Zelensky proíbe partidos de esquerda e opositores, mas mantém neonazistas

Em vídeo, Zelensky anunciou que proibiu atividades de 11 partidos que, segundo ele, são pró-Rússia. Siglas neonazistas Svoboda e o Pravyi Sektor foram mantidas. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, divulgou um vídeo na noite deste sábado (19) em que anuncia a proibição da atuação de 11 partidos políticos no país, todos eles de esquerda ou que fazem oposição ao governo, considerados por ele como pró-Rússia. “Qualquer atividade por parte de políticos que vise dividir a sociedade ou colaborar com o inimigo não terá sucesso. Mas eles enfrentarão uma resposta dura. É por isso que o Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia decidiu que, dada à guerra em grande escala que está sendo travada com a Federação Russa e os laços que algumas organizações políticas têm com esse Estado, atividades de vários partidos políticos serão suspensas até o fim da lei marcial”, disse Zelensky. Entre as siglas banidas estão Oposição de Esquerda, União de Forças de Esquerda, Partido Socialista Progressivo da Ucrânia e Partido Socialista da Ucrânia. Zelensky, no entanto, manteve em operação partidos políticos de ultradireita com ligação íntima com grupos neonazistas, como o Svoboda e o Pravyi Sektor. O Svoboda usa como insígnia o símbolo Wolfsangel (gancho de lobo, em tradução livre) invertido, que é associado ao nazismo e tem sua origem no Partido Social-Nacional da Ucrânia. Desde o início da guerra, Zelensky iniciou uma perseguição a grupos de esquerda no país. Comunistas foram presos e podem ser executados. Em maio de 2014, um episódio ficou conhecido como “Massacre na Casa dos Sindicatos”, quando grupos neonazistas, que estavam em ascensão na Ucrânia após o Euromaidan (levante que derrubou o governo de Viktor Yanukovych, que era pró-Rússia) ateraram fogo em um prédio sede de organizações sindicais e do comitê regional do Partido Comunista da Ucrânia. No ataque, 39 pessoas morreram carbonizadas. Entre as vítimas está o jovem militante comunista Vadim Papura, que tinha 17 anos.
As seis exigências de Vladimir Putin para terminar a guerra na Ucrânia

Em conversas mantidas com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, Vladimir Putin detalhou seis exigências da Rússia para colocar fim à guerra na Ucrânia, que completa um mês na próxima quinta-feira, 24 de março. Porta-voz e conselheiro pessoal de Erdgogan, Ibrahim Kalin afirmou a jornalistas em Istambul que dos seis pontos colocados por Putin, quatro seriam de fácil resolução e dependem exclusivamente de decisões do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. A principal exigência de Putin é que a Ucrânia se comprometa a nunca fazer parte da Organização do Tratado Atlântico Norte, a Otan, e de quaisquer outros organismos multilaterais comandados pelos EUA. Putin ainda exige que a Ucrânia se submeta a um processo de desarmamento para mostrar que não representa uma ameaça à Rússia. A Ucrânia também teria que manter o idioma russo em áreas do país onde ela é falada. Putin ainda exige que a Ucrânia realize a “desnazificação” do país, proibindo grupos de ultradireita remanescentes da II Guerra Mundial que são nutridos pela ideologia nazista. Os quatro pontos acima seriam de fácil aplicação, segundo Kalin, e dependeria exclusivamente da ação de Zelensky. No entanto, Putin exige outras duas medidas relativas aos territórios que, para o governo russo, ainda fazem parte da chamada “Grande Pátria Russa”, e envolve atores da comunidade internacional. A primeira delas é sobre a região da Crimeia, no sul da Ucrânia, que foi anexada pela Rússia após a chamada “revolução ucraniana de 2014”, em que o governo do presidente Viktor Yanukovych (pró-Rússia) foi deposto. A revolta ucraniana ocorreu justamente porque Viktor Yanukovych se recusou a assinar um acordo de associação com a União Europeia. Uma das primeiras ações do novo governo foi revogar uma lei que reconhecia o russo como língua regional oficial. Os moradores da parte leste da Ucrânia – na chamada região de Donbas – manifestaram-se contra o novo governo em Kiev. A região separatista é onde estão os territórios de Donetsk e Lugansk, reconhecidas pela Rússia como regiões independentes no dia 21 de fevereiro. É este os dois pontos mais difíceis: Putin quer que a comunidade internacional reconheça tanto a Crimeia quanto Donetsk e Lugansk como territórios russos.
Rússia adverte o Ocidente: ‘sanções contra nós também vão machucar vocês’

Rússia diz estar trabalhando em uma ampla resposta às sanções, que seriam rapidamente sentidas pelas áreas mais sensíveis do Ocidente Reuters – A Rússia alertou o Ocidente nesta quarta-feira (9) sobre estar trabalhando em uma ampla resposta às sanções, que seriam rapidamente sentidas nas áreas mais sensíveis do Ocidente. A economia da Rússia está enfrentando a crise mais grave desde a queda da União Soviética em 1991, depois que o Ocidente impôs sanções incapacitantes a quase todo o sistema financeiro e corporativo russo após a invasão da Ucrânia por Moscou. “A reação da Rússia será rápida, ponderada e sensível para aqueles a quem se dirige”, disse Dmitry Birichevsky, diretor do departamento de cooperação econômica do Ministério das Relações Exteriores, segundo a agência de notícias RIA. O presidente dos EUA, Joe Biden, impôs na terça-feira uma proibição imediata do petróleo russo e outras importações de energia em retaliação à invasão. consulte Mais informação A Rússia alertou no início desta semana que os preços do petróleo poderiam subir para mais de US$ 300 por barril se os Estados Unidos e a União Europeia proibissem as importações de petróleo da Rússia. A Rússia diz que a Europa consome cerca de 500 milhões de toneladas de petróleo por ano. A Rússia fornece cerca de 30% disso, ou 150 milhões de toneladas, além de 80 milhões de toneladas de petroquímicos. O presidente russo, Vladimir Putin, disse que a “operação militar especial” é essencial para garantir a segurança russa depois que os Estados Unidos ampliaram a aliança militar da Otan para as fronteiras da Rússia e apoiaram líderes pró-ocidentais em Kiev. A Ucrânia diz que está lutando por sua existência e os Estados Unidos e seus aliados europeus e asiáticos condenaram a invasão russa. A China, a segunda maior economia do mundo, pediu moderação, mas o presidente Xi Jinping alertou que as sanções desacelerarão a economia mundial.
Rússia x Ucrânia: fake news como propaganda de guerra híbrida

Em meio ao self service de (des) informação de guerras híbridas, na qual pode-se escolher qual versão dos fatos compartilhar, milhões de usuários nas redes sociais são utilizados como peso narrativo pelo soft power e fortalecem instrumentos de pressão e propaganda de potências globais, relata o Le Monde Diplomatique. por Ergon Cugler, Henrique Domingues – Portal Vermelho Protesto em Londres contra a Guerra na Ucrânia (Foto: Unsplash/Le Monde Diplomatique Amanhecemos quinta-feira, 24 de fevereiro, com milhões de pessoas comentando a crise no Leste Europeu nas redes sociais. No entanto, quanto mais complexo e polêmico o assunto, maior parece ser a margem para a desinformação dominar o debate. Nas redes viu-se de tudo: fotos da Palestina sendo atribuídas ao conflito em Kiev; ministro brasileiro acreditando em corrente de WhatsApp sobre o Bolsonaro ter negociado a paz; filme russo como se fosse cena de guerra em Kiev; e até cenas de um videogame foram compartilhadas como se fossem do conflito na Ucrânia. Acontece que o problema maior é quando as fake news saem das redes sociais e impactam as nossas vidas, seja propagando terror ou distorcendo a percepção da realidade. Com as fake news cada vez mais visíveis, como o soft power se arranja nas disputas da geopolítica global? Fake news e soft power Em março de 2021 vimos no Le Monde Diplomatique Brasil como a disputa entre o Tik Tok e o Instagram também é reflexo de uma tensão geopolítica e comercial entre China e EUA. Não à toa, pois a influência cultural e o soft power podem definir os moldes para pautar a percepção da realidade e conduzi-la de acordo com os interesses de potências e do mercado. Muito além dos top trends com danças e músicas virais, no entanto, a desinformação é um fenômeno que circula em meio às disputas globais cada vez mais explicitamente. É importante reforçar, porém, que “desinformação” não se trata da mera ausência da informação, mas de uma informação existente, enganosa que tem como objetivo induzir ao erro. Isto é, para muito além do “tio do zap” desavisado, existem Engenheiros do Caos (como escreve Giuliano da Empoli) que forjam padrões para simular inclusive uma estética de memes e artes amadoras – sem contar as deep fakes de conteúdos audiovisuais, com vídeos e áudios simulados. Na prática, quando as cenas do videogame “Arma 3” viralizam com simulações de tiroteios intensos, temos um cenário de comoção internacional que disputa o imaginário das pessoas e corrobora com pressões internacionais nos mais diversos lados interessados na disputa. Diversas foram as cenas de bombardeiros que na realidade ocorreram em outros momentos ou outros países, onde sequer foi necessário criar um conteúdo falso, mas apenas retirar de contexto um vídeo real consonante com a narrativa. Até mesmo emissoras brasileiras compartilharam trechos falsos sobre ataques, levando ao caso do comentário ao vivo do ex-ministro Ricardo Salles sobre as cenas do jogo de videogame como se fossem reais. Há ainda o caso trágico de um tanque que atropelou um veículo civil. Em algumas plataformas, porém, é possível encontrar tanto matérias que falam que o tanque seria russo quanto matérias que o tanque seria do próprio exército ucraniano. Em meio a conflitos e ambiguidades, em qual matéria acreditar? Como não se comover e não cair no impulso de compartilhar uma informação que corrobora com a sua opinião? E a geopolítica? Com conflito interno se desenrolando desde 2014 na Ucrânia em meio aos estímulos de interesses estrangeiros, cabe destaque à violenta rebelião armada, conhecida por “EuroMaidan”, a qual culminou na transição de um governo democraticamente eleito e politicamente próximo a Moscou, para um governo fortemente nacionalista cuja principal diretriz seria estabelecer distância dos projetos russos e construir pontes entre Kiev, a União Europeia e, sobretudo, a Otan. Ao avançar a institucionalização de uma política autoritária anti-Rússia, na qual o então recém formado governo ucraniano incorporou oficialmente em sua guarda nacional um destacamento paramilitar neonazista, conhecido como “Batalhão de Azov”, o “EuroMaidan” transformou-se numa guerra civil que culminou na proclamação de duas repúblicas em território ucraniano, em Donbass: A República Popular de Lugansk e a República Popular de Donetsk. Com o aumento das tensões e a continuidade do conflito armado, Rússia, Belarus e outros países europeus atuaram como mediadores pela pacificação na região e, nesse sentido, entre 2014 e 2015 na capital belarussa, foram celebrados os “Acordos de Minsk”, que previam uma série de pontos para a manutenção da integridade territorial da Ucrânia bem como a integridade física e cultural dos residentes das Repúblicas de Lugansk e Donetsk – até que foram inviabilizados com o início da campanha militar russa em território ucraniano. Ainda no Leste Europeu, cabe destacar a construção do gasoduto “Nord Stream 2”, uma obra de infraestrutura comercial que tem por objetivo otimizar o fornecimento de gás natural da Rússia para a Europa através do Mar Báltico e Alemanha. Antes do início da operação militar russa na Ucrânia, muitos países europeus apoiaram a iniciativa para promover maior segurança energética na região. No entanto, o projeto sofre, desde seu início, sucessivas tentativas de embargo por parte dos EUA, que alegam que o gasoduto levará não apenas gás russo à Europa, mas também aumentará a influência de Moscou sobre a região. Além das preocupações com a aproximação entre Europa e Rússia, especula-se que Washington também veja seus próprios interesses comerciais ameaçados, uma vez que concluído, tal gasoduto russo colocaria um ponto final em suas pretensões de vender o próprio gás, a preços pouco competitivos, no mercado europeu. Como aponta Piero Leirner, não é de hoje que a Ucrânia é mapeada como um “nervo” a ser pressionado para conter o avanço da Rússia na Europa, inclusive o WikiLeaks apresentou documentos que mostram que tal sistematização dos EUA existe desde 2008. Enquanto vidas inocentes são tragicamente perdidas, os interesses de potências globais mobilizam narrativas, fazendo das fake news em circulação instrumentos potentes do soft power para intensificar a comoção internacional e pressionar as partes em conflito. Ainda há outros importantes elementos geopolíticos e econômicos que jogam
Quem é quem numa guerra nuclear? Confira as nações que possuem bombas atômicas

É BOM NEM PENSAR – Quantas são as ogivas nucleares existentes no planeta, onde estão localizadas e quem são seus donos? Veja as principais informações sobre o assunto que voltou a assustar o mundo após tantas décadas United Nations News (ONU). Por Henrique Rodrigues As tensões e medos desencadeados pela invasão da Rússia à Ucrânia, que completa uma semana nesta quarta-feira (2), trouxeram de volta um pesadelo que se manteve sumido nos últimos 30 anos, desde o final da Guerra Fria, em 1991: a eclosão de uma guerra nuclear que ponha fim à vida na Terra. Os ataques aéreos e a incursão por solo das tropas russas vieram acompanhados de uma escalada verbal por parte dos EUA e de seus aliados ocidentais, que se assustaram com as respostas de Vladimir Putin, que diretamente do Kremlin disparou que “quem tentar interferir, ou ainda mais, criar ameaças para o nosso país e nosso povo, deve saber que a resposta da Rússia será imediata e levará a consequências como nunca antes experimentado na história”, referindo-se naturalmente a uma reação em termos atômicos. Dias depois, o próprio Putin anunciou que colocou suas “forças de dissuasão”, um eufemismo para se referir às forças militares que operam o arsenal nuclear do país, em estado de alerta, prontas para uma guerra. E essa não foi a última ameaça, já que seu chanceler, Sergey Lavrov, durante uma entrevista à rede de tv árabe Al Jazeera nesta quarta-feira (2), disse que “Biden tem experiência e sabe que não há alternativa às sanções, a não ser a guerra mundial… Uma guerra nuclear devastadora”. Diante desse cenário que parecia definitivamente enterrado há décadas, muitos podem estar se perguntando: Qual é de fato o arsenal nuclear existente no mundo atualmente? Quem detém essas armas? Elas são suficientes para acabar com a vida na Terra? Para a última dúvida, a resposta é sim. No mundo, neste momento, há 12.843 ogivas nucleares aptas a explodirem e espalharem radiação pela atmosfera, o suficiente para provocar um apocalipse. Já em relação aos detentores dessas armas que podem causar um verdadeiro juízo final na Terra, a distribuição, segundo a ICAN (Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares), dá-se da seguinte forma: Rússia: 5.977 ogivas nucleares, que podem ser disparadas de silos fixos e móveis, bases terrestres, aviões bombardeiros e submarinos. EUA: 5.550 ogivas nucleares, que estão disponíveis para disparo pelos mesmos métodos utilizados pelos russos. China: 350 ogivas nucleares, a serem lançadas de silos fixos e móveis, bases terrestres e aviões bombardeiros. França: 290 ogivas nucleares, disponíveis em bases terrestres, aviões bombardeiros e submarinos, presencialmente projetadas para estes últimos. Reino Unido: 225 ogivas nucleares que podem ser lançadas pelos mesmos métodos usados pelos franceses. Paquistão: 165 ogivas nucleares, disponíveis em silos fixo e móveis e em bases terrestres. Índia: 156 ogivas nucleares prontas para serem lançadas pelos mesmos sistemas de seu vizinho Paquistão. Israel: 90 ogivas nucleares, mas não é possível saber os modelos dessas armas porque o país não assume oficialmente a posse delas. Coreia do Norte: 50 ogivas nucleares disponíveis para disparos a partir de bases terrestres e silos fixos e móveis. Embora Itália, Alemanha, Bélgica, Holanda e Turquia não possuam armas nucleares, seus territórios abrigam uma fração dos mísseis atômicos dos EUA, que somados representam 100 ogivas, posicionadas de maneira relativamente próxima da Rússia. Via Revista Fórum
Zelensky: uma piada de muito mau gosto, por Angélica Torres

A reviravolta política que marcou a Ucrânia em 2013, estimulada pela raiva impulsionou Zelensky e empoderou a extrema-direita do país Vamos combinar: o modus operandi de cooptar países servis aos interesses norte-americanos não é nenhuma novidade, na figura do ex-comediante Volodymyr Zelensky, o atual presidente da Ucrânia. Mas também não é nenhuma piada de salão que a série O servo do povo, por ele protagonizada em 2015, com enorme sucesso na TV ucraniana, foi o fato que o levou à presidência apenas quatro anos após, sem ter tido vivência no mundo político. Na tal série, um professor do ensino médio se tornou o mandatário do país, depois de um seu discurso anticorrupção em sala de aula “viralizar” nas redes sociais. Mera coincidência? Ou pensou na série americana Black Mirror, vista na Ucrânia em 2013, em cujo roteiro a história de Zelensky se espelha? Bingo! Zelensky criou seu partido “Servos do Povo” e, com discurso eleitoral de renovação da política da velha oligarquia ucraniana, fez campanha, pelo WhatsApp, defendendo a entrada da Ucrânia na União Europeia e na OTAN, a questão central do atual imbróglio com a Rússia. A reviravolta política que marcou o país em 2013, estimulada pela raiva – essa fonte colossal de energia em plena atividade no mundo todo, via internet – impulsionou Zelensky e empoderou a extrema-direita do país, que vive hoje a situação caótica que se testemunha. Zelensky usou a condição de ator para se projetar Pois, e o ex-comediante não está sendo transformado em herói nacional pela mídia ocidental corporativa capitalista – óbvio que também pela brasileira –, em franca sujeição ao império dos Estados Unidos? Seria por uma dificuldade em fazer sinapses, ou por estranho desconhecimento de causa mesmo, que Europa e Brasil ainda não aprenderam a lição? Revoluções coloridas e redes sociais Recordemos que a estratégia das chamadas revoluções coloridas (criadas por Gene Sharp para abrandar a fachada do violento, sangrento imperialismo de seu país), somada às táticas dos marqueteiros de campanhas políticas como Steve Bannon e dos físicos de dados da internet, lançou um modelito que caiu muito bem em Volodymyr Zelensky. Mas não só nele. Também se encaixaram perfeitamente no padrão os trolls, os bufões, com seus medíocres, escandalosos, perigosos reality shows diários: Trump, Bolsonaro, Orbán, Boris Johnson, Salvini e Beppe Grillo – este último, outro famoso comediante que, muito antes, no início dos anos 2000, foi usado como a experiência original, da qual surgiu inclusive o primeiro partido algoritmo da História, o Movimento 5 Estrelas, da Itália. O que mais todos esses personagens têm em comum é nada menos que o apoio da extrema-direita, a se alastrar como ovos de serpentes mundo afora. E, também, a enorme ajuda dos usuários da internet, esse território ainda livre, inexplorado e selvagem, no qual a hegemonia do politicamente correto não teve tempo de se plantar, onde mentiras e conspiracionismo viraram chaves de interpretação da realidade. Quem afirma isso não sou eu, mas o pesquisador do fenômeno das redes sociais, que transformou o mundo, o franco-italiano Giuliano da Empoli. Este cientista político afirma – e Steve Bannon endossa –, que a Itália fascista foi o berço, o epicentro, da revolta contra o establishment que hoje agita o hemisfério norte como um todo. Da Empoli se queixou que estudiosos e observadores subestimaram essa fato, registrado em seu importante livro Os Engenheiros do Caos, lançado há exatos dois anos. O novo round O agudo conflito estabelecido entre Ucrânia-EUA-OTAN e Rússia mostra-se agora como o novo polo irradiador de declarações polêmicas e agressivas, de palpites desinformados (ou intencionais) trocados entre usuários das redes sociais, como torcidas de times adversários de futebol, irradiando uma histeria coletiva e estabelecendo o caos, que aos autores e condutores das revoluções coloridas interessa enormemente tensionar em cadeia mundial. “O antissistema torna-se o sistema e por trás da máscara, os espertalhões estabelecem seu regime de ferro”, explica. Não foi assim que ocorreu em todos os países que caíram como bagrinhos na rede de intrigas da direita extremada, que veicula qualquer conteúdo político a seu favor e a favor de seus soberanos? A História recente está desenhada à nossa frente, é só irem repetindo fácil-fácil o modelo, porque o poder de persuasão da internet é tão intenso e bem estruturado que hipnotiza e não se flagram as armadilhas. Até Putin e seu desatento staff caíram como patos na astúcia geopolítica de Joe Biden armada na vizinhança de seu território. Não se trata de endeusar ou demonizar o mandatário russo, ou o outro. Mas, sim, de um pouco de esforço em conhecer melhor a história de seus reinos e a da Ucrânia, antro do nazifascismo de raiz, incrustado num ponto geoestratégico do planeta; trata-se de prestar atenção ao noticiário (de uma só versão) e por outro lado, ao cenário que analistas/especialistas no ramo nos decifram, distanciada e friamente. Tratam-se ainda de tentar, pelamor!, algumas sinapses, com a moda dos golpes ocorridos na última década, em tantos países que hoje lamentam sua tonta e má sorte – esperemos pra ver o que irá acontecer com os europeus, quando a conta do gás e da energia lhes bater à porta pelo governo americano, que apoiam fanaticamente –, tal qual nós aqui, ainda alheios a esse novo estilo de praticar política e, por isso mesmo, com a infeliz possibilidade de repetição da nossa tragédia, nas próximas eleições. Alguém disse e tomo a liberdade de repetir: pobres de todos nós, marionetes virtuais da extrema-direita à mercê dos interesses econômicos das grandes potências! * Angélica Torres – Jornalista e poeta Via Vermelho
Trump pode ter se envolvido em “conspiração criminosa” para reverter sua derrota

Hipótese é formulada em relação à invasão do Capitólio, em 6 de janeiro do ano passado Sputnik – O comitê do Congresso dos EUA que investiga a invasão do Capitólio de 6 de janeiro de 2021 acredita que o ex-presidente Donald Trump pode ter se envolvido em conduta criminosa em sua tentativa de reverter sua derrota nas eleições de 2020. “As evidências e informações disponíveis ao Comitê estabelecem uma crença de que Trump e outros podem ter se envolvido em atos criminosos e/ou fraudulentos”, informou o comitê em um processo judicial, nesta quarta-feira (2). O grupo aponta ainda que o ex-presidente e membros de sua campanha se envolveram “em uma conspiração criminosa para fraudar os Estados Unidos”. O comitê da Câmara dos Deputados dos EUA trava uma batalha com John Eastman, advogado que aconselhou Trump na estratégia para buscar a anulação dos resultados das eleições em estados que decidiram as eleições. Eastman processou o comitê em dezembro, buscando bloquear uma intimação do Congresso que o obrigava a revelar e-mails sobre o caso. Em comunicado, os líderes do comitê disseram que “os e-mails de Eastman podem mostrar que ele ajudou Donald Trump a avançar em um esquema corrupto para obstruir a contagem de cédulas do colégio eleitoral, em uma conspiração para impedir a transferência de poder”. Advogados reguladores na Califórnia afirmaram, na última terça-feira (2), que estão investigando se Eastman agiu de forma antiética em seu trabalho para Trump. A investigação pode levar a ações disciplinares contra o advogado, como a suspensão de sua licença.
Guerra – Rússia dispara mísseis contra cidades da Ucrânia

Putin faz operação militar na Ucrânia; explosões são ouvidas em Kiev O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que ordenou que os militares de seu país conduzissem uma operação especial na região de Donbass, na Ucrânia, depois que os líderes das repúblicas separatistas pediram a Moscou assistência militar em resposta ao que alegam ser um aumento da “agressão ucraniana”. “As circunstâncias exigem que tomemos medidas decisivas e imediatas”, diz a ordem. “Decidi realizar uma operação militar especial”, conclui Putin. Confira o pronunciamento abaixo: Em pronunciamento, Putin disse que queria “desmilitarizar” e “desnazificar” a Ucrânia Poucos momentos após o discurso, uma série de explosões foi relatada em cidades da Ucrânia. A CNN relata uma explosão na capital, Kiev. A decisão vem dias depois que Moscou reconheceu a independência das repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk no Donbass, alegando que Kiev não cumpriu suas obrigações sob os acordos de Minsk firmados em 2014 e 2015 para resolver o conflito entre os separatistas e o governo ucraniano. Mais tarde, as autoridades autorizaram o que descrevem como uma “operação de manutenção da paz” na região. Líderes ocidentais há meses previam uma incursão iminente, alegando que a Rússia reuniu tropas perto de sua fronteira com a Ucrânia e na vizinha Bielorrússia, onde Moscou realizou exercícios conjuntos nas últimas semanas. A Rússia até agora negou planos para um ataque, no entanto, e mantém suas ações no Donbass de natureza defensiva. Os EUA e seus parceiros europeus já impuseram sanções a uma série de instituições financeiras, autoridades e legisladores russos após o reconhecimento dos estados separatistas, prometendo trazer mais penalidades caso Moscou “invadisse ainda mais” a Ucrânia. ???????????????? Em Kiev, relato ao vivo do som de explosões pelo correspondente da @CNN, @mchancecnn pic.twitter.com/pM9uW96dly — Jeff Nascimento (@jnascim) February 24, 2022 Ukrayna'nın başkenti Kiev, vuruluyor… Birleşmiş Milletler (BM), anlaşmalarına göre; bir ülkenin başkenti sadece savaş ilanında vurulur. NATO, uyuyor… Acilen tek uyarı ve müdahale gerekiyor… pic.twitter.com/x3ZYWeVAnG — CorrespondentTR (@TrCorrespondent) February 24, 2022
TENSÃO GLOBAL – Biden anuncia “primeira rodada” de sanções contra Rússia

Joe Biden fala na Casa Branca – Brendan Smialowski / AFP Presidente dos EUA falou da Casa Branca sobre decisão de Putin de reconhecer repúblicas separatistas na Ucrânia Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira (22) à tarde que vão retaliar com sanções a decisão da Rússia de reconhecer a independência das repúblicas separatistas de Donbass, no leste da Ucrânia. Joe Biden classificou a decisão do presidente da Rússia, Vladimir Putin, como bizarra e anunciou sanções contra o banco russo de desenvolvimento VEB e o banco militar de Moscou. Nesta “primeira rodada”, também foi anunciado que medidas serão tomadas contra instituições financeiras russas e a dívida pública do país, além de sanções contra indivíduos ligados ao Kremlin. Com essas ações, Biden afirmou que Moscou “não pode mais levantar dinheiro do Ocidente e também não pode negociar sua nova dívida em nossos mercados ou nos mercados europeus”. Ainda no terreno das finanças, Biden destacou que o gasoduto Nord Stream 2, que liga Rússia e Alemanha, não seguirá em frente e que trabalha com a Alemanha neste sentido. Mais cedo nesta terça-feira (22), o chanceler alemão, Olaf Scholz, anunciou a suspensão da certificação do gasoduto, que já está pronto mas ainda não entrou em operação. Biden afirmou que “defender a liberdade terá custos para nós”, mas prometeu agir para que os impactos dessas medidas seja sentido pela economia da Rússia. Os Estados Unidos atravessam um dos maiores períodos de inflação das últimas décadas e o preço da energia pressiona os preços também na Europa. O presidente dos EUA também um aumento de efetivos militares na região, com envio de tropas e equipamento militar dos EUA já alocados na Europa para fortalecer os “aliados bálticos” da região. “Deixe-me ser claro: esses movimentos são totalmente defensivos da nossa parte. Não temos intenção de lutar contra a Rússia. Mas queremos mandar um recado, que os EUA, junto com seus aliados, vão defender cada centímetro do território da Otan”, disse Biden. De acordo com Biden, as sanções vão escalonar se a Rússia “seguir com essa invasão” e serão mais duras do que as aplicadas após Moscou anexar a Crimeia, em 2014. Sanções britânicas O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, também anunciou sanções contra bancos russos nesta terça-feira (22) e afirmou ter o mesmo objetivo de Biden: afastar a Rússia dos mercados financeiros internacionais. “O Reino Unido está sancionando os seguintes bancos: Rossiya, IS Bank, General Bank, Promsvyazbank e o Black Sea Bank, assim como três indivíduos”, disse o premiê no Parlamento. “Queremos impedir que as empresas russas consigam levantar fundos em libras esterlinas ou mesmo em dólares. Queremos que parem de levantar fundos nos mercados do Reino Unido”. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, defendeu no último sábado (19), sanções contra a Rússia antes de qualquer possível invasão para deter “Não precisamos de suas sanções depois que o bombardeio acontecer, depois que nosso país for alvejado, ou depois que não tivermos fronteiras, ou depois que não tivermos economia ou partes de nosso país forem ocupadas. Por que precisaríamos dessas sanções então?”, disse Zelensky na Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha. Contexto Depois de uma escalada do confronto entre Rússia e EUA/Otan, Moscou reconheceu na última segunda (21) a independência das repúblicas separatistas de Donbass, no leste da Ucrânia. O que efetivamente anulou os Acordos de Minsk como ferramenta diplomática que tentava construir um cessar-fogo na Ucrânia por meio de soluções políticas como anistia, eleições locais e condições de autonomia para as áreas separatistas pró-Rússia. O acúmulo de tropas russas na fronteira com a Ucrânia movimenta a diplomacia há meses. Enquanto Moscou afirmava que não tinha qualquer intenção bélica e negava ter planos para invadir a Ucrânia, os Estados Unidos afirmavam que o Kremlin preparava uma invasão. Um dos problemas vistos por Putin é a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma aliança militar composta por membros alinhados aos EUA, em direção à fronteira russa. Algumas de suas demandas era fazer um acordo para que a presença da aliança militar retrocedesse e que a Ucrânia não pudesse se tornar membro da Otan. Brasil de Fato
Está “fudida” a brasileira que participou da invasão no Capitólio, nos Estados Unidos

Letícia Vilhena Ferreira é acusada de entrar no prédio sem autorização e se envolver em ato para impedir as funções do governo Na investigação, o FBI teve acesso ao celular da Letícia e verificou uma mensagem que dizia: “”Você acha que eles vão atrás de todas as pessoas que foram à área do Capitólio?”. A pessoa teria respondido: “Não fique triste. Esteja preparada. Estamos todos fudidos”. A brasileira Leticia Vilhena Ferreira foi presa na última quarta-feira (16) em Illinois, nos Estados Unidos, por ter participado da invasão do Capitólio, sede do Congresso do país, em 6 de janeiro de 2021. De acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, duas queixas foram apresentadas contra a brasileira: entrar ou permanecer conscientemente em qualquer edifício restrito sem motivos ou autoridade legal; e entrada violenta e conduta desordeira no terreno do Capitólio. O relatório da investigação mostra que uma testemunha, que teria conhecido Ferreira durante o protesto, entregou um vídeo ao FBI que teria sido compartilhado a ela pela brasileira, repassando também às autoridades seu número de telefone. Assim, os investigadores descobriram os dados de Leticia e seu paradeiro. Em 2 de abril de 2021, agentes do FBI interrogaram Ferreira em sua casa, em Indian Head Park, Illinois. Na ocasião, ela informou às autoridades que viajou sozinha para Washington no dia 5 de janeiro do mesmo ano, tendo voltado para casa dois dias depois. A brasileira também disse que tinha visto para trabalho, não estando apta, portanto, a votar. Mesmo assim, quis viajar para a capital dos EUA para ver o então presidente, Donald Trump, discursar. Ainda de acordo com a investigação, ela afirmou não ter conseguido ouvir ou ver Trump de onde estava, seguindo, então, a multidão até o Capitólio e entrando no edifício, tendo permanecido lá por cerca de 20 minutos. Nesse período, a brasileira tirou fotos e fez vídeos, o que serviu como confirmação adicional para as autoridades de que ela esteve presente na invasão. Os investigadores conseguiram, então, localizar Ferreira em vídeos feitos pelas câmeras de segurança do Capitólio, com roupas que correspondiam à descrição que ela forneceu durante o interrogatório. O relatório afirma ainda que ela foi identificada em vídeos feitos por outros invasores. Em um deles, há um momento de confronto com a polícia do Capitólio, mas “Ferreira não parece ter participado de nenhum ataque aos oficiais”. Em 26 de agosto de 2021, foi autorizada busca no telefone da brasileira. Além de verificar onde ela esteve no dia da invasão, os investigadores conseguiram resgistros de uma conversa com outra pessoa, em que Ferreira afirmava ter estado no Capitólio em 6 de janeiro. Mensagens interceptadas pelo FBI, Leticia mostra arrependimento de ter acompanhado o grupo invasor. “Você acha que eles vão atrás de todas as pessoas que andaram na área do Capitólio?”, pergunta um dia depois do episódio a uma outra pessoa, que não foi identificada. “Não fique triste. Esteja preparada. Estamos todos fudidos. Sim eles irão atrás dessas pessoas”, responde o destinatário da mensagem. “Eu fui tão irresponsável de andar até lá. Eu estava com essa família legal. Este cavalheiro e dois filhos. Caminhada pacífica”, completa Leticia nas mensagens. As queixas contra Leticia Ferreira foram apresentadas em 14 de fevereiro de 2022. Dois dias depois, em 16 de fevereiro, ela foi presa em Indian Park Head, Illinois. O sonho americano e a vida confortável da brasileira em Ilinois foram substituídos pela prisão realizada pelo FBI na última quarta-feira (16). Desde a invasão ao Capitólio, ação que deixou cinco mortos, as investigações do FBI prenderam mais de 750 pessoas em quase todos os 50 estados dos EUA. Cerca de 225 pessoas foram acusadas de atos violentos durante a invasão, incluindo agressões aos agentes do local.