Israel e Hamas iniciam cessar-fogo de quatro dias na Faixa de Gaza

Nesta sexta-feira (24), um comboio de tanques militares e veículos blindados de Israel foi avistado deixando a Faixa de Gaza e cruzando a fronteira israelense logo após o início da trégua acordada com o grupo palestino Hamas. O cessar-fogo é uma das disposições do primeiro grande pacto firmado entre os dois desde que passaram a se enfrentar, cerca de um mês e meio atrás. A trégua temporária, em vigor desde as 7h no horário local (2h, horário de Brasília), marca um intervalo de quatro dias no conflito que possibilitará a libertação de reféns capturados. Minutos após o início da pausa, Israel ativou alarmes para alertar sobre possíveis ataques com foguetes em comunidades israelenses na área da fronteira. Um porta-voz do governo israelense denunciou que o Hamas lançou um foguete contra o país, violando os termos do acordo. Felizmente, nenhum dano foi relatado. Enquanto isso, ao sul da Faixa de Gaza, residentes palestinos foram vistos retornando às suas casas na região de Khan Younis. Caminhões também foram testemunhados cruzando a passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, transportando suprimentos. Vale destacar que, antes do início da trégua, as Forças de Defesa de Israel conduziram uma operação para destruir uma rota de túneis na área do Hospital Al-Shifa, um dos mais importantes de Gaza, pouco antes do início da pausa. De acordo com comunicado dos militares israelenses, “as Forças de Defesa de Israel concluíram os seus preparativos operacionais de acordo com as linhas de combate da pausa.” Conforme o acordo, os primeiros reféns mantidos pelo Hamas devem ser libertados ainda nesta tarde. Prevê-se que mais de 50 reféns serão libertados nos próximos dias. Israel se comprometeu a estender a trégua em um dia para cada 10 reféns adicionais libertados pelo grupo terrorista. O acordo também inclui a libertação de 150 palestinos detidos como prisioneiros por Israel. Durante a pausa no conflito, Gaza receberá caminhões com água, comida, assistência médica e combustível. Minutos antes do início da trégua, as Forças de Defesa de Israel divulgaram um vídeo do porta-voz Avichay Adraee, enfatizando que a guerra ainda não terminou. “A pausa humanitária é temporária. O norte da Faixa de Gaza permanece uma zona de guerra perigosa”, afirmou.

Milei é eleito na Argentina com projeto de ultradireita

Sergio Massa parabenizou Milei pela vitória antes mesmo da divulgação do resultado oficial Antes mesmo do início da divulgação dos resultados oficiais, o candidato presidencial argentino do União pela Pátria, Sergio Massa, reconheceu a vitória do ultradireitista Javier Milei, do A Liberdade Avança, no segundo turno das eleições, neste domingo (19). “Os resultados não são o que esperávamos. Me comuniquei com Javier Milei para parabenizá-lo e desejar-lhe boa sorte porque ele é o presidente que a maioria dos argentinos elegeu para os próximos quatro anos”, disse Massa em discurso a apoiadores. O ultradireitista Milei emergiu como o novo presidente eleito da Argentina, superando o ministro da Economia e o influente peronismo. O resultado representa uma guinada para a extrema direita na Argentina, em um período onde o país enfrenta uma severa crise econômica e hiperinflação. Durante a campanha, Milei prometeu mais turbulência nas já agitadas águas políticas e econômicas argentinas. Entre suas propostas, destacam-se a intenção de abolir o Banco Central da Argentina, a dolarização da economia e a adoção de uma visão econômica “libertária”. Além disso, a campanha de Milei ganhou notoriedade por defender abertamente a “tirania”.

Brasileiros que deixaram Gaza viveram dias de tensão e angústia

Relembre principais momentos da travessia dos brasileiros em Gaza – Agência Brasil – O cruzamento da fronteira de Gaza com o Egito neste domingo (12) representou mais um capítulo na jornada do grupo de 32 pessoas – 22 brasileiros de nascimento, sete palestinos naturalizados brasileiros, três palestinos familiares próximos, 17 crianças, nove mulheres e seis homens – para escapar do conflito entre o Hamas e Israel que já deixou mais de 12 mil mortos, dos quais cerca de 1.200 israelenses e 11 mil palestinos, sendo quase 70% mulheres e crianças. Depois de um mês de agonia, o grupo de 32 pessoas chegou ao Cairo, onde dorme nesta noite. O avião que transportará os brasileiros vai decolar do Cairo às 11h50 (hora local) de amanhã (13). O pouso em Brasília está previsto para as 23h30. Duas pessoas do grupo, que constavam da lista original, desistiram da repatriação e decidiram permanecer em Gaza. A jornada de repatriação, marcada por momentos de tensão, angústia e terror, teve início no dia 7 de outubro, logo após o atentado do Hamas a Israel. Foram dias de espera aguardando a inclusão na lista de pessoas autorizadas a atravessar a passagem de Rafah, o que só ocorreu na sétima lista. Mesmo com a inclusão, os brasileiros ainda tiveram que aguardar, já que a fronteira de Rafah, em Gaza, para o Egito foi fechada no sábado (4) após ataque a ambulâncias, que deixou vários palestinos mortos e feridos. A fronteira permaneceu fechada nos dias seguintes por razões de segurança. Na sexta-feira (10), ataques aéreos de Israel atingiram ao menos três hospitais na Faixa de Gaza e mantiveram a fronteira fechada. Como a saída dos brasileiros e demais estrangeiros está condicionada à transferência dos feridos da Faixa de Gaza ao Egito, os confrontos em torno dos hospitais dificultaram a logística para saída das ambulâncias. Autoridades palestinas disseram que um bebê morreu e dezenas de outros pacientes estavam em risco devido ao cerco israelense a um dos hospitais. Com o fechamento, os brasileiros tiveram que retornar aos abrigos, até que a autoridade da fronteira de Gaza anunciasse que a passagem terrestre de Rafah para o Egito seria reaberta neste domingo para quem tem passaporte estrangeiro. Foram momentos de frustração desde o início do périplo dos brasileiros, logo após o Exército israelense anunciar intensa incursão terrestre e determinar o êxodo dos palestinos do norte de Gaza, habitada por mais de 1 milhão de habitantes, para o Sul, no dia 13 de outubro. No dia seguinte, uma parte dos brasileiros, que estavam abrigados em uma escola da Cidade de Gaza, iniciaram a jornada para Rafah O governo brasileiro já havia mandado, no dia 12 de outubro, uma aeronave VC-2 (Embraer 190) da Presidência da República para resgatar brasileiros. Na ocasião, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que havia entrado em contato com o ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry, a fim de garantir uma passagem humanitária para os brasileiros fazerem a travessia entre Gaza e o Egito, a partir de onde seria mais viável permitir um retorno seguro. Isso não ocorreu, no entanto, de imediato. Os brasileiros, que estavam em dois grupos, nas cidades de Rafah e Khan Yunis, ao sul da Faixa de Gaza, tiveram que esperar uma pausa nos bombardeios para se deslocar com segurança. As cidades chegaram a registrar o maior número de mortes causadas pelos bombardeios de Israel no fim de outubro. Segundo a representação do Brasil em Ramala, na Cisjordânia, os brasileiros relataram intenso bombardeio “com o uso de algum produto que afeta a respiração: ‘parece gás lacrimogêneo’”. Durante esse período, os brasileiros sofreram com difíceis condições de sobrevivência. Foram momentos sem energia, sem comunicação. No dia 27, a empresa de telefonia Palestina Jawal informou o corte de todas as comunicações com a Faixa de Gaza. O Escritório de Representação do Brasil em Ramala, na Cisjordânia, só conseguiu retomar o contato com os brasileiros no dia seguinte. “Restabelecemos o contato com nossos nacionais nas duas cidades, e continuaremos monitorando a situação”, informou o embaixador Alexandro Candeas, responsável pelo escritório. Em Rafah, o grupo era formado por 18 pessoas, das quais nove crianças. Em Khan Younes, eram nove crianças, cinco mulheres e dois homens. Eles passaram por dificuldades para conseguir água e alimentos e tiveram que contar com o apoio da representação brasileira na Cisjordânia para conseguir itens básicos de alimentação. Os brasileiros sofreram ainda com os bombardeios de Israel, que também atingiram o sul de Gaza. No dia 30, novo bombardeio atingiu um prédio ao lado da residência de uma das famílias de brasileiros em Khan Yunes. O fato foi registrado por Hasan Rabee, de 30 anos, que relatou o susto com o bombardeio. “Acabou de cair uma bomba atrás desse prédio. Meu Deus do céu. As bombas não param. Está vendo a rua como ficou? As bombas não param. As crianças estão bem assustadas”, relatou o palestino naturalizado brasileiro. Ele foi à rua para mostrar a destruição no prédio ao lado de onde estava abrigado. Contou que vizinhos tentavam salvar as pessoas atingidas pela bomba. “A casa que foi atacada ao lado de onde a gente está. Bastante gente ferida. Cidadãos fazendo ajuda humanitária para resgatar os feridos. Absurdo”, lamentou. Hasan vive em São Paulo e foi a Gaza com as duas filhas e a esposa para visitar a família, poucos dias antes do início do conflito. O palestino naturalizado brasileiro contou à Agência Brasil que não já encontrava água mineral ou gás de cozinha. “Água mineral a gente não tem, porque não acha. Antigamente, 500 litros (de água potável) eram 10 shekels, hoje 500 litros são 100 shekels, mas você não acha nunca. Não tem energia para filtrar essa água. Fruta é muito difícil achar na feira. A única coisa que a gente acha bastante é o pepino, o resto você não acha fácil ”, relatou. Saída A demora na inclusão dos brasileiros vinha causando muita expectativa. A primeira lista autorizou um grupo de 450 estrangeiros a deixar a Faixa

DIPLOMACIA – Brasileiros são autorizados a deixar a Faixa de Gaza

Grupo de 34 pessoas dividido entre as cidades de Kan Yunis e Rafah aguardava autorização para atravessar a fonteira O grupo de 34 brasileiros que aguardavam a liberação para deixar a Faixa de Gaza recebeu a autorização nesta sexta-feira (10) e aguardam desde o início da manhã para cruzar a fronteira de Rafah, com o Egito. Os brasileiros ou palestinos em proceso de naturalização estavam no sul de Gaz, nas cidades de Khan Yunis e Rafah. “Espero que a gente consiga viajar hoje, a chance é muito grande. Talvez tenha dificuldade, mas espero que não aconteça isso e a gente já está indo agora na fronteira”, disse o comerciante Hasan Rabee, de 30 anos, em um vídeo gravado no ônibus com16 brasileiros que estavam em Khan Yunis a caminho de Rafah. A passagem humanitária, que fica no sul da Faixa de Gaza, na fronteira com o Egito, tem sido marcada por instabilidades logísticas e diplomáticas. Ambas dificultam a saída de cidadãos que querem fugir da zona de guerra, bombardeada incessantemente por Israel há mais de um mês. Fechada nesta quarta (8), devido a uma “circunstância de segurança” não explicada, a fronteira foi reaberta nesta quinta-feira (9).

Pelo 2º dia, Israel não divulga lista de autorizados a deixar Gaza

Saídas foram suspensas após ataque de Israel contra ambulâncias Agência Brasil – As autoridades israelenses e egípcias não divulgaram nenhuma lista de estrangeiros que estariam autorizados a deixar a Faixa de Gaza nesta segunda-feira (6). Este é o segundo dia consecutivo que nenhuma pessoa consegue deixar o enclave palestino, alvo de constantes bombardeios de Israel. As saídas foram suspensas após um ataque de Israel contra ambulâncias em Gaza usadas para transportar feridos, segundo informou a agência de notícias Reuters. Autoridades egípcias, estadunidenses e do Catar disseram que estão tentando retomar a saída de estrangeiros e feridos de Gaza após o ataque às ambulâncias. A última lista divulgada no sábado (4) tinha o nome de 599 estrangeiros, entre esses, 386 com passaporte dos Estados Unidos, 112 do Reino Unido, 51 da França e 50 da Alemanha. Este foi o quarto grupo de estrangeiros ou residentes com dupla nacionalidade que as autoridades egípcias e israelenses, com a anuência do governo estadunidense, autorizaram a ingressar em território egípcio. O ministro das Relações Exteriores do Brasil Mauro Vieira conversou com o ministro do Exterior de Israel, Eli Cohen, na última sexta-feira (3). Segundo o chanceler brasileiro, o ministro israelense deu garantias de que até esta quarta-feira (8) os brasileiros na Faixa de Gaza passariam pela fronteira com o Egito. Um grupo de 34 brasileiros espera desde o início da guerra autorização para deixar Gaza. Eles estão divididos entre as cidades de Rafah e Kahn Yunis, no sul do enclave palestino. O brasileiro Hasan Rabee, de 30 anos, informou nesta segunda-feira (6) que está muito difícil achar comida e que não há água potável para beber. Já os alimentos são cozidos em fogões a lenha. “Cada dia é pior que o outro. Água não tem mineral, estamos tomando água encanada. Hoje 31 dias sem energia. O mais difícil agora é encontrar alimentação. Além da guerra e do bombardeiro, outro sofrimento é a comida. Muita gente passa fome”, afirmou.

Joe Biden é acusado de apoiar o genocídio na Faixa de Gaza

Rashida Tlaib, a primeira palestino-americana da Câmara dos Representantes e do Congresso dos EUA, prevê que Biden sofra consequências em 2024 se não apoiar um cessar-fogo Sputnik – A primeira mulher palestino-americana no Congresso dos EUA acusou o presidente Joe Biden de apoiar um “genocídio” dos palestinos e alertou sobre as repercussões nas eleições do próximo ano. “Joe Biden apoiou o genocídio do povo palestino”, disse Rashida Tlaib, uma congressista democrata do Michigan, em um vídeo publicado no X (antigo Twiitter), mostrando imagens de mortos e feridos em bombardeios em Gaza, manifestações pró-palestinas nos Estados Unidos, Biden declarando apoio a Israel e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu agradecendo ao presidente dos EUA. A congressista repetiu assim seus apelos para que Biden apoie um cessar-fogo nas hostilidades entre Israel e Hamas, que começaram em 7 de outubro. “O povo americano não vai se esquecer. Biden, apoie o cessar-fogo agora ou não conte conosco em 2024”, afirmou Tlaib. A Casa Branca reiterou sua posição sobre uma pausa temporária nos combates. “Como vocês já nos ouviram dizer, apoiamos pausas humanitárias nos combates para que a ajuda humanitária que salva vidas seja recebida e distribuída aos necessitados em Gaza, e para que os reféns sejam libertados”, disse um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca. “O que não apoiamos são os pedidos para que Israel pare de se defender dos terroristas do Hamas, que é o que seria um cessar-fogo permanente”, sublinhou ele.

Brasil agiu como mediador em Conselho da ONU, dizem analistas

País presidiu colegiado no primeiro mês de conflito no Oriente Médio Durante os 31 dias em que ficou à frente do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), o Brasil atuou como mediador e árbitro em meio ao conflito no Oriente Médio, e não como ator político, segundo avaliaram três especialistas entrevistados pela Agência Brasil O Brasil presidiu o Conselho de Segurança em um dos mais tensos momentos da política internacional, liderando as tentativas de acordo entre seus membros para um cessar-fogo na Faixa de Gaza. Porém, as quatro propostas de resolução sobre o conflito foram rejeitadas. A proposta articulada pelo Brasil, apesar de ter recebido os votos da maioria (12 votos favoráveis e 2 abstenções), foi rejeitada por um veto dos Estados Unidos. Para ser aprovada, uma resolução não pode receber veto de nenhum dos cinco membros permanentes (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido). O professor de história contemporânea da Universidade Federal Fluminense (UFF) Bernando Rocher destacou que a diplomacia brasileira tentou ser um moderador, e não um agente político proativo, para condenar um ou outro lado do conflito, apesar das declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ora crítico ao Hamas, ora crítico à atuação militar de Israel. “A diplomacia se manteve firme tentando construir um acordo de cessar-fogo e de criação de um corredor humanitário para a população de Gaza, que está sendo bombardeada. Esse foi o ponto de destaque: não buscar conflito, não aprofundar as tensões, agindo como um gerente da causa, e não como um ator político”, afirmou. Na avaliação do professor Rocher, com esse comportamento, o Brasil saiu bem visto pelos países árabes, mas acabou por desgastar um pouco as relações com Estados Unidos e Israel. “Para o mundo árabe, o Brasil agiu com justiça e com equilíbrio, tentando resolver um problema, e não ampliando ele.” Em relação a Israel, o professor ressaltou que “arestas foram criadas porque o Brasil apontou para um caminho independente e soberano”. Para ele, Israel exige uma submissão total ao ponto de vista deles. “O Brasil confere legitimidade ao Estado de Israel, mas não nos termos absolutos que eles querem.” Quanto aos Estados Unidos, Rocher enfatizou que o problema é que eles não veem com bons olhos outros países tomando a liderança em um momento como esse. “Os Estados Unidos não conseguem suportar muito o protagonismo e a liderança que a diplomacia brasileira tenta construir em vários campos”, ressaltou. Divergência Já o professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná Eduardo Saldanha disse que o papel de moderador exercido pelo Brasil no Conselho de Segurança inviabiliza negociar com Israel. Segundo Saldanha, para isso, o Brasil teria que considerar o Hamas um grupo terrorista. “A ausência de firmeza também causa desconfianças. Essa posição denota uma fraqueza da diplomacia brasileira, e não podemos esquecer que, neste momento de negociações, o país com o qual mais se precisa negociar é com o que está envolvido diretamente no conflito. E o Brasil não está em posição mediar nada com relação a Israel”, destacou. Para Saldanha, a atuação do Brasil na presidência do Conselho de Segurança da ONU pode ser considerada positiva, ao tentar articular uma proposta de resolução que teve a maioria dos votos, apesar de não ter sido aprovada. Porém, o professor considera negativa a relutância em considerar o Hamas um grupo terrorista. O Itamaraty explicou que o Brasil só considera grupos terroristas aqueles definidos pelo Conselho de Segurança da ONU, o que não é o caso do Hamas. A maioria dos países-membros da ONU, incluindo países europeus como Noruega e Suíça, além de China, Rússia e nações latino-americanas, como México, Colômbia, seguem a definição atual da organização, que não classifica o Hamas como grupo terrorista. Assento permanente Já o pesquisador do Observatório de Política Externa e da Inserção Internacional do Brasil (Opeb), Gustavo Mendes de Almeida, considera que o Brasil acertou ao não se vincular diretamente a Israel e ao condenar os ataques do Hamas “A gente vê isso pela resolução, que teve ampla aceitação. Ela foi vetada pelos Estados Unidos, o que era de se esperar por conta das relações históricas que os Estados Unidos têm com Israel, mas o fato de países como a França, que é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, ter votado favoravelmente à resolução brasileira demonstra como ela foi bem planejada e articulada pela diplomacia do Brasil”, afirmou. Para Almeida, a atuação do Brasil na presidência do Conselho fortalece o pleito do país por um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. “O Brasil historicamente atua de maneira pacífica no sistema internacional por não ter confrontação aberta com nenhum outro país. Com isso, o Brasil segue bem como esse agente moderador que tenta pacificar as relações. O Brasil demonstrou para o mundo a importância que a diplomacia brasileira tem em tentar promover a paz”, concluiu.

Sergio Massa é o candidato mais votado e vai ao segundo turno com Milei na Argentina

Resultado do atual ministro da Economia surpreendeu os que previam vitória fácil da extrema direita Télam – O candidato presidencial da Unión por la Patria (UxP), Sergio Massa, lidera com 36,11% dos votos nas eleições nacionais realizadas neste domingo. Ele é seguido por Javier Milei, de La Libertad Avanza, com 30,35%. Com esses resultados, ambos disputarão o segundo turno das eleições, previsto para 19 de novembro. Em terceiro lugar está Patricia Bullrich, de Juntos por el Cambio, com 23,69%, conforme 81,89% dos votos oficialmente apurados; seguida por Juan Schiaretti, do Hacemos por Nuestro País, com 7,18%, e Myriam Bregman, do Frente de Izquierda Unidad, com 2,64%.

Eleições na Argentina: entenda o sistema eleitoral e quem são os candidatos

A votação do primeiro turno ocorre entre 8h e 18h deste domingo (22/10); entenda as regras do jogo eleitoral e conheça os candidatos O primeiro turno das eleições na Argentina ocorre neste domingo (22/10). Os argentinos vão decidir qual será o futuro presidente do país, que vai suceder Alberto Fernández a partir de 10 de dezembro. A votação ocorre entre 8h e 18h deste domingo — o horário de Buenos Aires é o mesmo de Brasília. Diferentemente do Brasil, a Argentina não tem urnas eletrônicas. O sistema eleitoral é baseado em cédulas com o voto impresso, em que os eleitores colocam um envelope lacrado com os registros do candidato escolhido na urna. O primeiro turno das eleições gerais definirá o próximo presidente e vice-presidente do país, além de quatro governadores, 130 deputados e 24 senadores de oito províncias. Segundo a Câmara Nacional Eleitoral (CNE), a Argentina tem mais de 35 milhões de eleitores, incluindo argentinos que votam no exterior. No país, o voto é secreto e obrigatório para cidadãos entre 18 e 70 anos — única característica semelhante ao sistema eleitoral brasileiro. Para vencer diretamente no primeiro turno, os candidatos argentinos precisam alcançar 45% dos votos válidos ou 40% dos votos, desde que possuam 10 pontos percentuais de vantagem em relação ao segundo lugar. Já no segundo turno, o candidato eleito é escolhido pela maioria simples dos votos — a metade mais um. Em 2023, um eventual segundo turno está marcado para 19 de novembro. O cientista político Damian Deglauve, de Buenos Aires, explica que a principal diferença do sistema eleitoral argentino para o brasileiro é justamente o sistema de contagem de votos. “No Brasil, o candidato vence com mais de 50% dos votos [maioria absoluta, 50% dos votos mais um]. Na Argentina, é preciso ter 40% de vantagem mais um voto ou mais de 45%”, esclarece Outra distinção importante apontada por Deglauve é a liberdade de escolha para a seleção dos candidatos para os diferentes cargos. “No Brasil, as listas são abertas. Na Argentina, as listas são fechadas e bloqueadas, ou seja, você pode votar de forma distinta para governador e presidente, mas sempre respeitando a lista completa de um partido”, afirma. Quem são os candidatos à presidência da Argentina? Cinco nomes disputam o posto de ocupante da Casa Rosada, em Buenos Aires. São eles Javier Milei, economista da extrema direita; Sergio Massa, atual ministro da Economia; Patricia Bullrich, ex-ministra de Segurança de Maurício Macri; Juan Schiaretti, governador de Córdoba; e Myriam Bregman, deputada pela Frente de Esquerda e dos trabalhadores. As pesquisas mostram três nomes na disputa por duas vagas no segundo turno: Sergio Massa e Patricia Bullrich, veteranos na política e representantes dos partidos tradicionais do país, e Javier Miliei. Sergio Massa | Partido Unión por La Patria Massa é o atual ministro e pertence ao partido governista “União pela Pátria” (centro-esquerda). A principal crítica que enfrenta é referente a situação econômica do país, que vive uma inflação de 140%. A carreira política dele começou em 1999, quando foi eleito deputado provincial de Buenos Aires. Sergio Massa teve apoio do atual presidente da Argentina, Alberto Fernandez, e da vice, Cristina Kirchner, para concorrer à presidência. Em suas propostas, Massa quer implementar o equilíbrio fiscal, o superavit comercial, o câmbio competitivo e o desenvolvimento com inclusão Patricia Bullrich | Coligação Juntos por el Cambio Candidata da direita e ex-ministra da Segurança, faz parte da coligação “Juntos Pela Mudança”. Patricia Bullrich é formada em humanidades e ciências sociais, com foco em comunicação. Nasceu em Buenos Aires, em 1956. Faz parte de uma família aristocrática argentina, e alguns de seus parentes são conhecidos no meio artístico e político. É conhecida também como a “Dama de ferro” argentina. Sua carreira política começou como deputada de Buenos Aires e, depois, foi ministra do Trabalho, da Segurança Social e da Segurança. Seu slogan é “Se não é tudo, não é nada”. Entre as propostas dela estão a dolarização do país e medidas contra a inflação acima dos três dígitos. Javier Milei | Coligação La Libertad Avanza A novidade na eleição está na participação de Javier Milei. O economista do partido de extrema direita “Liberdade Avança”, criado em 2021, tem apenas dois anos de experiência como deputado. Milei tem como símbolo uma motosserra, que leva em suas aparições de campanha, em alusão aos cortes que fará nos impostos do país. Javier Milei é um economista argentino, nascido em Buenos Aires, em 22 de outubro de 1970. Ficou famoso em programas de televisão de discussões políticas por discursos polêmicos. Foi economista-chefe de empresas e também já atuou como professor universitário de disciplinas sobre economia. Na política, foi eleito deputado em 2021. O candidato se destacou na mídia com a “turnê da liberdade” e por sua vida fora da política, como jogador de futebol e passagem pela música. Após apresentar sua candidatura à presidência, Milei chegou a receber o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Suas principais propostas de campanha são a dolarização da economia, fechamento do Banco Central, redução dos gastos estatais e a privatização de empresas públicas. Como estão as pesquisas eleitorai Milei lidera as pesquisas eleitorais, com intenção de voto variando entre 35,6% e 33%. Em segundo lugar está Massa, com 26% e 32,2% dos eleitores, enquanto Bullrich aparece em terceiro posto, com 21,8% a 28,9%. Os dados pertencem ao conjunto de 12 pesquisas consultadas pelo jornal La Nación. Correio Braziliense

Câmara aprova entrada da Bolívia no Mercosul; projeto segue ao Senado

O processo de adesão da Bolívia foi firmado em 2015 no governo de Dilma Rousseff. Só falta a aprovação do parlamento brasileiro para que a Bolívia seja integrada A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (18) à noite, por 323 votos a favor e 98 contrários, o protocolo de adesão da Bolívia ao Mercosul. O projeto de decreto legislativo segue ao Senado. Só falta a aprovação do parlamento brasileiro para que a Bolívia seja integrada. O processo de adesão da Bolívia, que foi firmado em 2015 no governo de Dilma Rousseff, depende da autorização do legislativo de todos os países que compõem o bloco (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai). O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-MG), rebateu os deputados de direita que alegaram o uso de motivos ideológicos por parte da administração brasileira para encaminhar o voto a favor. “Nós não estamos discutindo que tipo de governo é a Bolívia ou o Equador. É o Mercosul, que foi criado lá atrás, que precisa da entrada da Bolívia, porque não pode tratar nada. Portanto, é um acordo que é bom para o Brasil, é ótimo para economia brasileira. Não está em discussão ideologia aqui”, defendeu. A partir da vigência do protocolo de adesão será criado um grupo de trabalho com representantes de todos os países membros, que terá 180 dias para concluir um cronograma de adoção gradual das regras do Mercosul pela Bolívia dentro de um período de quatro anos. Desde a assinatura do protocolo, em 2015, a Bolívia já faz parte das negociações do bloco com outros países ou blocos econômicos, como a União Europeia. A adesão gradativa envolve, por exemplo, o cumprimento das normas do Tratado de Assunção, que criou o Mercosul, e de outras normas sobre estrutura institucional e solução de controvérsias entre os países participantes. O país deverá cumprir ainda normas de compromisso com a promoção e a proteção dos direitos humanos e de constituição do Parlamento do Mercosul. Tarifa Também no prazo de quatro anos, a Bolívia deverá adotar a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), a tarifa externa comum e o regime de origem do Mercosul. Durante o processo de incorporação, será levada em consideração a necessidade de estabelecer instrumentos para diminuir assimetrias entre os Estados participantes a fim de favorecer um desenvolvimento econômico relativo equilibrado no Mercosul e assegurar um tratamento não menos favorável que o vigente entre as partes. Dentro dos quatro anos da transição, acordos bilaterais deverão perder a vigência, como o acordo de complementaridade econômica entre a Venezuela e a Bolívia e o acordo de complementação econômica entre a Bolívia e o Mercosul, que estipulava uma área de livre comércio entre as partes.