno, contra 41,63% de Bolsonaro. Mulheres são maioria nesse eleitorado Além do território nacional, Luiz Inácio Lula da Silva também foi o vencedor geral do primeiro turno entre brasileiros e brasileiras que vivem no exterior. Com 99,15% das urnas apuradas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em países estrangeiros, Lula obteve 47,13% dos votos válidos, enquanto Bolsonaro recebeu 41,63%. Em números absolutos, Lula teve mais de 137,6 mil votos, e Bolsonaro chegou a 121,5 mil. Nas cidades estrangeiras que já tiveram 100% das urnas apuradas, Lula venceu em 79 e Bolsonaro, em 44. No maior colégio eleitoral de brasileiros no exterior, Lisboa (Portugal), Lula venceu com 61,6% dos votos, contra 30,58% de Bolsonaro. Em Miami (EUA), segundo maior colégio, Bolsonaro ganhou com 74,3%, contra 16,24% de Lula. Na terceira maior comunidade, Boston (EUA), Bolsonaro teve 69,89% e Lula, 23,04%. Na Argentina, Lula obteve uma vitória histórica, com 63,5% dos votos válidos, contra 29,1% de Bolsonaro. Também venceu no Chile, com 44,86%, e na Colômbia, com 52,82%. A disputa no México foi mais equilibrada, mas Lula venceu por 44,2%, contra 42,84% de Bolsonaro. LEIA MAIS: Lula: “Quem teve a vitória que tivemos, seguramente aumentará no 2º turno” Na Itália, quarto país em número de brasileiros votando, Lula venceu com 50,18% dos votos em Milão e 54,76% em Roma. Também ganhou nos três locais de votação na Alemanha, quinto maior colégio eleitoral: em Berlim, teve 79,65% dos votos (contra 11,14% para Bolsonaro). Em Frankfurt, Lula teve 64%, ante 22,84%. E em Munique, o petista registrou 60,16% contra 24,73. Lula terminou em vantagem sobre o candidato à reeleição na maioria dos países da Europa. No Reino Unido, onde a votação foi realizada apenas em Londres, Lula ganhou com 55,18% dos votos, contra 34,94% de Bolsonaro. Na Espanha, Lula venceu com 52,27% em Madri e 70,2% em Barcelona. Na França, o petista teve 77,23% dos votos. LEIA MAIS: Lula: “A luta continua até a vitória final!” Até na Hungria, liderada pelo aliado de Bolsonaro Viktor Orbán, Lula teve 80,89% dos votos, contra 11,86% de Bolsonaro. Na Rússia, com quem o inquilino do Planalto jura ter “bom relacionamento”, o petista teve 53,57% dos votos, contra 33,33% de Bolsonaro. A exceção foi a Grécia, onde Bolsonaro venceu com 46,9% dos votos. Em países africanos, Lula ganhou em mais países, incluindo Angola, Costa do Marfim, Egito, Gana, Guiné-Bissau, Quênia, Cabo Verde, Marrocos, Senegal, Tanzânia e Tunísia. Bolsonaro venceu no maior colégio eleitoral brasileiro no continente – Pretória, na África do Sul, além de Moçambique e República Democrática do Congo. A disputa foi acirrada na América Latina – com exceção de Cuba, onde Bolsonaro teve apenas 1 voto, ou 3,23% do total, enquanto Lula venceu com 28 votos, ou 90,32%. Na América do Sul, Lula venceu a eleição na Argentina, no Uruguai, no Chile e na Colômbia. Bolsonaro bateu o petista na Bolívia, no Paraguai, no Equador e na Venezuela. Lula também ganhou na Jamaica, México e Nicarágua, enquanto Bolsonaro venceu em Guiana, Suriname, Honduras, Rep Dominicana, Haiti, Bahamas e El Salvador. Já na América do Norte, a votação foi dividida. Bolsonaro ganhou nos Estados Unidos, com votação expressiva em Miami e Boston, mas teve menos votos que Lula em algumas cidades americanas: na capital Washington (45,33% contra 41,7%), Chicago (51,44% contra 33,69%), Los Angeles (45,53% contra 42,43%) e San Francisco (53,95% contra 33,35%). Lula foi ainda o mais bem votado no Canadá, com 60,73% dos votos em Montreal, 50,86% em Ottawa, 50,56% em Toronto e 55,29% em Vancouver. Na Ásia, Lula venceu na China, com 63,16% dos votos, e em outra grande economia do continente: Índia, com 65,85% contra 29,27% de Bolsonaro em Nova Déli e 75% contra 16,67% em Mumbai. O petista também ganhou em locais como Coreia do Sul (62,8%), Malásia (47,37%), Singapura (46,67%), Tailândia (43,81%) e Vietnã (65%). Bolsonaro ganhou no Japão, Hong Kong, Filipinas, Indonésia, Taiwan e Timor Leste. Na Oceania, Lula foi o mais bem votado na Austrália e na Nova Zelândia. No Oriente Médio, o petista obteve mais votos no Líbano, Jordânia, Árabia Saudita e territórios palestinos. Bolsonaro venceu nos Emirados Árabes Unidos, Omã, Catar, Kuwait e Israel, onde a preferência por ele caiu de 66,5%, em 2018, para 45,98% neste ano. Conforme o TSE, mais de 697 mil brasileiros que vivem no exterior estavam em condições de votar nas eleições presidenciais. Número 39% mais alto que em 2018. Agora, o contingente de eleitores no exterior corresponde a 0,45% dos 156,4 milhões de cidadãos que votam no Brasil. Com 58,54%, mulheres são a maioria do eleitorado cadastrado no exterior. A maior parte deles tem entre 35 e 44 anos.
China divulga mais um relatório sobre ataques cibernéticos dos EUA

Segundo o relatório, a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos EUA realizou mais de mil ataques contra a universidade chinesa Rádio Internacional da China – O Centro Nacional de Resposta de Emergência a Vírus de Computador da China (CVERC, na sigla em inglês) e a empresa chinesa de segurança cibernética Qihoo 360 divulgaram na terça-feira (27), o segundo relatório sobre os ataques cibernéticos realizados pelos Estados Unidos contra a Universidade Politécnica do Noroeste, na cidade de Xi’an. Em comparação com o primeiro parecer divulgado no dia 5 deste mês, o recente documento revelou mais detalhes, incluindo caminhos, tempo e até os erros dos ataques, além das verdadeiras identidades de 13 invasores, o que são provas irrefutáveis sobre as atividades de espionagem e ataque cibernético dos EUA. Segundo o relatório, a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos EUA realizou mais de mil ataques contra a universidade chinesa através da Operação de Acesso Personalizado (TAO, cuja sigla em inglês). Invasores americanos estabeleceram um canal de acesso remoto para os principais dados dos operadores de infraestrutura chineses, realizaram o controle da infiltração da infraestrutura chinesa e roubaram dados privados de usuários chineses. Por exemplo, o relatório citou que às 22h53 de 7 de março de 20××, horário de Pequim, a TAO atacou e controlou o servidor de negócios 211.136.×× de um operador de infraestrutura na China por meio do proxy de ataque 148.208.××.×× localizado no México. Após dois movimentos laterais na intranet (10.223.140.××, 10.223.14.××), o ataque assumiu o controle do servidor de banco de dados dos usuários e investigaram ilegalmente as informações de várias pessoas com identidades sensíveis. A espionagem e os ataques cibernéticos dos EUA já não são secretos. A mídia da França destacou que a ambição dos EUA é espionar o mundo inteiro, incluindo seus aliados. Edward Snowden, ex-agente da NSA dos EUA, divulgou à imprensa em 2013 que o programa global de vigilância secreta da NSA, com o codinome “Prism”, funciona 24 horas por dia, monitorando e-mails, mensagens do Facebook, bate-papos do Google e chamadas de rede do Skype, entre outros. Outro relatório divulgado neste ano por empresas chinesas revelou que, nos últimos dez anos, a NSA realizou ataques cibernéticos contra 403 alvos de 47 países e regiões do mundo. No entanto, a parte norte-americana sempre finge ser uma vítima de ataques cibernéticos, e acusou a China de realizar atividade de hacker. Os detalhes do relatório do dia 27 deixam evidentes ao mundo inteiro quem é a vítima, quem é o perpetrador e quem está deliberadamente enganando a opinião pública. A parte chinesa ressaltou que não se pode aplicar padrão duplo na defesa da segurança cibernética que é um direito de todos os países e não apenas de um país ou poucos países.
Putin concede cidadania russa a Snowden em meio à tensão com os EUA

Ex-agente da NSA, Edward Snowden, foi responsável pelo vazamento de informações sigilosas do governo dos EUA, que luta para que ele seja extraditado para ser julgado por espionagem. Em meio à tensão com Joe Biden envolvendo ameaças do uso de armas nucleares, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, concedeu cidadania russa ao ex-funcionário da Agência Nacional de Segurança (NSA), Edward Snowden, que tornou públicos detalhes de vários programas que constituem o sistema de segurança global dos EUA no Wikileaks. As autoridades norte-americanas lutam há anos para que o ex-analista seja extraditado para o país, por forma a ser julgado por espionagem. “De acordo com o parágrafo ‘a’ do artigo 89 da Constituição da Federação Russa, decido aceitar as seguintes pessoas na cidadania da Federação Russa: Edward Joseph Snowden, nascido em 21 de junho de 1983, nos Estados Unidos da América”, diz um decreto assinado por Putin divulgado pela agência Sputnik. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou que a cidadania russa foi concedida a Snowden a pedido. O advogado russo de Snowden, Anatoly Kucherena, também destacou que, como seu cliente não serviu no exército russo, ele não deve ser convocado como parte da mobilização parcial em andamento no país. De acordo com Kucherena, a esposa de Snowden também deve solicitar a cidadania russa. Snowden vive na Rússia desde 2013, onde buscou asilo quando os Estados Unidos lhe retiraram o passaporte. Ele ganhou a ira do governo dos EUA depois de expor a extensão dos programas de vigilância administrados pela NSA. Com o passaporte cassado enquanto viajava para a América do Sul, Snowden acabou preso por um mês no Aeroporto Internacional Sheremetyevo, em Moscou, até que o governo russo lhe concedeu asilo e, posteriormente, uma autorização de residência.
Giorgia Meloni, defensora de Mussolini e eurocética, vai governar a Itália

NEOFASCISMO – Para agradar o eleitorado, a líder neofascista tomou um banho de marketing, mas manteve agenda anti-aborto e contrária aos direitos civis LGBT O resultado oficial da eleição italiana confirmou a boca de urna divulgada neste domingo (26) e que dava vitória à extrema direita: a coligação liderada por Giorgia Meloni, do Partido Irmãos da Itália, obteve 43% dos votos. Além da legenda de Meloni, também vão compor o novo governo o partido de Silvio Berlusconi, o Força Itália, e A Liga, de Matteo Salvini. Em seu primeiro discurso, Giorgia Meloni declarou que vai trabalhar para unificar a Itália. “Se fomos escolhidos para governar este país, nós o faremos por todos os italianos, com a vontade de unir o povo e de no concentrarmos naquilo que nos une, e não naquilo que nos divide. Chegou a hora da responsabilidade”, declarou a líder da extrema direita italiana. A esquerda italiana, representada pelo Partido Democrático (PD) foi atropelada pelos neofascistas e obtiveram apenas 19% dos votos. Deus, Pátria e Família A vitória de Giorgia Meloni traz muitas dúvidas e ceticismo entre os países da União Europeia, pois, mesmo que tenha estrategicamente suavizado o seu discurso durante a campanha, a líder da extrema direita não esconde o seu apreço por Benito Mussolini, líder fascista que governou a Itália de 1922 a 1943. Giorgia Meloni nasceu em 15 de janeiro de 1997, na cidade de Roma. De família pobre, teve o seu primeiro contato com a política ainda na adolescência quando, aos 15 anos de idade, foi morar com a sua mãe em Garbatella, distrito considerado uma área da classe trabalhadora localizado ao sul de Roma. Aos 15 anos, Giorgie Meloni ingressou nas fileiras da Frente Jovem do Movimento Social Italiano (MSI), que foi fundado por órfãos do fascismo após a queda de Mussolini. Desde sempre, Meloni foi contrária à comemoração do Dia da Libertação do nazifascismo, pois, para a futura primeira-ministra da Itália, Mussolini “era um bom político. Tudo o que ele fez, ele fez pela Itália”. Nos anos 1990, especificamente em 1996, Giorgia Meloni se tornou a líder nacional da Ação Estudantil, fração do movimento jovem da Aliança Nacional, a nova face do MSI. Por conta do seu estilo direito e com boa retórica, Meloni foi eleita vereadora na província de Roma. A trajetória de Giorgia Meloni era acompanhada pela imprensa italiana que a classifica como uma “ascensão meteórica” ao deixar para trás antigas lideranças masculinas e, aos 29 anos, ser eleita à Câmara dos Deputados, da qual foi vice-presidente até 2008, quando foi nomeada Ministra da Juventude pelo então primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que hoje compõe a coligação de Meloni. Pandemia e ascensão política Assim como outros líderes da extrema direita, Giorgia Meloni se aproveitou da pandemia e das políticas sanitárias de lockdown para ganhar popularidade. Fez dura oposição ao governo de Mario Draghi, o qual classificou como “incompetente” no contorno aos danos causados pela crise sanitária. Assim como o presidente do Brasil, Meloni também nutre admiração pelo governo de extrema direita de Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, e pelos ultradireitas espanhóis do Vox. Em defesa da família e contrária aos direitos civis LGBT Além do negacionismo, Meloni possui outras agendas em comum com a extrema direita ocidental: extinção dos partidos de esquerda, antiaborto, discurso pró-família e pela revogação dos direitos civis LGBT. Por mais de uma vez, Meloni declarou que os seus inimigos são os “burocratas de Bruxelas, o coletivo LGBT e o salão de festas da esquerda”. O jornal argentino Página 12 resgatou o trecho de um discurso de Giorgia Meloni durante um ato do Vox, na Espanha, que dá sinais do que pode ser o seu governo: “Não há mediações possíveis, sim ou não é dito. Sim para a família natural, não para o lobby LGBT; sim à identidade sexual, não à ideologia de gênero; sim para a cultura da vida, não ao abismo da morte; sim à universalidade da cruz, não à violência islâmica. sim para proteger fronteiras, não à imigração em massa”. Também chamou atenção durante a campanha uma proposta obscura de Giorgia Meloni de incentivo à procriação que beira o eugenismo mais obscurantista. Com o triunfo na eleição nacional, Giorgia Meloni deve se tornar a primeira-ministra de extrema direita a governar a Itália desde Benito Mussolini.
Rainha Elizabeth II, a monarca britânica mais longeva da história, morre aos 96 anos

Nas primeiras horas desta quinta-feira (8) o Palácio de Buckingham emitiu um comunicado nesta quinta-feira (8) onde revela que a Rainha Elizabeth II está sob supervisão médica em Balmoral (castelo localizado na Escócia). Após ser examinada por médicos, estes revelaram preocupação com o quadro da Rainha e orientaram repouso total. “Após uma nova avaliação nesta manhã, os médicos da Rainha estão preocupados com a saúde de Sua Majestade e recomendaram que ela permaneça sob supervisão médica. A Rainha está confortável em Balmoral”, diz o comunicado emitido pelo Palácio de Buckingham. A primeira-ministra Liz Truss se pronunciou e declarou que o “país inteiro está profundamente preocupado com a notícia”. “Meus pensamentos – e os pensamentos das pessoas de todo o Reino Unido – estão com Sua Majestade, a Rainha e sua família neste momento”, disso Liz Truss. A Rainha Elizabeth II foi coroada em 2 de junho de 1953. O seu reinado foi o mais longo da história do Reino Unido. Com a morte de Elizabeth II, o seu filho mais velho Charles, o ex-príncipe de Gales, liderará o país em luto como o novo Rei e chefe e de Estado por 14 reinos da comunidade. Por meio de um comunicado, o Palácio de Buckingham declarou que “a Rainha morreu pacificamente em Balmoral esta tarde. O Rei e a Rainha Consorte permanecerão em Balmoral esta noite e retornarão a Londres amanhã”. Todos os filhos da Rainha viajaram para Balmoral, perto de Aberdeen, depois que os médicos colocaram a Rainha sob supervisão médica. Também estão lá o príncipe William e o seu irmão, o príncipe Harry. O mandato da Rainha Elizabeth II abrangeu a austeridade do pós-guerra, a transição do império para a Comunidade, o fim da Guerra Fria e a entrada do Reino Unido na União Europeia. O reinado de Elizabeth durou 15 primeiros-ministros, começando com Winston Churchill e terminando com a recém-empossada primeira-ministra Liz Truss.